65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 6. Morfologia e Taxonomia Vegetal
FLORA DE UMA ÁREA DE CAATINGA NO DISTRITO DE ARACATIAÇU, SOBRAL, CEARÁ, BRASIL
Rosalia Castro Duarte - Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Vale – UVA
Maria da Conceição Castro Duarte - Pedagoga pela Universidade Estadual Vale – UVA
Carla Pereira de Carvalho - Aluna do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Vale – UVA
Elnatan Bezerra de Souza - Prof. Dr./ Orientador – Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA
INTRODUÇÃO:
O Bioma das Caatingas é, provavelmente, o menos estudado em relação à flora e à fauna e é um dos que têm sofrido maior degradação, pelo uso desordenado e predatório nos últimos 400 anos (ARAÚJO, 2007). A Caatinga, como uma formação vegetal altamente ameaçada, foi envolvida pela ideia da improdutividade, segundo a qual seria uma fonte menor de recursos naturais (ALBUQUERQUE; ANDRADE, 2002).
Entretanto, estudos constataram que a Caatinga é um bioma único, pois apesar de estar localizado em área de clima semiárido, apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e endemismos (MARACAJÁ et al., 2003). De fato, estudos constataram que as Caatingas, no seu sentido mais restrito, teriam 1512 espécies de fanerógamas com, no mínimo, 318 endêmicas (SAMPAIO, 2010).
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2004) a Bacia do Rio Aracatiaçu, Município de Sobral, está entre as 900 áreas prioritárias para a conservação, a utilização e a repartição de benefícios da biodiversidade brasileira, em especial do Bioma Caatinga, e está classificada como uma área insuficientemente conhecida, mas de provável interesse biológico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar o levantamento florístico em uma área de vegetação de Caatinga no Distrito de Aracatiaçu, Município de Sobral, Ceará, além de obter dados que contribuam para com o conhecimento da flora da região, tendo em vista a escassez de trabalhos para a mesma e a sua importância para a preservação do Bioma Caatinga.
MÉTODOS:
O levantamento florístico consistiu de coletas de material botânico de ervas, subarbustos, arbustos e trepadeiras, em uma área no entorno do Açude Aracatiaçu, no período de setembro de 2010 a março de 2012, compreendendo assim, épocas chuvosas, bem como de estiagem. Para o estudo, foram coletadas amostras em estado reprodutivo, com flor e/ou fruto.
As coletas foram realizadas de acordo com métodos usuais (MORI; SILVA; LISBOA, 1989). Os espécimes foram acondicionados em sacos plásticos, prensados e submetidos à secagem em uma estufa de lâmpadas por um período de 24 a 72 horas. As amostras de flores e frutos foram acondicionadas em frascos com álcool 70%, para estudo minucioso dos caracteres morfológicos, auxiliando assim, no processo de identificação em laboratório.
A identificação do material se deu através da literatura especializada e chaves analíticas (SOUZA; LORENZI, 2008; LORENZI, 2008), por comparação com outros materiais previamente incorporados no Herbário HUVA e por consultas a especialistas. A grafia dos nomes científicos e autoria das espécies listadas estão de acordo com Forzza et al. (2012). Em seguida, as coleções foram submetidas às técnicas usuais de herborização e depois, depositadas junto ao acervo do Herbário HUVA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para a área de estudo, foram registradas 55 espécies, distribuídas em 47 gêneros e 25 famílias de angiospermas. Das famílias listadas para o presente estudo, em número representativo de indivíduos, destacam-se: Fabaceae com 11 espécies (20%), Malvaceae com seis espécies (11%), Asteraceae com cinco espécies (9,1%), Rubiaceae e Convolvulaceae com três espécies cada (5,4% para cada família).
Estes resultados apresentam semelhanças quando comparados com outros trabalhos realizados em diferentes áreas de Caatingas do Semiárido Nordestino (Ferraz et al.,1998, Rodal; Nascimento, 2002, Maracajá et al., 2003, Giulietti; Conceição; Queiroz, 2006, Gomes; Rodal; Melo, 2006, Dias; Kill, 2008, Araújo, 2009, Ferraz, 2009, Lima et al., 2009, Souza, 2009). Nestes levantamentos, estas famílias aparecem também como as mais representativas, ressaltando, assim, a importância destes grupos.
Entre os indivíduos coletados, houve predomínio do estrato herbáceo (56,4%), seguido do subarbustivo (25,4%), e arbustivo (3,7%). As trepadeiras corresponderam a 14,5% das amostras. A riqueza de espécies herbáceas em áreas de Caatingas típicas foi constatada por autores como Sampaio (2010), contudo a composição do estrato herbáceo do bioma Caatinga ainda é insuficientemente conhecida (ARAÚJO, 2009).
CONCLUSÕES:
A flora da Caatinga do entorno do Açude Aracatiaçu está representada principalmente pelo componente herbáceo, correspondendo a 56,4% das espécies coletadas. A família Fabaceae representa o grupo com maior riqueza de espécies na área de estudo, totalizando 20% das espécies coletadas; seguida das Malvaceae, Asteraceae, Convolvulaceae e Rubiaceae. As espécies Waltheria operculata Rose e Conocliniopsis prasiifolia (DC.) R.M. King & H. Rob, registradas para a área de estudo, não se encontram citadas para a flora do Ceará, sendo novas ocorrências para o estado.
Palavras-chave: Levantamento, Florística, Semiárido.