65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 3. Paleozoologia
Descrição anatômica e análise sistemática preliminar de um aetossauro da Formação Santa Maria (Membro Alemoa), Triássico Superior do Sul do Brasil – resultados preliminares.
Ana Carolina Biacchi Brust - Centro de Ciências Naturais e Exatas - UFSM
Átila Augusto Stock Da-Rosa - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Geociências - UFSM
INTRODUÇÃO:
Aetosauria é um grupo de arcossauros encouraçados presente na América do Norte, Europa, norte da África, Índia e América do Sul, em grande parte do Triássico Superior (DESOJO & KISCHLAT, 2005). No Brasil, apenas duas das quatro espécies conhecidas para América do Sul estão presentes (Aetosauroides scagliai Casamiquela e Aetobarbakinoides brasiliensis Desojo, Ezcurra, Kischlat), as quais foram coletadas na Formação Santa Maria (Membro Alemoa). O material aqui descrito foi coletado em forma de bloco, no afloramento Faixa Nova – Cerrito I, na área urbana de Santa Maria, em julho de 2009, onde encontra-se uma exposição do Membro Alemoa da Formação Santa Maria. Neste bloco, está presente a porção posterior articulada de um pequeno aetossauro, a qual conta com os escudos dorsal e ventral articulados sobre parte da cintura pélvica e do membro posterior esquerdo, além de outro bloco, de menor tamanho, do mesmo local, contendo um crânio, com um dente levemente cônico preservado. Além de possivelmente se tratar de um indivíduo juvenil, havendo a necessidade de cortes histológicos para sua comprovação, este crânio é de grande importância, pois se trata do primeiro registro de crânio de aetossauro para o Triássico Superior do Sul do Brasil (DA-ROSA et al., 2009).
OBJETIVO DO TRABALHO:
A preparação do material coletado, juntamente com a descrição anatômica e análise sistemática preliminar do aetossauro do afloramento Faixa Nova – Cerrito I, Formação Santa Maria (Membro Alemoa), Triássico Superior do Sul do Brasil, e posterior identificação.
MÉTODOS:
(1) Revisão bibliográfica, e assim a integração de material publicado sobre anatomia e sistemática de aetossauros, bem como preparação de vertebrados fósseis; (2) Conservação dos blocos onde os materiais estão preservados com o uso de éster de cianoacrilato (marca comercial SuperBonder) e de técnica de estabilização com parafina, utilizando-se adaptação da técnica descrita em Barboni et al. (2008); (3) Tombamento do material na coleção paleontológica da UFSM sob o número 11505 da seção de paleovertebrados, sob guarda do Laboratório de Estratigrafia e Paleobiologia (Dep. Geociências);
(4) Preparação mecânica e química do material; (5) Descrição osteológica do material, identificando-se as estruturas anatômicas peculiares ao material fóssil, com documentação fotográfica e desenho; (6) Avaliação preliminar do posicionamento sistemático do material, sendo feita a comparação entre estruturas reconhecidas no material fóssil e aquelas descritas na bibliografia para outros vertebrados fósseis, para posterior posicionamento filogenético; (7) Apresentação dos resultados, diagramação do Trabalho de Conclusão de Curso e publicação de artigos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Parte do material de aetossauro coletado em julho de 2009 no afloramento Faixa Nova – Cerrito I já foi preparado (pós-crânio), o qual evidenciou a presença de falanges tarsais articuladas, não vislumbradas durante a coleta. Também há a presença de um fêmur e de outros ossos alongados e fragmentos ainda não identificados. Como os blocos contendo o crânio apresentavam muitas rachaduras em sua superfície, foi utilizado éster de cianoacrilato e técnica de fixação do bloco com o uso de parafina, de acordo com a metodologia utilizada por Barboni et al. (2008). Devido às dificuldades de preparação e à fragilidade do material, o bloco contendo os escudos dorsal e ventral em posição de vida não foi preparado. O material craniano será preparado na Argentina, por se tratar de fóssil muito frágil. Da mesma forma, a cooperação com pesquisadora do Museo Argentino de Ciencias Naturales Bernardino Rivadavia (Buenos Aires, Argentina), Dra. Julia Brenda Desojo, especialista em Aetosauria, permitirá importante ampliação do conhecimento sobre o material brasileiro, bem como sua identificação anatômica e sistemática.
CONCLUSÕES:
A identificação do material de aetossauro coletado no afloramento Faixa Nova – Cerrito I da Formação Santa Maria (Membro Alemoa) servirá para um maior conhecimento sobre a paleoherpetologia da região. Além disso, trata-se do primeiro registro de crânio de aetossauro para o Triássico Superior do Brasil.
Palavras-chave: paleoherpetologia, Triássico, aetossauro.