65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
RELAÇÃO PROFESSOR- ALUNO: DESINTERESSE E DESMOTIVAÇÃO NAS AULAS DE CIÊNCIAS
Flávia Josiane Silva Nascimento - Estudante de graduação - licenciatura em ciências da natureza - UNIVASF
Camila da Silva - Estudante de graduação - licenciatura em ciências da natureza - UNIVASF
Járcia Silva Rios - Estudante de graduação - licenciatura em ciências da natureza - UNIVASF
Marco Aurélio Clemente Gonçalves - Prof. Me/Orientador – Colegiado de Ciências da Natureza - UNIVASF
INTRODUÇÃO:
Nessas ultimas décadas a realidade da educação brasileira mudou muito, hoje todos tem o direito e acesso a educação com mais facilidade que épocas passadas. No entanto, isso não é sinônimo de uma qualidade de ensino e aprendizado. Nas pesquisas o Brasil sempre ocupa as últimas posições em modalidades como leituras e raciocínio lógico e isso se deve a pouca preocupação que o país dá a qualidade do ensino mais especificamente, o fundamental que é base para todo o aprendizado.
Fatores como a desvalorização de curso em licenciatura, os baixos salários dos professores, falta de infra-estrutura nas instituições escolares, ausência de segurança nas escolas agravam ainda mais a desmotivação desses profissionais da educação e conseqüentemente a crise do ensino brasileiro. Com isso, vimos à importância de investigar e discutir essas questões buscando compreender quais os fatores que ocasionam o pouco interesse dos alunos em aprender ciências e a falta de estímulo que os professores sentem em ensinar. Para isso, foram realizadas observações entrevistas em sala nas turmas do 6º e 7º ano na escola pública estadual Dr. Luiz Viana Filho situada na cidade de Campo Formoso-Ba, onde fazemos parte do Programa de Iniciação a Docência (PIBID).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem por objetivo investigar e discutir questões cotidianas em sala de aula como os fatores que ocasionam a falta de interesse dos alunos em aprender ciências, bem como a falta de estímulo que os professores sentem em ensinar.
MÉTODOS:
Foi realizada uma pesquisa qualitativa onde foram feitas observações em sala e entrevistas com os alunos e a professora de ciências nas turmas do 6º e 7º ano do turno vespertino na escola pública estadual Dr. Luiz Viana Filho situada na cidade de Campo Formoso-Ba onde fazemos parte do PIBID.
Os alunos da 6º ano são comportados e obedientes é uma turma pequena contendo cerca de 23 alunos, são pouco participativos, diferente da turma do 7º ano, que é muito bagunceira e às vezes esses alunos são até agressivos, possuem uma faixa etária que varia de 13 a 17 anos não obedecem à professora e grande parte desses não faz as atividades escolares proposta pela professora.
A professora de ciências destas turmas é uma pessoa muito paciente, dedicada ao trabalho e responsável. Ela é formada em ciências biológicas e possui um grande conhecimento do conteúdo de ciências e sempre procura ministrar boas aulas.
O ambiente escolar é bem simples e pequeno, possui um laboratório de informática, não possui quadra de esportes os alunos brincam de bola em um terreno que fica dentro da escola. As salas possuem ventiladores, quadro branco, televisão com entrada USB, e poucas carteiras sendo todas riscadas e algumas quebradas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O professor possui um grande desafio enquanto educador, ser formador de opinião. Nesse sentido, ele tem um papel fundamental na orientação profissional futura de seus alunos incentivando-os aos estudos para que possam adquirir estabilidade financeira. Seria ele o “modelo” a ser seguido, porém, ao observar a vida corrida e trabalhosa, assim como a situação financeira de seus docentes, os alunos acabam acreditando que de nada serve todo esse esforço em estudar e acabam se desmotivando.
Ao questionarmos um aluno sobre o que desejava ser no futuro, ele respondeu que queria parar de estudar e ser vaqueiro, falou que estudar não trazia nenhum beneficio para ele, só estava na escola marcando a presença necessária para não perder o benefício que o governo oferece aos estudantes que permanecem na escola, assim, percebemos nele a falta de interesse nos estudos.
A maioria dos alunos são bagunceiros e não participam da aula, nem mesmo se for algo mais dinâmico. Com isso, a professora acaba se decepcionando ainda mais com sua profissão. Segundo Demo (1999) e Franchi (1995) a desmotivação se deve também a outros fatores como, baixos salários, o desgaste com a escala de horários, pois muitos professores lecionam em várias escolas em períodos diferentes, para poderem receber um pouco mais.
CONCLUSÕES:
Neste trabalho podemos observar um pouco da vivencia em sala de aula com uma professora de ciências que vive o grande desafio de tentar motivar seus alunos não somente ao aprendizado, mas ensiná-los a ter boas perspectivas de um futuro profissional, pois a maioria desses estudantes vem de famílias simples e não trazem em si objetivos melhores de vida. Percebemos também, que mesmo fazendo uma aula mais dinâmica que requer a participação desses estudantes não houve interesse por parte deles pelo conteúdo de ciências que estava sendo apresentado.
Diante de tudo que foi discutido percebemos que além de enfrentar problemas com seus alunos, o professor também se sente desmotivado em vários outros aspectos, como o baixo salário, a longa e cansativa jornada de trabalho, sem contar com a responsabilidade que a sociedade lhe impõe - o de formador de opinião. Um fator fundamental para que possa existir estímulo tanto para os professores quanto para os alunos é a necessidade de que aconteça na relação professor-aluno o tratamento respeitoso e acolhedor e isso é um grande diferencial para a construção de um ambiente escolar mais harmônico e prazeroso.
Palavras-chave: Relação professor-aluno, Desmotivação, Desinteresse.