65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
Fenologia de espécies frutíferas com potencial utilização por Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (Osteichthyes, Characidae) nos períodos de enchente e cheia na Estação Ecológica de Taiamã, Cáceres-MT.
Salete Santos de Alencar - Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Depto de Ciências Biológicas
Amabilen de Oliveira Furan - Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Depto de Ciências Biológicas
Claumir Cesar Muniz - Prof. Dr. Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Depto de C Biológicas
Marcelo Leandro Feitosa de Andrade - Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade - ICMBio
Maria Antonia Carniello - Profa Dra. Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT. Depto de C Biológicas
INTRODUÇÃO:
Os estudos fenológicos contribuem para o entendimento da dinâmica dos ecossistemas florestais em diversos ambientes, dando subsídios para a gestão destes recursos. Muitos trabalhos de fenologia abordam a disponibilidade de frutos para os animais e em outros, esta avaliação é feita a partir do padrão de frutificação e dispersão por espécies zoocóricas. Estas espécies, com frutos dispersos por animais são muito importantes para a manutenção da oferta de recursos para a fauna ao longo do ano, podendo ser observadas diferenças nesta oferta de acordo com o período sazonal. Por outro lado, os animais frugívoros são imprescindíveis como agentes efetivos na dispersão das sementes dessas espécies levando-as a longa distância e possibilitando a sua regeneração e a colonização de outras áreas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este estudo teve por objetivo verificar a disponibilidade de frutos para a ictiofauna na Estação Ecológica de Taiamã (ESEC Taiamã) nos períodos de enchente e cheia (Janeiro à Março de 2012) do rio Paraguai, bem como conhecer através da análise de dieta alimentar quais são as espécies vegetais consumidas por Piaractus mesopotamicus (pacu).
MÉTODOS:
Com o uso de redes de emalhar foram realizadas coletas mensalmente (Janeiro á Março de 2012) totalizando 77 espécimes de P. mesopotamicus na ESEC Taiamã. Os tratos digestórios foram retirados e analisados no laboratório de Ictiofauna do Centro de Pesquisa em Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal – CELBE-UNEMAT. As sementes encontradas foram contabilizadas e identificadas com manuais específicos. Em campo foram identificadas quais as espécies vegetais estavam frutificadas em cada estação de coleta. Amostras botânicas foram herborizadas, identificadas e depositadas no herbário na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus de Cáceres.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nestes períodos as espécies encontradas em frutificação foram: Bysonnima sp. (Canjiquinha), Copernicia australis, (Carandá), Cissus spinosa Cambess (Cipó-de-arraia), Aspilia latíssima (Fumeiro), Inga vera (Ingá), (Genipa americana L., (Jenipapo), Pouteria glomerata (Miq.) Radlk., (Laranjinha), Alibertia sp. (Marmelada), Cayaponia podantha Cogn. (Melancia-de-pacu), Mouriri guianensis Aubl. (Roncador), Bactris glucescens Drude (Tucum preto), Bactris cf. cuyabensis Barb. Rodr., (Tucum vermelho), Ficus cf. eximia Schott (Figueira). Com as análises de conteúdo estomacal de P. mesopotamicus foram obtidas amostras de sementes inteiras de Inga vera, Bactris glucescens Drude, Ficus cf. eximia Schott e Alibertia sp. Sementes fragmentadas também foram obtidas, podendo ser citadas as espécies Bactris glucescens Drude, Bactris cf. cuyabensis Barb. Rodr. e Inga vera. Os dados obtidos apontam para a importância de espécies ictiocóricas na dispersão de sementes de diferentes espécies vegetais no ambiente pantaneiro, bem como a sincronização do processo fenológico de frutificação com o pulso de inundação, possibilitando a disponibilização e acesso destes frutos para a fauna íctia, otimizando a dispersão destas sementes nestes ambientes.
CONCLUSÕES:
A conservação das matas ciliares e de galerias são extremamente importantes para a manutenção deste processo ecológico nos ambientes sazonalmente inundáveis, garantindo assim, fonte de alimento para a espécie íctia em questão e também favorecendo a dinâmica de dispersão nestes Ambientes.
Palavras-chave: Dispersão, Ictiocoria, Pantanal.