65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
MACRÓFITAS EM DUAS LAGOAS TEMPORÁRIAS NO SEMIÁRIDO DO BRASIL
Wesley Patrício Freire de Sá Cordeiro - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE
André Laurênio de Melo - Prof.Dr./Orientador - Unidade Acadêmica de Serra Talhada - UFRPE
INTRODUÇÃO:
O Semiárido brasileiro passa por longos períodos de estiagem nos quais a disponibilidade de água para a manutenção de algumas formas de vida fica limitada às lagoas temporárias naturais ou artificiais (açudes), ambientes que possibilitam o desenvolvimento de inúmeros vegetais. Um importante componente desses ambientes são as macrófitas aquáticas, vegetais que podem manter ao menos parte do corpo vegetativo por pelo menos um período do ciclo vital. Esses organismos estão diretamente relacionados à manutenção da qualidade da água, sendo indispensáveis para que o homem e a fauna possam usufruir dos recursos hídricos encontrados nas lagoas temporárias.
No Brasil, apesar de existirem alguns estudos sobre a ecologia e a florística das macrófitas aquáticas o conhecimento acerca destes vegetais ainda é incipiente, e as pesquisas estão voltadosprincipalmentepara reservatórios de hidrelétricas e de abastecimento. No Semiárido da região Nordeste, as pesquisas sobre as lagoas temporárias ainda são escassas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar o levantamento florístico e das formas de vida das macrófitas aquáticas em duas lagoas temporárias no Semiárido do Brasil.
MÉTODOS:
Área de estudo – As coletas foram realizadas nas lagoas temporárias Pimenteira I(7º54'32.16"S–38º18'2.11"O) e II (7º53'58.03"S–3º18'10.09"O) localizadas no Parque estadual Mata da Pimenteira (PEMP), no município de Serra Talhada, estado de Pernambuco. O clima predominante é do tipo semiárido com temperaturas mínimas superiores a 18oC nos meses mais frios e com estações chuvosas atrasadas ou adiantadas para o outono.
Herborização, identificação das formas de vida e similaridade florística– De junho de 2011 a julho de 2012, foram realizadas coletas mensais nas quais o material coletado foi prensado e herborizado conforme metodologia usual em Botânica Sistemática.Todasas espécies encontradas foram classificadas quanto às formas de vida como: a) anfíbias–as que sobrevivem em solo encharcado ou seco, b) emergentes–as que mantêm parte do corpo vegetativo submersa, c) flutuantes fixas–possuem folhas que flutuam na lâmina d’água, mas estão fixas ao substrato, d) flutuantes livres–flutuam na superfície da água sem fixar-se a um substrato, e) submersa livre–os vegetais que se mantêm submersos sem fixar-se ao substrato e f) submersa fixa–os que se fixam ao substrato e permanecem emersos na água. Posteriormente, foi calculado o índice de similaridade de Jaccard.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas duas lagoas foram encontradas 78 espécies, distribuídas em 59 gêneros e 32 famílias. A riqueza de espécies da Lagoa Pimenteira II (73 spp.) foi maior do que os outros levantamentos para o Semiárido, entretanto, a Lagoa Pimenteira I (18 spp.) apresentou a menor, o que é justificado pela supressão antrópica da vegetação da lagoa. Cyperaceae, Fabaceae, Malvaceae e Poaceae apresentaram mais espécies (8 spp. cada uma), seguidas por Asteraceae (7 spp.) e Euphorbiaceae (4 spp.). Com exceção a Euphorbiaceae as demais famílias estão entre as mais numerosas em nos levantamentos de plantas aquáticas no Semiárido.
Com relação às formas de vida ocorreu o predomínio de espécies anfíbias (91%) sobre as emergentes (4%), submersas fixas (3%) e flutuantes fixas (2%). Todos os levantamentos para o semiárido indicaram as anfíbias como a forma de vida predominante, entretanto, nenhum apresentou um percentual tão elevado. A ocorrência de tantas espécies anfíbias é justificada pela presença de espécies generalistas que recorrem aos leitos das lagoas por conta da abundância de recursos. As lagoas do PEMP apresentaram similaridade de 0,042 entre si. Este valor é considerado baixo, entretanto, é importante ressaltar que a Lagoa Pimenteira II apresentou 53 espécies a mais do que a Lagoa Pimenteira I.
CONCLUSÕES:
O baixo índice de similaridade entre as lagoas pode ter ocorrido porque a Lagoa Pimenteira I apresentou 55 espécies a menos do que a II. Isso ressalta a necessidade da preservação destes ambientes, pois, a lagoa Pimenteira II pode atuar como fonte de propágulos para recompor a flora da Lagoa Pimenteira I.
Palavras-chave: Plantas aquáticas, Florística, Ambientes lênticoos.