65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 2. Química Ambiental
ALIMENTOS VEGETAIS CULTIVADOS PRÓXIMO AO DEPÓSITO PERMANENTE DE REJEITOS RADIOATIVOS EM ABADIA DE GOIÁS
Waldillene Gomes dos Santos - Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos - UFG
Eliane Eugênia Santos - Dra./Orientadora - Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste
Regina Apolinária Nogueira - Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste - CRCN-CO/CNEN
INTRODUÇÃO:
O acidente radiológico com 137Cs ocorrido na cidade de Goiânia-GO em setembro de 1987 gerou, aproximadamente, 6.000 toneladas de rejeitos provenientes da descontaminação das áreas envolvidas. Após a descontaminação, foi necessário construir um depósito para abrigar estes rejeitos. O local escolhido foi uma área de 1.600.000 metros quadrados do município de Abadia de Goiás conhecida como Parque Telma Ortegal, a cerca de 20 km do centro de Goiânia. O Depósito Definitivo está sob o controle institucional da CNEN (Comissão nacional de Energia Nuclear) representado pelo Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro Oeste (CRCN-CO/CNEN). No CRCN-CO há uma horta de 525 metros quadrados, onde são cultivados os mais diversos tipos vegetais como folhosas, raízes, grãos, leguminosas e frutosas. Estes são utilizados na alimentação dos servidores e técnicos da instituição. Sob estas circunstâncias, a análise do 137Cs nos alimentos cultivados próximo ao Depósito Definitivo se faz necessária, a fim de que haja a desmistificação quanto ao isolamento e segurança do local e do público.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho visa analisar os níveis de atividade por unidade de massa fresca de 137Cs em amostras de hortaliças e vegetais cultivados na horta do CRCN-CO, a fim de se identificar a presença e/ou influência deste nas mesmas, atestando a segurança do depósito e do público em geral.
MÉTODOS:
A análise foi feita no Laboratório de Radioecologia do CRCN-CO (Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste) em Abadia de Goiás. As amostras coletadas de folhosas (alface e couve), grãos (milho), leguminosas (vagem), raízes (mandioca, cenoura e beterraba) e frutosas (chuchu, mamão e abobrinha) foram preparadas como se fossem para o consumo. Foram lavadas e descascadas quando necessário, secas ao ar e pesadas para determinação da massa úmida. Depois foram secas em estufa da marca Fanem, modelo 320-SE, à temperatura de 80°C durante aproximadamente 24 horas. Foram novamente pesadas, determinou-se o peso seco, as amostras foram calcinadas durante 48 horas a 450°C até cinza branca, e novamente pesadas para determinação da massa de cinza. Todas as amostras foram analisadas por espectrometria gama em dois espectrômetros da marca Camberra, com detector coaxial de germânio hiperpuro (HPGe), modelo GX2518, com eficiência relativa de 25%, pré-amplificador modelo 2002 CSL e software Genie-2000. O tempo de contagem foi de 15 horas e a geometria utilizada foi de frasco de polietileno de 250 mL.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Todas as amostras analisadas apresentaram valores de atividade por unidade de massa fresca abaixo da Atividade Mínima Detectável (<1,28 Bq/Kgfresca). Esses valores de atividade de 137Cs estão abaixo daqueles valores máximos recomendados pelas normas internacionais.
CONCLUSÕES:
Podemos afirmar que não há risco, do ponto de vista radiológico, para o cultivo e ingestão de alimentos no Parque Telma Ortegal, o que comprova que as barreiras de engenharia adotadas para a contenção dos rejeitos oriundos do acidente radiológico com o 137Cs se mostram eficazes.
Palavras-chave: 137Cs, Acidente Radiológico, Alimentação.