65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 5. Antropologia Urbana
"ARTENOGRAFIA": UMA LEITURA ANTROPOLÓGICA
Márcia Valadares Dias - Depto. de Ciências Sociais, UFG
Fabiani da Costa Cavalcante - Depto. de Ciências Sociais, UFG
Núbia Rodrigues de Oliveira - Depto. de Ciências Sociais, UFG
INTRODUÇÃO:
Este trabalho foi uma proposta da disciplina “Método Etnográfico”, ofertada pela Faculdade de Ciências Sociais na Universidade Federal de Goiás. Subsidiamos a pesquisa, através do método etnográfico, um mecanismo possível de relação. A história do Parque Ecológico Flamboyant Lourival Louza (Parque Flamboyant), localizado no município de Goiânia, tem seu início ainda na década 1950, quando foi considerada uma área de preservação ambiental. Entretanto, sua inauguração ocorreu no ano de 2007, após uma revitalização ambiental, urbanística e arquitetônica e tendo como premissa a importância da integração do homem à natureza, por meio da multiplicidade de usos e da vitalidade do lugar. De outro lado, temos a obra de Georges Seurat (1859-1891) intitulada: “Uma tarde de domingo na ilha de Grande Jatte”, tida como um marco na história da arte pictórica e que demonstra ambição do artista em querer pintar a realidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar os frequentadores do Parque Flamboyant, com vistas a identificar o perfil social e econômico do público em questão, bem como, os motivos e percepções que os levam a procurar este ambiente do parque. Ainda, procuramos traçar um contraponto com a pintura neoimpressionista, tendo como parâmetro a obra de Seurat (Grande Jatte).
MÉTODOS:
A pesquisa de campo foi realizada no Parque Flamboyant, durante dois finais de semana (sexta, sábado e domingo), no mês de fevereiro de 2013, no período da tarde, entre as 14h e 19h. Em um primeiro momento realizamos observação e conversas em um trabalho de campo. Não foi nossa intenção basear a pesquisa exclusivamente em uma antropologia positivista (baseada em dados empíricos considerados neutros ou imparciais). Utilizamos na pesquisa abordagens e teorias específicas da antropologia. Sendo uma das técnicas o encontro etnográfico. Procuramos analisar o perfil e percepções dos frequentadores do parque. Ainda, realizamos uma comparação dos dados obtidos a partir da experiência de campo com o quadro de Seurat, apontando as similaridades entre a obra e o método etnográfico, para tanto nos embasamos no referencial teórico a respeito dos temas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os dados obtidos são resultado da observação de três pesquisadoras, cada uma com sua subjetividade, buscando apreender a ressonância e a latência implícita no campo. Em ambos os casos o parque é local de lazer e sociabilidades. Nota-se das pessoas que utilizam desse espaço - Parque Flamboyant compõem uma diversidade de perfis e identidades, trata-se de um público eclético e heterogêneo em um espaço democrático. Apesar da localização do parque ser em uma área nobre, o ambiente do parque não reflete a ideia de “jardim da classe média”. Antes, é muito mais um local de socialização e lazer, onde a diversidade é possível de ser encontrada. Ao contrário, a obra de Seurat, já a primeira vista, possibilita a identificação de uma classe mais provida (financeiramente) que usufrui do parque. Apesar do artista diluir esta impressão através do pontilhismo, onde cada ponto na tela expressa um código e que para acessá-lo e entende-lo é necessário se distanciar para entender o todo formado pelo mosaico, ao mesmo tempo que é necessário valorizar a especificidade de cada fragmento.
CONCLUSÕES:
Sabemos que o trabalho não se trata de uma etnografia densa, mas foi possível estabelecer uma aproximação de análise do público com a obra de Seurat. Apesar do distanciamento no tempo e no espaço, percebemos as similaridades entre o estudo realizado no Parque Flamboyant e a obra em questão. A etnografia como ponte de acesso e interpretação da observação do campo nos possibilitou esse dinamismo peculiar (embora subjetivo) da análise relacional do estudo realizado. Entendemos em ambos os casos a multiplicidade de identidades, carregada de uma complexidade, mas que através de seus reflexos de inter-relações, permeada de características que perpassam limites hegemônicos, antes, tanto na obra como no parque, essas relações estabelece um ambiente de convivência “harmônica” e de sociabilidade.
Palavras-chave: Conhecimento, Status, Relação.