65ª Reunião Anual da SBPC

D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva

PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES DE POSTOS REVENDEDORES DE COMBUSTÍVEIS QUE TRABALHAM EM AMARGOSA-BAHIA E CIDADES CIRCUNVIZINHAS SOBRE OS EFEITOS EM SUA SAÚDE CAUSADOS PELOS COMPOSTOS VOLÁTEIS PROVENIENTES DOS COMBUSTÍVEIS AUTOMOTIVOS.

Wanderson Farias da Silva Alves - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Claudio Cruz dos Santos - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Alaercio Moura Peixoto de Jesus - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Thamara Brandão dos Santos Bastos - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Creuza Souza Silva - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Gil Luciano Guedes dos Santos - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

INTRODUÇÃO:

Atualmente no Brasil existem cerca de 38.338 postos que envolvem a revenda de combustíveis e abastecem diariamente milhares de veículos automotores, o principal meio de transporte nacional (ANP, 2013). Estes estabelecimentos, em geral, empregam diversos trabalhadores, dentre eles destacam-se os frentistas, que estão diariamente expostos aos compostos orgânicos voláteis (COV), oriundos de diversos combustíveis potencialmente perigosos, muitas vezes sem nenhum tipo de equipamento de proteção individual durante a sua atividade diária de abastecimento. Nesta pesquisa, verificou-se como estes profissionais percebem os possíveis efeitos que os compostos orgânicos voláteis emitidos pelos combustíveis fósseis utilizados no abastecimento dos automóveis podem comprometer sua saúde e seu comportamento a curto e longo prazo, além de entender as práticas de gestão de recursos humanos utilizadas. Compreendendo o problema sob o ângulo de visão destes trabalhadores, pode-se perceber sua relação com o trabalho e, a partir das análises, identificar quais os aspectos mais relevantes em relação à saúde. Os dados coletados são apresentados estatisticamente e interpretados à luz da literatura.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Esta pesquisa tem como objeto de investigação a percepção dos trabalhadores de postos de revenda de combustíveis sobre os problemas de saúde causados pelos compostos orgânicos voláteis emitidos pelos combustíveis. Além disso, realizou-se uma reflexão crítica sobre a ciência desses profissionais quanto à qualidade do seu labor e como podemos intervir para uma melhor qualidade do trabalho.

MÉTODOS:

Um estudo prospectivo qualitativo/quantitativo foi realizado entre os meses de setembro de 2011 e maio de 2012 com trabalhadores de postos de revenda de combustíveis que trabalham em Amargosa, Bahia e cidades circunvizinhas. Foram investigados indivíduos do sexo masculino e feminino, com idade variando de 20 a 46 anos de idade. Os participantes foram avisados sobre o objetivo e metodologia da pesquisa, e após os devidos esclarecimentos, eles aceitaram participar de forma voluntária da pesquisa. Eles foram informados sobre a relevância do estudo para a saúde e que eles estavam resguardados pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que garantia o sigilo dos dados tratados de forma absoluta. A pesquisa foi dividida em três partes: a) Caracterização do grupo de estudo; b) Locais de pesquisa; e c) Análise estatística, conforme metodologia proposta por Portes (PORTES, 2007). Para caracterizar o grupo, os pesquisadores aplicaram questionários com perguntas fechadas no próprio local de trabalho, com o devido consentimento do proprietário do estabelecimento. Os locais de pesquisa foram determinados após anuência dos proprietários, mediante assinatura de Termo de Intenção de Pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Para alcançar os resultados desta pesquisa foram entrevistados 23 trabalhadores. Destes, 87% foram do sexo masculino e 77% possuíam idade entre 20 e 30 anos. Os resultados apontaram que 78% dos indagados tinham ciência que o contato diário com os vapores dos combustíveis poderia afetar sua saúde. Pode-se verificar que 100% dos entrevistados mostraram que o combustível pode penetrar em seu corpo pela pele através das mãos e 48% assinalaram que a contaminação pode ocorrer também pelo nariz. O contato dos combustíveis através da pele ou por inalação pode causar irritação aos olhos, nariz e garganta, tonteiras, ressecamento e dermatite. Quando estão em contato com os combustíveis durante uma jornada de trabalho, verificamos que cerca de 40% sentem algum tipo de alteração em seu corpo. Os principais sintomas relatados pelos trabalhadores são: dor de cabeça e irritação do nariz. Dos poluentes presentes na atmosfera de postos de combustíveis, o benzeno é comprovadamente cancerígeno segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer. No entanto, apenas 48% relataram que fazem exames periódicos e, deste total, metade faz exames semestrais. Estes sintomas noticiados estão, provavelmente, relacionados com o contato direto com os vapores que são inalados ou absorvidos pela pele.

CONCLUSÕES:

A análise dos dados apontou que a maioria dos trabalhadores de postos de revenda de combustíveis reconhece os riscos a saúde causados pela exposição diária aos COV. A contaminação por inalação ou via cutânea pode ocasionar doenças como câncer. A presença de COV na atmosfera de postos de combustíveis sugere a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre os riscos do contato com os vapores emitidos pelos combustíveis automotivos. O presente estudo serve como motivação para a oferta de cursos de Biossegurança e Meio Ambiente para estes profissionais, na tentativa de acentuar a segurança e melhorar qualidade de vida destes profissionais.

Palavras-chave: Frentistas, Poluentes atmosféricos, Doenças.