65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES VEGETAIS EM TRÊS FITOFISIONOMIAS CONTÍGUAS DO CERRADO NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL
Malu Dutra de Melo - Depto. de Botânica/Mestrado - UnB
José Felipe Ribeiro - Prof. Dr./Orientador – Embrapa Cerrados
INTRODUÇÃO:
O Cerrado brasileiro é caracterizado por uma variedade de fitofisionomias: formações florestais, savânicas e campestres (Ribeiro & Walter 1998). A organização das fisionomias do Cerrado é influenciada por fatores abióticos (variação topográfica, frequência de fogo, umidade do solo e impactos antrópicos), sendo esses, elementos importantes para entender os padrões de distribuição das comunidades vegetais (Coutinho 1978). As transições entre essas fitofisionomias estão associadas, principalmente, à disponibilidade de água nos solos. Onde a disponibilidade de água superficial é alta, há predomínio da vegetação herbácea, formando, assim, os Campos Limpos. Entretanto, quando há escassez de água superficial, o estrato arbóreo é predominante, caracterizando, assim, o Cerrado Sentido Estrito (Skarpe 1991). No bioma Cerrado, as transições entre fisionomias fechadas e áreas abertas são bruscas, sendo essa separação nítida entre uma vegetação e outra (Hopkins 1992). Nesses locais existe a possibilidade de uma fisionomia avançar sobre a outra ou da zona de transição permanecer estável. Estudo sobre padrões de distribuição de espécies pode ajudar na compreensão de fatores ambientais determinantes na estruturação da comunidade (Felfili 1998; Nascimento et al. 2002).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve por objetivo realizar um levantamento florístico em três fisionomias contíguas do Cerrado (Cerrado Típico, Campo Sujo e Campo Limpo Úmido), bem como caracterizar a riqueza florística e identificar os possíveis padrões de distribuição de espécies vegetais que caracterize o gradiente vegetacional dessas áreas.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado em área com ocorrência de três fisionomias de Cerrado contíguas, na Reserva Ecológica Mirante, localizada na EMBRAPA Cerrados (47º 43’ 59” W 15º 36’ 31” S). O Levantamento florístico foi realizado pelo método de interseção na linha. Foram amostradas três linhas, de 330m cada, que cortaram transversalmente essas fisionomias. A identificação botânica foi conduzida em campo e no Herbário da Universidade de Brasília (UB). As espécies foram classificadas em famílias de acordo com sistema do Angiosperm Phylogeny Group III (APG III 2009) e a grafia dos nomes foi confirmada no banco de dados eletrônicos do Missouri Botanical Garden (http://www.mobot.org/). A diversidade florística foi calculada pelo índice de diversidade de Shannon & Wiener. Os cálculos de cobertura e frequência absolutas e relativas foram realizados pelas fórmulas de Kent & Coker (1992), adaptadas por Munhoz & Felfili (2006). Para avaliar as relações florísticas e da cobertura entre as fisionomias, foi empregada a técnica de análise multivariada TWINSPAN utilizando o programa PC-ORD no sistema operacional Windows (Hill 1979).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No Cerrado Típico (CT) foi registrada 108 espécies, 82 gêneros e 36 famílias, no Campo Sujo (CS) foi registrada 87 espécies, 64 gêneros e 35 famílias e no Campo Limpo Úmido (CLU) 24 espécies, 17 gêneros e 7 famílias. Nas três fisionomias, as famílias com maiores porcentagens de cobertura e frequência relativa foram Poaceae, Melastomataceae, Cyperaceae, sendo que no CT e CS, Fabaceae, Myrtaceae e Compositae também foram bem amostradas. Essas famílias são comumente apontadas entre as mais ricas nos estudos da flora do cerrado (Felfili et al. 1998; Tannus e Assis 2004). CT apresentou diversidade, segundo o índice de Shannon, de 3,71 nats/indivíduos -1, já o CS apresentou diversidade de 2,80 nats/indivíduos -1 e no CLU a diversidade foi de 1,92 nats/indivíduos -1. A riqueza dessas fisionomias está sujeita a influência de alagamentos sazonais ou constantes do solo (Munhoz et al. 2008). A análise de classificação agrupou as UAs em seus respectivos ambientes. A Trembleya parviflora esteve presente nas três fisionomias, ao passo que, Dimorphandra mollis e Axonopus marginatus foram exclusivos do CT, Lycopodiella cernura foi exclusiva do CS, e Lagenocarpus rigidus foi amostrado apenas no CLU.
CONCLUSÕES:
O Hábito de vida mais frequente no ambiente mais aberto foi herbáceo e subarbustivo, sendo que as famílias Cyperaceae, Poaceae e Melastomataceae apresentaram os maiores números de espécies nesses ambientes, em contrapartida, no ambiente mais fechado o estrato arbóreo e subarbustivo foram mais frequentes.
A riqueza florística encontrada nas fisionomias amostradas na Reserva Ecológica da Embrapa Cerrados no Distrito Federal deve-se, provavelmente, à existência de diferentes ambientes edáficos sob essa comunidade vegetal, principalmente devido às condições de umidade.
A distribuição das espécies vegetais amostradas apresentam-se em gradiente vegetacional composto por faixas fisionômicas. Três faixas foram identificadas, no que se refere à composição florística: CT, CS e CLU.
Palavras-chave: Interseção na linha, Fisionomias, Gradiente.