65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
A ALFABETIZAÇÃO SOB UM OLHAR PIBIDIANO: TRABALHANDO CONTEÚDOS ALFABETIZADORES NA PERSPECTIVA DO LETRAMENTO
Gabriela Leote Rosa - Graduanda em Pedagogia – UNISINOS
Rejane Ramos Klein - Profa. Dra. / Orientadora – Dep. De Ciências Humanas - UNISINOS
INTRODUÇÃO:
A alfabetização tornou-se indispensável em tempos contemporâneos e os professores alfabetizadores devem estar constantemente repensando as práticas pedagógicas que produzem em sala de aula. Soares (2003) nos diz que “letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno”. Freire (1988) afirma que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, pois todos antes de aprender a ler e a escrever possuem um repertório a priori que deve ser levado em consideração no processo de alfabetização. A partir destes conceitos e do Subprojeto de Pedagogia PIBID-CAPES/UNISINOS que diz que o objetivo da atuação dos alunos da Pedagogia no PIBID é “colocar em ação práticas pedagógicas alfabetizadoras de caráter inovador, de modo a contribuir para a superação dos problemas diagnosticados nos processos de ensino e aprendizagem das classes de alfabetização envolvidas no projeto”, irei relatar e problematizar uma experiência pedagógica desenvolvida com uma turma de segundo ano da Escola Municipal de São Leopoldo em que atuo como bolsista PIBID.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Desenvolver o conteúdo trabalhado pela professora do 2º ano, envolvendo a leitura e escrita das sílabas “ge” e “gi no contexto de alfabetização e letramento; Alfabetizar letrando, o que torna o processo mais significativo para as crianças e inovador para o ensino; Deslocar as aulas de alfabetização marcadas pelo exercício de codificação e decodificação para um exercício de significação cultural.
MÉTODOS:
A partir de observações e registros percebi que a professora do 2º ano trabalha com práticas alfabetizadoras marcadas pela codificação e decodificação de palavras, sílabas e letras. Os alunos em sala de aula copiam do quadro, preenchem folhas xerocadas e fazem exercícios prontos. Os textos estão relacionados à família silábica trabalhada na semana. A partir disso problematizei essas práticas e selecionei um texto que apresenta aos alunos as sílabas “ge” e “gi” onde a personagem principal “Geni” faz uma “gemada” em uma “tigela” e a coloca na “geladeira”. A turma apresentou dúvidas em relação as palavras “Geni” e “gemada”. Questionaram a professora que explicou que Geni é o nome de uma pessoa e gemada um doce. Percebi que a turma não estava significando o texto e o conteúdo proposto e realizei as intervenções: texto coletivo que contextualiza a pessoa “Geni”; cópia do texto em folha A4 e desenho para ilustrá-lo; boneca de meia calça construída coletivamente pela turma; pesquisa com as famílias dos alunos sobre o doce Gemada; tratamento das informações em gráficos realizados em grupos e apresentação para a turma; aula de culinária; historicização da gemada; elaboração do “diário da Geni” para registrar as atividades em casa; livro de receitas com gemada realizado por pais e alunos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A problematização e reelaboração da prática de alfabetização possibilitou as seguintes resultados:
As crianças envolveram-se com as atividades e expuseram suas opiniões, contextualizando o conteúdo proposto;
Desenvolveram trabalhos em grupos, prática pouco utilizada;
Conheceram a história e a receita do doce gemada e puderam experimentá-lo;
Desenvolveram habilidades artísticas, de cunho criativo ao construir e pensar em como poderiam melhorar a aparência da boneca Geni.
Os resultados apontam para uma qualidade significativa do processo de alfabetização, pois rompeu com um trabalho de cópia e repetição passando para um trabalho em que uma atividade própria de cartilha, pudesse ser vivida como prática cultural. Ler e escrever passaram a ter sentido nas práticas vivenciadas em sala de aula.
CONCLUSÕES:
Com este trabalho foi possível trabalhar com o conceito de alfabetização e letramento, de uma forma interdisciplinar, pois foi trabalhando o contexto da gemada e o texto da Geni em que as sílabas “ge” e “gi” foram aprendidas (leitura e escrita), mas dentro de um contexto cultural, o que produz ampliação dos conhecimentos. Ao trabalhar com a boneca “Geni” puderam dar vida a ela e brincar em sala de aula. Todos a levaram para casa e contribuíram na sua construção registrando as atividades realizadas no diário. A experiência possibilitou transpor uma ação própria das cartilhas, para uma prática cultural. As conclusões que apresento aqui são parciais e provisórias, sendo que pretendo dar continuidade em estudos futuros, de acordo com as reflexões possibilitadas pelo PIBID/CAPES.
Palavras-chave: Pibid, Docência, Prática Cultural.