65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DE PLANTAS LENHOSAS NA FLORESTA NACIONAL DE TEFÉ NO ESTADO DO AMAZONAS.
Abraão Alexandre de Souza - Bolsista PAIC/FAPEAM – Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
Rosiely Silva Cabús - Bolsista PAIC/FAPEAM – Centro de Estudos Superiores de Tefé - UEA
Luciane Lopes de Souza - Profa Dr./Orientadora-Centro de Estudos Superiores de Tefé-UEA
INTRODUÇÃO:
A Amazônia é a maior região de florestas tropicais do planeta, cobrindo uma área aproximada de seis milhões de km2. De modo geral, as florestas amazônicas podem ser classificadas em três tipos: florestas de terra firme, florestas inundadas de várzea e florestas inundadas de igapó. Os solos das florestas de terra firme são pobres em nutrientes, mas são mais bem estruturados e permitem o desenvolvimento de uma densa e rica vegetação. Muitas espécies são típicas destas florestas e não são encontradas em nenhum outro tipo de ambiente, espécie como Eschweilera coriácea (matá-matá), da família Lecythidaceae, são abundantes, enquanto outras, que são consideradas madeiras de lei exclusivas da terra firme, raras, como é o caso do cumaru verdadeiro, Dipteryx odorata da família Fabaceae. A Floresta Nacional de Tefé (FLONA) é uma Unidade de Conservação que fica nas margens do rio Tefé, onde até o presente momento não foi realizado nenhum inventário florístico nas suas comunidades vegetais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar inventários florísticos em três hectares em florestas de terra firme da Floresta Nacional de Tefé, estado do Amazonas. Determinar a diversidade alfa das espécies lenhosas em floresta de terra firme da FLONA Tefé. Contribuir com futuros planos de manejo e conservação de espécies arbóreas ameaçadas de extinção na região de Tefé.
MÉTODOS:
O trabalho experimental foi realizado na Comunidade Bom Jesus localizada na Floresta Nacional de Tefé (03º 21'14" S, 64º 42'39" O). Realizaram-se excursões com implantações de trilhas para levantar a fitossociologia das comunidades vegetais do local, três parcelas de (100m x 100), foram implantados aleatoriamente, distando no mínimo 500 metros, em diferentes tipos de habitats para a coleta de dados. Definidas as amostras, etiquetou-se no interior dos quadrantes cada individuo que possuísse o Diâmetro à Altura do Peito maior ou igual a 10 cm (DAP ≥ 10) anotando os seguintes dados de forma sistemática: nome vulgar (ou específico, se possível), DAP (diâmetro à altura do peito), altura total e do fuste, diâmetro da copa e potencial econômico. As espécies botânicas foram identificadas com auxílio de literaturas especializadas. A presença de espécies com potencial econômico obteve-se por meio de conversas informais com os moradores locais, sendo que as categorias foram estabelecidas em: madeireiro, comestível, medicinal e essência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No total foram registrados 447 indivíduos. A média de indivíduos por parcela foram de 149. Identificou-se duas espécies tidas como madeiras de lei, Hymenolobium excelsum da família Papilinoideae, conhecida popularmente como angelim comum (DAP=49,1 cm) e a espécie Buchenavia oxycarpa pertencente a família Combretaceae, cujo nome vulgar é tanibuca (DAP=60,4 cm). Sobre a estrutura vertical da floresta a altura média foi de 19,3 m, com árvores que alcançaram alturas de 32m, 34m e 36m. As famílias com maior número de espécies foram Lauraceae e Papilinoideae (n=8), seguidas por Moraceae e Sapotaceae (n=6), Lecythidaceae e Myristicaceae (n=4), Burseraceae, Euphorbiaceae e Caesalpilinoideae (n=3), Chrysobalanaceae, Apocynaceae, Caryocaraceae Cecropiaceae, Celastraceae e Mimosoidae (n=2) e Anacardiaceae, Simaroubaceae, Quiinaceae, Myrsinaceae, Myrtaceae, Meliaceae, Elaeocarpaceae, Combretaceae, Clusiaceae, Bombacaeae e Bignoniaceae com apenas uma espécie. Dentre as classes de DAP a que apresentou o maior número de indivíduos foi a de 10 a 20 cm com um total de 395 indivíduos, seguida da de 20,1 a 30 cm com 39 indivíduos, ficando por último a de 30,1 a 40 cm com 9 indivíduos e a de 40,1 a 50 cm e 50,1 a 60 cm com dois indivíduos cada.
CONCLUSÕES:
Estudos da distribuição de comunidades vegetais das florestas Amazônicas ainda estão em falta se comparado à dimensão de sua extensão territorial e sua diversidade. Esta escassez de informações é ainda mais elevada quando se trata da Floresta Nacional de Tefé, uma Unidade de Conservação da região do médio Solimões. O levantamento florístico deste fragmento da FLONA Tefé classificou a floresta como tendo grande potencial regenerativo, observando a riqueza florística, as medidas do DAP (88,4 % dos indivíduos inventariados apresentaram DAP entre 10 e 20 cm), e uma altura média de 19,3 m, sendo caracterizada por uma floresta consideravelmente baixa. Entretanto, este estudo é pioneiro na FLONA e indica que outros estudos mais prolongados precisam ser realizados para subsidiar futuras ações de manejo e conservação das espécies potencialmente econômicas desta Unidade de Conservação amazônica.
Palavras-chave: Inventários,, Potencial Econômico,, FLONA-Tefé, Amazônia..