65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 8. Química
A Bebida Alcoólica Como Tema Gerador no Ensino de Química: Uma Abordagem Preventiva Para Alunos Do Nível Médio
Luís Victor dos Santos Lima - Professor De Educação Básica pela Secretaria de Educação do Estado da Paraíba
Alessandra Marcone Tavares Alves de Figueirêdo - Profa. Dra./Orientadora pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Vânia Maria Medeiros - Profa. Dra pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
INTRODUÇÃO:
O sistema educacional, lamentavelmente, não segue plenamente as diretrizes propostas pelo Ministério da Educação do Brasil. Dentro da área das Ciências Naturais e Matemática este quadro se torna ainda mais crítico. Levando-se em conta as propostas educacionais elaboradas para a disciplina Química, percebe-se que desde a sua gênese, essas diretrizes sugerem a abordagem de temáticas sociais, tendo em vista que um dos objetivos da Educação Básica é a formação de cidadãos para o pleno exercício da cidadania, desta forma, a articulação de temas socialmente relevantes se faz necessária para tal construto. A realidade social de jovens brasileiros com faixa etária entre 13 a 16 anos, que constituem, em grande parte, alunos que compõem o Ensino Médio Regular e que vivem nos grandes centros urbanos, se encontram em situação de vulnerabilidade ao contato e consumo de drogas, principalmente o álcool. Portanto, essa práxis, que possui caráter informativo e preventivo, faz uso de um tema gerador que está associado à realidade em que os adolescentes estão vulneráveis. Para tanto, a abordagem de conceituações químicas servirá para fomentar reflexões e técnicas que contribuam para minimizar os altos índices de consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens que compõem o universo desta pesquisa.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Aprofundar a temática droga e promover a conscientização dos alunos do Ensino Médio através da abordagem de conceituações químicas, que culminem em uma práxis de caráter preventivo no tocante às bebidas alcoólicas.
MÉTODOS:
Essa pesquisa foi desenvolvida e aplicada com 32 alunos de uma turma do 2º ano do Ensino Médio Regular, em uma escola estadual da região metropolitana de João Pessoa – PB. Baseado no tema gerador "Bebidas Alcoólicas" (BA), foi estruturado um plano de aula que abrangeu 5 (cinco) aulas com 45 minutos cada pertinente à disciplina Química, para exploração da problemática supracitada, na qual foi tratada dentro de um contexto químico e social. A priori, em sala, foi escolhido um texto que abordava a polêmica com relação à proibição do consumo de BA dentro dos estádios em que serão realizados os jogos da Copa do Mundo de 2014 que acontecerão no Brasil. Em uma das aulas foi realizado um experimento que remete ao princípio reacionário com que os bafômetros funcionam, onde pode-se, de forma qualitativa, verificar o teor alcoólico de diversas bebidas. Com o intuito de avaliar a proposta qualitativamente, as aulas foram gravadas em áudio e, depois, transcritas. Foi usada a Análise de Discurso como ferramenta metodológica para avaliar todo o processo vivenciado em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Posteriormente a leitura do texto, o assunto da proibição de BA dentro dos estádios durante os jogos da Copa do Mundo de 2014 foi amplamente discutido. Todavia, a maioria dos discentes desconhecia a Lei que discorria sobre esta proibição em ambientes esportivos, assim como, a decisão tomada pela FIFA, em consonância com o Brasil, em autorizar a venda de bebidas durante os jogos da Copa de 2014. Desta forma, foi principiada uma discussão mais intensa sobre tal medida onde alguns alunos disseram: “Professor bebe quem quer não é? Mas eu acho que proibindo é melhor, pois tem gente que não sabe beber daí acaba brigando”; “Talvez se as pessoas soubessem se comportar seria menos violento. Proibir é melhor porque se deixar beber acontece tragédias”. Por conseguinte, por intermédio da experimentação, foi trabalhada a classificação das BA quanto à concentração de álcool contida em cada tipo de bebida. Durante a execução do experimento, os alunos vislumbraram a reação que é similar a dos bafômetros. O princípio reacionário consiste numa reação química de oxi-redução que é perceptível pela mudança de coloração, onde a intensidade aumenta conforme o teor alcoólico: “Está mudando de cor, deve estar reagindo mesmo professor”; “Esse está ficando mais verde que os outros, professor”. A associação entre uma fenomenológica do cotidiano com uma atividade experimental tornou essa práxis mais rica ao realizar um experimento que está atrelado ao dia-a-dia, tornando-o socialmente mais relevante.
CONCLUSÕES:
Atividades de caráter informativo e preventivo são de grande valia, principalmente quando aplicadas perante adolescentes que estão muito mais suscetíveis a riscos, por estarem vivendo em uma idade de transgressão. A articulação com outros docentes é importante, assim como profissionais de diversas áreas do conhecimento, pois a partir de propostas como essa, possam se estabelecer redes de prevenção, no intento de desenvolver um trabalho mais intenso, adotando múltiplas estratégias. Destarte, não basta apenas trazer uma proposta de metodologia inovadora, é necessário mudar o posicionamento e forma de direcionamento do educador para com o aluno, para que o mesmo seja ator social ativo do processo educacional. Contudo, a aproximação entre temas de ampla repercussão na sociedade, como as drogas, quando associados com o saber científico, forma um par indispensável na construção de um conhecimento concreto e crítico. Neste sentido, a escola deve ir além da simples aprovação de alunos, ela deve se empenhar na edificação de cidadãos conscientes.
Palavras-chave: Contextualização, Conceituações Químicas, Experimentação.