65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
APLICAÇÃO PRELIMINAR DO POTENCIAL DE FUNGOS FILAMENTOSOS DA REGIÃO PORTUÁRIA DE MANAUS/AM NA BIODEGRADAÇÃO DO DIESEL
Joaquim Ferreira do Nascimento Neto - Escola Normal Superior – Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Hilton Marcelo de Lima Souza - Doutorando no Programa de Pós-graduação em Biodiversidade e Biotecnologia
Fernando Mendes de Oliveira - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – INCT/CEAB - UEA
Ieda Hortêncio Batista - Profª. Drª. da Escola Normal Superior – Universidade do Estado do Amazonas – UEA
Sandra Patrícia Zanotto - Profª. Drª. da Universidade Nilton Lins
Hiléia dos Santos Barroso - Drª./Orientadora - Mestrado em Biotecnologia de Recursos Naturais/MBT - UEA
INTRODUÇÃO:
O óleo diesel é um subproduto do petróleo. É um produto inflamável, medianamente tóxico, volátil, isento de material em suspensão e com odor forte e característico. Os hidrocarbonetos aromáticos, particularmente, são os que apresentam maior toxicidade, pois a degradação é lenta e estão associados a efeitos crônicos e carcinogênicos (SOUZA, 2009).
Uma estratégia que vem sendo utilizada para eliminação de contaminantes no ambiente é a biorremediação (Ricardo, 2009). Microrganismos tais como fungos podem ser utilizados neste processo, por apresentarem um complexo grupo de exoenzimas e tolerar condições ambientais de estresse (LEMOS et al., 2008) demonstrando ser uma ótima ferramenta para estudos de biorremediação.
Hanson et al., (1993) apresenta uma técnica simples e rápida para conhecer a habilidade de microrganismos em degradar hidrocarbonetos do petróleo e derivados; o indicador redox 2,6 diclorofenol indofenol (DCPIP). A mudança da coloração de azul (oxidado) para incolor (reduzido) indica utilização do hidrocarboneto como substrato.
Desta forma, o presente trabalho buscou estudar o potencial de biodegradabilidade do diesel por fungos filamentosos isolados de ambientes contaminados na Amazônia, através do uso do indicador redox DCPIP.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o potencial de fungos filamentosos isolados da área portuária de Manaus/AM em biodegradar óleo diesel utilizando o indicador redox 2,6 diclorofenol indofenol (DCPIP).
MÉTODOS:
Os fungos utilizados no experimento fazem parte da coleção de fungos filamentosos do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia (PPGMBT), Universidade do Estado do Amazonas (UEA) que foram isolados a partir de sedimentos de regiões portuárias do rio Negro, Manaus/AM.
Os 44 isolados utilizados neste estudo foram inoculados em meio de cultura Ágar Sabouraud, e incubados em B.O.D por um período de 7 dias a 28ºC. Após este período, iniciou-se os testes de biodegradabilidade que foram conduzidos em tubos de ensaio. Em cada tubo foi colocado 3 mL de Meio mineral líquido (1,0% de KH2PO4, 1,0% de K2HPO4, 1,0% de NH4H2PO4, 0,20% de MgSO4.7H2O, 0,050% FeCl2.4H2O, e 0,020% CaCl2.2H2O), 30μL do diesel filtrado, 0,010 g.L-1 de 2,6-diclorofenol indofenol e um disco de 0,6mm da cultura fúngica de cada isolado utilizado. O experimento foi desenvolvido em triplicata para cada isolado mais grupo controle e foram conduzidos em incubadora shaker com temperatura média de 30°C a 180rpm. Os resultados foram analisados em três períodos: 2h, 24h e 48h. A descoloração do meio de azul para transparente, indica degradação dos compostos orgânicos presentes no diesel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Todos fungos analisados apresentaram resposta positiva ao teste com o DCPIP, indicando habilidade de degradar hidrocarbonetos existentes no óleo diesel. Dentre estes, 14 apresentaram respostas nas primeiras 2 horas, 23 isolados nas próximas 24 horas e somente 7 após 48 horas. Estes resultados preliminares indicam que a nossa hipótese, de que os fungos existentes em ambientes contaminados apresentam potencial de degradar hidrocarbonetos que constituem o diesel, tende a ser verdadeira.
O primeiro trabalho utilizando o indicador DCPIP foi conduzido por Hanson et al., (1993) que analisou o potencial de bactérias em degradar óleo diesel, mostrando eficiência do método para obtenção de cepas capazes de realizar degradação do composto. Desde então, outros trabalhos tem sido realizado com este método (Mariano et al., 2007; Jacques et al., 2007), no entanto pouco se sabe sobre o uso de fungos com este método. Assim, este trabalho demonstrou que o indicador DCPIP pode ser também utilizado eficientemente para seleção de fungos que degradam compostos orgânicos presentes no petróleo e derivados.
CONCLUSÕES:
Os resultados indicam que os fungos filamentosos isolados da região portuária de Manaus/AM apresentaram excelente potencial de biodegradar os hidrocarbonetos presentes no óleo diesel, podendo assim, serem selecionados e utilizados em biorremediação da região estudada.
Palavras-chave: Fungos, diesel, 2,6 diclorofenol indofenol.