65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS COMO ESPAÇO DE INCLUSÃO EDUCACIONAL
Isabela Macena dos Santos - Escola Estadual Monsenhor Machado
Elione Maria Nogueira Diógenes - Profa. Dra./Orientadora – Centro de Educação – UFAL
INTRODUÇÃO:
As Organizações Não Governamentais (ONGs), no atual cenário brasileiro, são cada vez mais perceptíveis e desde a década de 1990 elas estão se fortalecendo no campo social, constituindo ambientes de ação das principais estratégias das políticas públicas. Na área da educação não formal sua atuação é visível, confirmando que o processo educativo acontece também em espaços não escolares. Este trabalho discute assim o papel das ONGs como espaço de inclusão educacional no interior da educação não formal. Aprofundamos a pesquisa com as obras de Camba (2009), Cabral (2007), Coutinho (2009), Gonh (2003 e 2006), Montaño (2007), Motta (2009) e Montenegro (2004 e 2002). Realizamos um estudo de caso em uma ONG do Estado de Alagoas e trazemos as análises das observações e entrevistas realizadas durante a pesquisa com o objetivo de perceber se as ações desenvolvidas pela ONG estudada possibilitam processos de inclusão educacional para seus atendidos. Portanto, este trabalho contribui no âmbito educativo como elucidação do campo investigativo das ONGs, possuindo também um foco provocativo para que outros espaços de discussão sejam abertos, sobretudo com a comunidade, de forma que se percebam as contribuições que as ONGs atualmente trazem para a melhoria da educação.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar se as ações desenvolvidas por uma ONG do Estado de Alagoas possibilitam processos de inclusão educacional para as crianças e adolescentes atendidas.
MÉTODOS:
A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa com base no estudo de caso de uma ONG do estado de Alagoas que desenvolve atividades educacionais para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Para tanto utilizamos os seguintes procedimentos: pesquisa bibliográfica sobre a temática, análise de documentos da ONG estudada, observações das ações desenvolvidas e aplicação de entrevistas semiestruturadas com a equipe profissional da ONG. Este estudo foi norteado pelos seguintes questionamentos: 1) Até que ponto a referida ONG se constitui enquanto espaço de inclusão educacional? 2) Quais são as ações desenvolvidas que impulsionam este processo? Como a ONG interage com os órgãos públicos para conseguir o desenvolvimento das ações? O estudo de caso teve duração de dois anos (2011-2012) e com a análise das observações e das entrevistas foi possível responder ao problema da pesquisa. Sendo assim, essa metodologia possibilitou provocar reflexões no sentido de compreender as ONGs como novos agentes educacionais na sociedade em que vivemos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A ONG estudada atua no âmbito educativo desenvolvendo as seguintes ações: educação ambiental, reforço escolar, informática, oficina de leitura e produção textual, xadrez, esportes e acompanhamento do desenvolvimento escolar das crianças e adolescentes atendidas. Junto ao conselho tutelar do município e a outros órgãos públicos a ONG desenvolve um trabalho de parceria no qual as crianças e adolescentes que necessitam de alguma assistência são encaminhadas a estes órgãos públicos. Analisando os documentos da ONG percebeu-se que esta é a única ONG atuante no município e tem como missão promover a defesa dos direitos de crianças e adolescentes. Durante as entrevistas realizadas dois oito (oito) profissionais entrevistados, 6 (seis) responderam que a ONG promove inclusão educacional porque é um complemento as ações da escola, esses citaram casos de crianças que haviam evadido do ambiente escolar e voltaram a estudar quando começaram a participar da ONG. Os outros 2 (dois) entrevistados afirmaram que processos de inclusão educacional são lentos, mas que sem a ajuda da ONG eles poderiam não ocorrer. Percebeu-se com esse estudo que essa ONG através de suas ações de parceria é uma fiscalizadora do Estado e junto a ele consegue promover a inclusão educacional das crianças e adolescentes atendidas.
CONCLUSÕES:
O estudo de caso realizado na ONG investigada demonstrou que nessa realidade especificamente há possibilidade de processos de inclusão educacional e de melhoria na qualidade de vida dos atendidos, e que situações de vulnerabilidade social podem ser revertidas com acolhimento, diálogo e ações de parceria que a ONG desempenha com instituições públicas. O que constatamos com esse estudo é que nada substitui a ação do Estado; pois os direitos básicos são essenciais para se ter o mínimo de dignidade, e só o Estado pode oferecer isto para todos.
Portanto, as ONGs, apesar de possuírem uma trajetória de evolução recente, com mais representatividade a partir da década de 90, expandiram-se no Brasil de forma crescente e com forte divulgação da mídia, e assim se constituem atualmente como novos agentes educacionais. Tal crescimento se deu também devido à ausência do Estado na prestação de serviços sociais. Os resultados desse trabalho mostram a importância das ONGs na atualidade e revelam a contribuição desses espaços de educação não formal para a inclusão educacional de crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Estado, Crianças e Adolescentes, Educação Não Formal.