65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 2. Currículo
A APATIA NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: HÁ INDÍCIOS CURRICULARES QUE A JUSTIFIQUE?
Cláudio Henrique Alves Perdigão - Prof. Mestre- Licenciatura em Química- IFPE - campus Vitoria
Amanda Veruska dos Santos Ferreira da Silva - Aluna - Licenciatura em Química- IFPE - campus Vitoria
Diane Correia de Araújo Lima - Aluna- Licenciatura em Química- IFPE - campus Vitoria
José Valmir Alves Júnior - Aluna- Licenciatura em Química- IFPE - campus Vitoria
INTRODUÇÃO:
Constatando-se a situação de desinteresse dos alunos pela disciplina Química, revelado pela apatia dos mesmos durante as aulas e pelo baixo rendimento escolar e problematizando-se que aspectos teóricos e práticos desta disciplina constituem conhecimentos de grande importância para o desenvolvimento dos estudantes de cursos agrícolas em suas potencialidades, surgiu a necessidade de uma atenção especial ao Ensino de Química nos Cursos Técnicos do IFPE – campus Vitória.
Sabe-se que essa pode estar relacionada a diversos fatores. No âmbito curricular de um Sistema de Ensino Integrado, um dos grandes desafios é a necessária conexão entre os conteúdos das disciplinas propedêuticas e os conteúdos das disciplinas técnicas. Caso não haja essa conexão, corre-se o risco de se ter uma disciplina totalmente sem sentido para a vida do aluno, nos moldes do ensino tradicional, seco, pouco aplicado.
A pesquisa de natureza básica e de abordagem qualitativa, com objetivo exploratório, cosistiu na análise dos planos de aulas das disciplinas técnicas e propedêuticas ministradas em uma turma de Agropecuária do 1º Ano do Ensino Básico Integrado ao Técnico. Apoiamo-nos em nossas discussões e análises em teóricos representantes da Psicologia Cognitiva, como Vygotsky(1896) e Ausubel(1978).
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa teve como objetivo encontrar indícios curriculares que explicassem a apatia dos alunos com relação à Química visando construir subsídios que auxiliem na melhoria do ensino dessa disciplina.
MÉTODOS:
Como procedimento técnico da pesquisa curricular, realizou-se a pesquisa documental. Para isso foram investigados os Planos Anuais de Aulas da disciplina Química, desenvolvido em 2012, as ementas das disciplinas técnicas que compõem o referido curso, assim como o fluxograma curricular.
O confronto das ementas permitiu verificar a possibilidade de ocorrência de conexões entre a Química e as disciplinas Técnicas. Ao se preparar uma proposta metodológica no ensino da Química, sugere-se ter havido um olhar prévio nos conteúdos curriculares. Pois, dependendo da natureza de determinado conteúdo, a sensibilidade da prática docente pode indicar os melhores instrumentos que possam mediar o processo educacional. Por outro lado, a escolha do componente curricular também sugere uma metodologia investigativa dos constructos pessoais dos alunos para que se possa estabelecer o ponto de partida.
Desta forma, os procedimentos desta pesquisa desdobraram-se em duas faces complementares entre si: (I) a análise curricular da disciplina Química e das disciplinas técnicas ministradas na turma ao longo do ano de 2010; (II) análise das escolhas metodológicas realizadas como formas de intervenções no processo de ensino-aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com relação à distribuição do conteúdo programático de Química ao longo das unidades, seguiu-se o padrão tradicional da maioria dos livros didáticos de Química. Percebeu-se o ensino ahistórico (CHASSOT, 1995) pela ausência de um tópico relacionado com a História da Química, contribuindo negativamente à significação da disciplina pelos alunos.
Das disciplinas técnicas, existiam planos curriculares apenas das disciplinas de Informática, Horticultura I, Piscicultura e Segurança no Trabalho. Pelos conteúdos das ementas, observaram-se raras possibilidades de aproximações entre os conteúdos de Química vistos tradicionalmente no 1º ano e os conteúdos das disciplinas. Observando-se o fluxograma curricular, Agricultura foi inserida na programação do 2º ano. A análise da ementa permite afirmar que essa disciplina é composta por conteúdos que fundamentam as outras disciplinas agrícolas, como a própria Horticultura I, do primeiro ano. Além disso, a disciplina de Agricultura I possui conteúdos bastante próximos àqueles discutidos em Química no primeiro ano.
Este cuidado com o conteúdo é de grande importância, para que se sedimentem os conhecimentos prévios necessários, os quais servirão de “âncora” à aquisição dos conceitos menos inclusivos, isto de acordo com Ausubel (1978).
CONCLUSÕES:
Encontrou-se fortes indícios que apontam para a o currículo desintegrado como um ponto desfavorável à significação dos conteúdos por parte dos alunos. Para superar esse limite e promover o aprendizado, o currículo desintegrado precisa ser integrado, as disciplinas técnicas precisam dialogar com as propedêuticas, a sequência de conteúdos de Química precisa estar desassociada da sequência didática tradicional e arraigada em várias obras de Química do Ensino Médio e por fim, os conteúdos devem ser escolhidos baseando-se nos princípios defendidos por Chassot(1995) em uma de suas obras: o que ensinar? como ensinar? para que ensinar?
Palavras-chave: Educação, Currículo, Ensino de Química.