65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Linguística Aplicada
O SENTIDO NA PRODUÇÃO TEXTUAL: UM ESTUDO DA MODALIZAÇÃO
Jonathan Everton Bento da Silva - Faculdade de Letras - UFAL
Lúcia de Fátima Santos - Profa. Dra./Orientadora - Faculdade de Letras - UFAL
INTRODUÇÃO:
A partir de observações de aulas de Língua Portuguesa do quarto ciclo do Ensino Fundamental em uma escola da rede pública estadual de Maceió, bem como da análise de textos que são produzidos por alunos em oficinas aplicadas por bolsistas, observadores-participantes dessas aulas, nas atividades desenvolvidas pelo PIBIB-Letras/UFAL, esta comunicação pretende fazer um estudo do sentido que é estabelecido na produção textual desses alunos, a partir de conceitos acerca de modalização, em que estamos considerando como sendo articuladores metadiscursivos que são inseridos no discurso para que a argumentação seja instituída, produzindo, assim, um efeito de sentido a partir do que se quer dizer no texto. Para isso, fundamentamos este trabalho a partir de reflexões de Castilho (1992), Castilho & Castilho (1994), Corbari & Sella (2010), Hoffnagel (1997, 1999), Koch (1984, 1997, 2002, 2004, 2011), Maingueneau (2004), Santos (2000) e Geraldi (2003, 2011). Com isso, pretende-se estabelecer uma percepção maior dos alunos acerca do uso que eles fazem do sistema linguístico para que se estabeleça o sentido que eles querem proporcionar ao seu texto, assim como do professor no concernente à compreensão do texto de seus discentes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esta comunicação tem o objetivo de analisar a modalização utilizada por alunos de Ensino Fundamental II para expressar suas opiniões, no enunciado discursivo, a respeito de determinadas situações evidenciadas durante oficinas de leitura e produção textual, ministradas por bolsistas, observadores-participantes do PIBID-Letras/UFAL.
MÉTODOS:
Os dados coletados para análise partem de produções textuais elaboradas por alunos das turmas de Língua Portuguesa que o PIBID-Letras/UFAL atua, e foram realizadas em oficinas ministradas pelos bolsistas do programa, o que evidencia uma pesquisa de cunho etnográfico, porque os dados foram coletados no contexto em que o corpus foi produzido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Segundo Corbari & Sella (2010), a argumentação é estabelecida a partir de um acordo que é feito entre orador (autor) e seu auditório (leitor), através do sistema linguístico. Nesse acordo, agem, na argumentação do locutor, o que se chama de modalização, que irá trabalhar no sentido do texto. Diante disso, constatou-se que a modalização que foi mais empregada pelos alunos sujeitos da pesquisa foram os modalizadores epistêmicos e os deônticos; no primeiro caso, há uma indicação do grau de verdade dos alunos perante a situação em questão, ou seja, há um comprometimento do locutor com o que se diz. Como afirma Koch (2001) e outros autores, esse tipo de modalização envolve a relação entre o locutor e seu enunciado, a fim de dar veracidade àquilo que ele propõe. No segundo caso, há uma avaliação do grau de imperatividade que é atribuído ao discurso, expressando a necessidade de dever, obrigação que a proposição enunciativa estabelece, a partir de seu locutor. A esse respeito, Castilho (1992) e Koch (2002) afirmam que o falante considera o conteúdo proposicional como um estado de coisas que deve ocorrer num valor de verdade.
CONCLUSÕES:
A partir da análise dos dados, vê-se que a modalização utilizada pelos alunos através dos modalizadores deônticos e epistêmicos, é desencadeada de acordo com o sentido que se quer propor ao texto. Porém, esses usos, na maioria das vezes, não são feitos de forma reflexiva, o que provoca um distanciamento, em alguns casos, entre o sentido que o aluno queria propor ao seu texto e o sentido que foi proporcionado.
Palavras-chave: Compreensão, Modalizadores Epistêmicos e Deônticos, Alunos do Ensino Fundamental.