65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 9. Psicologia Experimental
DISCRIMINAÇÃO DE NOTAS MUSICAIS: EXISTE INFLUÊNCIA DO GÊNERO?
Amanda Figueiredo Gomes - Depto. de Psicologia – UFPB
Jandilson Avelino da Silva - Depto. de Psicologia – UFPB
Jayston Winston José Soares Neves - Depto. de Psicologia – UFPB
Maria José Nunes Gadelha - Depto. de Psicologia – UFPB
Melyssa Kellyanne Cavalcanti Galdino - Profa. Dra. – Depto. de Psicologia – UFPB
Natanael Antonio dos Santos - Prof. Dr./Orientador – Depto. de Psicologia – UFPB
INTRODUÇÃO:
O processamento auditivo tem sido bastante estudado ao longo dos anos, chegando a ser o segundo sistema sensorial mais pesquisado na literatura. Segundo a literatura, as habilidades musicais, entre as quais a percepção de tons sonoros, podem se dar de forma desigual quando se compara o gênero dos indivíduos. Dessa forma, um dos pontos discutidos é a procura por possíveis diferenças na discriminação das notas musicais entre as mulheres e os homens. As diferentes notas musicais correspondem a frequências sonoras específicas que são processadas por regiões particulares da cóclea e do córtex auditivo. Antunes e Gouveia Jr. (2009), por exemplo, concluíram que as mulheres apresentam melhor desempenho na discriminação de tons musicais quando não possuem experiência prévia. Já os homens apresentam melhor desempenho quando são experientes neste aspecto. Já no estudo de Zaidan, Garcia, Tedesco e Baran (2008), por meio da análise do tempo de reação a determinadas frequências sonoras, concluíram que o sexo masculino tem um melhor desempenho na discriminação de notas musicais quando comparado com o feminino. Estudos desta natureza são importantes para a compreensão do processamento auditivo e para o planejamento diferenciado de avaliações e intervenções das funções auditivas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste estudo foi avaliar a percepção das notas musicais, por meio da discriminação das notas RÉ, FÁ, e LÁ, na quarta oitava do piano, individualmente com suas duas notas vizinhas em uma escala musical ocidental padrão, em mulheres e homens adultos jovens.
MÉTODOS:
Participaram do estudo 40 pessoas ao todo, sendo 20 homens e 20 mulheres, de 18 a 29 anos de idade, não músicos, saudáveis física e mentalmente, não usuários de fármacos ou outras substâncias tóxicas. Em um teste de discriminação de notas musicais criado pelos pesquisadores apresentaram-se aleatoriamente para cada participante três grupos de 20 pares de estímulos, sendo cada grupo correspondente a avaliação de uma nota musical diferente das utilizadas. Os pares de estímulos eram constituídos pela nota musical de teste (Ré, Fá ou Lá) e um estímulo distrator, que poderia ser entre as 20 alternativas a nota anterior ou posterior a cada nota dentro da escala padrão. Por exemplo, para o teste da nota Ré, poderiam aparecer junto a ela as notas Dó ou Mi, de forma ascendente ou descendente. A tarefa dos participantes foi escolher o estímulo de teste em cada alternativa entre as duas opções oferecidas. A nota musical de teste era apresentada ao indivíduo cinco vezes consecutivas antes do início da sessão experimental. A quantidade de acertos para cada nota foi reunida de acordo com o sexo dos participantes. Aplicou-se um teste X2 de aderência para a estimativa da frequência de acertos dos homens e das mulheres, que posteriormente foram comparados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Encontrou-se diferença significante para a comparação entre homens e mulheres apenas na nota musical Fá, sendo que os homens perceberam mais que as mulheres. Estes resultados não podem ser comparados diretamente com os encontrados na literatura, pois eles não se tratam do teste de frequências sonoras isoladas (que corresponderiam às notas musicais). Antunes e Gouveia Jr. (2009), e Zaidan et al. (2008), por exemplo, testaram peças sonoras mais complexas compostas por agrupamentos de tons musicais, sendo que esses conjuntos é que deveriam ser diferenciados pelos participantes. No entanto, os presentes resultados corroboram esses estudos anteriores no que se refere às diferenças encontradas entre os gêneros, embora haja divergências quanto a quem seria mais hábil nesta tarefa.
CONCLUSÕES:
Deste modo, os resultados encontrados sugerem que existe diferença na discriminação das notas musicais Ré, Fá, e Lá, de homens e mulheres adultos jovens, quando as mesmas se referem à quarta oitava de um instrumento musical, sendo que os homens discriminam melhor que as mulheres. Outros estudos precisam ser realizados para saber se a tendência será mantida para outras notas musicais, em outras oitavas de diferentes instrumentos, utilizadas como estímulo.
Palavras-chave: Percepção auditiva, Discriminação de tons, Diferenças de sexo.