65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
AVALIAÇÃO DA AÇÃO DO HIPOGLICEMIANTE ORAL METFORMINA SOB A MORTE CELULAR E INDUÇÃO A ANGIOGÊNESE EM CÉLULAS DE CARCINOMA HEPÁTICO HUMANO
Rodrigo Curvello - Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH) - UFABC
Ana Carolina Santos de Souza - Profa. Dra./Orientadora - Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH) - UFABC
INTRODUÇÃO:
A metformina é um hipoglicemiante oral usado no tratamento da diabetes tipo II, e atualmente tem despertado interesse da área oncológica por seu potencial antitumoral. Acredita-se que a droga é capaz de estimular a proteína quinase ativada por AMP (AMPK), e a partir da via de sinalização PI3K/AKT/mTOR, interferir em diferentes processos celulares, como síntese proteica, proliferação e morte.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a capacidade da metformina em induzir a linhagem celular de carcinoma hepático humano HepG2 à morte, bem como observar os efeito da droga sob a expressão de proteínas pró e anti-apoptóticas e fatores angiogênicos. Analisar os efeitos citotóxicos do hipoglicemiante sob a linhagem celular não tumoral Balb/c 3T3.
MÉTODOS:
Células HepG2 e Balb/c 3T3 foram expostas a concentrações crescentes de metformina (0 à 40 mM) por 24 horas, e os efeitos sob a viabilidade das linhagens avaliados pelo teste de redução do MTT. Por sua vez, a expressão de AMPK-a, p-AMPK, mTOR, VEGF, Bcl-2, Bid e Actina foram avaliadas por Western Blotting. Em resumo, lisados obtidos de 3 x 107 células foram normalizados quanto a concentração proteica e submetidos a eletroforese seguida por transferência de proteínas a membrana de nitrocelulose. Após bloqueadas, as membranas foram incubadas com anticorpos primário e secundário específicos, e as bandas detectadas por reação de quimioluminescência (ECL).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Metformina foi capaz de induzir HepG2 à morte celular, sendo observada a maior redução de viabilidade (45%) quando na concentração de 40 mM. Paralelamente, a linhagem não tumoral Balb/c 3T3 não se mostrou afetada pelo hipoglicemiante mesmo em altas concentrações, indicando seletividade de ação da droga.
Confirmou-se o papel da metformina na estimulação da proteína ativada por AMP (AMPK), a partir do aumento da expressão de p-AMPK, e consequente modulação da via proliferativa PI3K/Akt/mTOR, através da redução de expressão de mTOR.
De maneira interessante, o hipoglicemiante (20 mM) aumentou a expressão da proteína anti-apoptótica Bcl-2, simultaneamente à redução da expressão da proteína pró-apoptótica Bid. Além disso, observou-se um aumento de expressão de VEGF (fator de crescimento de endotélio vascular), indicando um estímulo a angiogênese, e logo contrapondo a ação da droga ao combate de duas hallmarks do câncer.
CONCLUSÕES:
Constatou-se a capacidade da metformina em induzir células neoplásicas à morte, bem como sua seletividade ao não afetar a linhagem não tumoral. De fato, metformina atua sob tumores ao modular a via de proliferação PI3K/Akt/mTOR, através da ativação de AMPK. Contudo, o hipoglicemiante parece possuir um papel de inibitório sob a via apoptótica, bem como estimulador sob a angiogênese, demonstrando a necessidade de amplos estudos sob sua via de ação antes de sua associação em terapias contra o câncer.
Palavras-chave: Câncer, Metformina, Apoptose.