65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
COMPORTAMENTO ANTIOXIDANTE DO ÓLEO ESSENCIAL E EXTRATO ETANÓLICO DE Siparuna guianensis UTILIZANDO DPPH
Juliana Albuquerque da Silva - Depto. de Ciências Exatas e Tecnológicas - UESC
Fernando Faustino de Oliveira - Prof. Dr. – Depto. de Ciências Exatas e Tecnológicas - UESC
Rosilene Aparecida de Oliveira - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Ciências Exatas e Tecnológicas - UESC
INTRODUÇÃO:
Dentre as espécies produtoras de óleos essenciais estão os vegetais da família Siparunaceae que consiste em dois gêneros, Glossocalyx e Siparuna. Siparuna guianensis Aubl. é um gênero de pequenas árvores e arbustos, popularmente conhecida como "capitiú" ou "negramina". São vários os relatos do uso das folhas, na forma de chá, para combate a frios, febre, pressão arterial, doenças reumáticas e cólicas. Extratos são utilizados como inseticida. Estudos fitoquímicos levaram ao isolamento de flavonóides e alcalóides aporfínicos. Antioxidantes é um grupo de substâncias que estando presentes em concentrações ideais em relação aos substratos oxidáveis, inibem ou retardam significativamente os processos oxidativos. São capazes de proteger os sistemas biológicos dos danos produzidos pelo estresse oxidativo, das doenças degenerativas e do câncer e têm despertado o interesse das indústrias farmacêutica, alimentícia e cosmética. Alguns óleos essenciais apresentam atividade antioxidante. Um dos métodos usados para a determinação da atividade antioxidante está baseado na mudança de coloração de uma solução composta pelo radical estável 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH) quando se adiciona substâncias que podem ceder um átomo de hidrogênio.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Esse trabalho teve como objetivo obter o óleo essencial e extrato etanólico da espécie Siparuna guianensis, de ocorrência espontânea em Una-Bahia bem como investigar o potencial antioxidante desses materiais frente ao 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH).
MÉTODOS:
O material vegetal foi seco em estufa de ventilação forçada a 50°C. O extrato etanólico foi preparado por extração exaustiva usando 10g de matéria vegetal em 100 mL de etanol. As extrações do óleo essencial foram feitas usando a técnica de hidrodestilação acoplado a um adaptador Clevenger, em seguida foi determinado o teor (%m/m), em triplicata. A análise química do óleo foi feita por CG-FID e CG-EM usando cromatógrafo a gás Varian Saturno 3800 e o espectrômetro de massas Varian Chromo Pack 2000. A análise antioxidante foi realizada nas concentrações de 5, 50, 125, 250 e 500 µg.mL-1. Foi adicionado DPPH (0,3 mM) e as soluções foram mantidas no escuro. Após 30 minutos foram feitas leituras no espectrofotômetro Thermo Scientifc UV/VIS a 517nm, em triplicata. Como referência foi utilizado o ácido ascórbico (ASC). A porcentagem de sequestro de radicais livres (%SRL) foi calculada correlacionando a absorbância de cada amostra com a absorbância da solução controle ao final da reação. A concentração efetiva (CE50) para 50% da inibição foi calculada correlacionando o restante do SRL com as concentrações utilizadas. O índice de atividade antioxidante (IAA) foi calculado correlacionando-se a massa de DPPH (µg.mL-1) com CE50 (µg.mL-1).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O teor de óleo essencial foi de 2,14% (m/m). A análise química detectou 19 componentes, perfazendo um total de 98,1%; desses 76,2% são sesquiterpenos oxigenados, 5,7% de sesquiterpenos e 16,1% de fenilpropanóides. Os componentes majoritários foram o α-bisabolol (51,7%), m-cimen-8-ol (14,2%), α-óxido de bisabolol B (6,9%) e óxido de bisabolol (6,1%). Dados da literatura mostram que no óleo essencial da S. guianensis já foram identificados monoterpenos, sesquiterpenos, alcoóis sesquiterpenos e duas cetonas alifáticas. O α-pipeno, mirceno, epi-α-cadinol são os componentes químicos mais comuns. No Pará o óleo apresenta bisabolol como principal componente. As análises antioxidantes forneceram as seguintes porcentagens de Sequestro de Radicais Livres (%SRL): 0,0; 0,0; 0,0; 5,4 e 5,8 para o óleo essencial e 14,8; 89,6; 89,7; 91,6 e 94,4 para o extrato etanólico, nas concentrações de 5, 50, 125, 250 e 500 µg.mL-1. Nessas mesmas concentrações o ácido ascórbico apresentou as seguintes %SRL: 0,0; 33,2; 95,1; 95,2 e 95,4. As CE50 para ASC, óleo essencial e extrato foram de 222,74, 3.350,5 e 222,0 µg.mL-1, respectivamente. Os IAA foram de 5,3 para o extrato, 0,35 para o óleo 5,3 para o ASC.
CONCLUSÕES:
O teor de óleo essencial da S. guianensis foi de 2,14% (m/m) e apresenta na sua constituição sesquiterpenos oxigenados, sesquiterpenos e fenilpropanóides. O α-bisabolol, m-cimen-8-ol, α-óxido de bisabolol B e óxido de bisabolol foram os componentes majoritários. O óleo essencial não apresenta atividade antioxidante, IAA<0,5. O extrato etanólico apresenta IAA próximo ao ácido ascórbico, IAA>2,0, sendo classificado como elevado potencial antioxidante. O extrato etanólico apresenta-se como promissor para futuros testes como antioxidantes.
Palavras-chave: Extração exaustiva, Teor de óleo, Análise CG.