65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
Fatores de risco cardiometábolicos em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade
Priscilla Yévelin Barros de Melo - Universidade Estadual da Paraíba
Anna Larissa Veloso Guimarães - Universidade Estadual da Paraíba
Rayanna Wanessa Guimarães Coelho - Universidade Estadual da Paraíba
Tatianne Moura Estrela Dantas - Universidade Estadual da Paraíba
Danielle Franklin de Carvalho - Universidade Estadual da Paraíba
Carla Campos Muniz de Medeiros - Universidade Estadual da Paraíba
INTRODUÇÃO:
A obesidade na infância e adolescência é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde(OMS) como problema saúde pública, sendo as mudanças do estilo de vida desencadeadas pela evolução técnico-científica e ingesta de alimentos de alto valor calórico apontados como um dos fatores determinantes desta condição. Esse estado nutricional está associado ao aparecimento de complicações, antes verificadas apenas em adultos, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia, conhecidos como fatores cardiometabolicos que atuam aumentando o risco do desenvolvimento de eventos cardiovasculares futuros.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever a prevalência de fatores de risco cardiometabolicos em crianças e adolescentes obesos ou com sobrepeso entre 2 a 18 anos atendidos no Centro de Obesidade Infantil (COI), Campina Grande-PB.
MÉTODOS:
O estudo foi realizado no COI em Campina Grande – PB, entre abril de 2009 e março de 2010. A amostra por conveniência foi composta por 196 crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos com sobrepeso ou obesidade, encaminhados das unidades básicas de saúde do município. Os indivíduos com condição associada ao prejuízo da atividade física, portadores de paralisia cerebral; síndromes genéticas; aqueles com causas secundárias de obesidade ou com doença ou em uso de medicação que interferisse na pressão arterial, metabolismo glicídico ou lipídico foram excluídos. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, aplicou-se um formulário semi-estruturado para a aquisição de informações pessoais e sócio-econômicas, depois se realizou antropometria (CDC, 2002), aferição da pressão arterial e agendamento da coleta sanguínea. O estado nutricional foi classificado de acordo com os percentis: sobrepeso (85≤ IMC < 95), obesidade (95 ≤IMC < 97) e obesidade acentuada (IMC ≥ 97) (CDC, 2002). A variáveis sanguíneas foram o colesterol HDL, glicemia, triglicerídeos e insulina obtidas após 12 horas de jejum. Os dados foram digitados duplamente e analisados no SPSS versão 17.0. A análise estatística foi dada pelo Teste do Qui-quadrado, considerando intervalo de confiança de 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os fatores de risco cardiometabolicos avaliados foram: circunferência abdominal (CA), hipertensão arterial sistêmica (HAS), tolerância a glicose (TG), colesterol HDL (HDL-c), glicemia e resistência insulínica (RI). Apresentaram as maiores prevalências o nível abaixo do desejável de colesterol HDL (80,6%), CA alterada (79,6%) e níveis pressóricos elevados (69,4%), destacando-se a CA com a elevação mais frequentes entre as crianças e o HDL-c baixa entre a amostra de adolescentes. Foi encontrada associação estatisticamente significante apenas com a RI entre os adolescentes, podendo ser justificado através da redução fisiológica na sensibilidade à insulina nesta faixa que é compensada pelo aumento na sua secreção (ALVAREZ et al 2006). Vale destacar que a hipertensão arterial é considerada como um fator de risco cardiovascular independente, em qualquer faixa etária. O problema torna-se mais complexo em crianças por causa do crescimento e desenvolvimento, pois se sabe que a pressão arterial aumenta durante o crescimento e a maturação (RODRIGUES et al 2009).
CONCLUSÕES:
Podemos observar que os fatores cardiometabolicos encontrados nesta população de forma prevalente, preocupam ainda mais se atentarmos para os componentes da chamada Síndrome Metabólica (SM), caracterizada por três dos seguintes achados: alteração no metabolismo do carboidrato, hipertrigliceridemia e/ou HDL baixo, hipertensão arterial e obesidade abdominal. Sabe-se que a SM está associada à doença cardiovascular e diabetes tipo 2, aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. Esta afecção ocorre cada vez mais na infância, principalmente naquelas com excesso de massa corporal, podendo atingir cerca de 59,3% do total das crianças obesas. Assim, ressalta-se a importância de se investigar a presença de fatores de risco cardiometabólicos precocemente em crianças, principalmente naquelas com obesidade acentuada.
Palavras-chave: Obesidade, Síndrome X Metabólica, Doenças cardiovasculares.