65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 5. Matemática - 5. Probabilidade e Estatística
COMPREENSÃO DE ESCALAS REPRESENTADAS EM GRÁFICOS POR ALUNOS DA EJA
Lucicleide Bezerra - EDUMATEC – UFPE
Maria Betânia Evangelista da Silva - Prefeitura Municipal de Olinda / EDUMATEC – UFPE
Paulo Marcos Ribeiro da Silva - Prefeitura Municipal de Ipojuca / EDUMATEC – UFPE
Fabíola Santos Martins de Araújo Oliveira - Prefeitura Municipal de Ipojuca / EDUMATEC – UFPE
INTRODUÇÃO:
O Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional mede o nível de alfabetismo da população adulta em nível nacional, seu objetivo é oferecer à sociedade informações sobre habilidades e práticas de leitura, escrita e matemática da população adulta brasileira, revelou que apenas 27% da população brasileira com idade de 15 a 64 anos, atingem o Alfabetismo Pleno (INAF, 2009). Por alfabetismo pleno definem: pessoas que resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, proporções e cálculo de área, além de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e gráficos.
Pesquisadores vêm desenvolvendo pesquisas que evidenciam também algumas dificuldades de adultos pouco escolarizados compreenderem representações em gráficos e, mais especificamente, as escalas representadas nos mesmos. A compreensão de escalas vem sendo considerada como um marcador das dificuldades enfrentadas pelos estudantes. Cavalcanti (2010) investigou como adultos da EJA compreendem a escala representada em gráficos de barras e de linha. Foram realizados testes, com o objetivo de investigar quatro variáveis: o tipo de gráfico; o valor da escala; a necessidade de o aluno localizar um valor implícito ou explícito na escala, ou de localizar uma frequência ou uma categoria a partir da escala.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar como adultos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio compreendem a localização de valores implícitos ou explícitos representados na escala em gráficos de barras e de linha.
MÉTODOS:
Participaram dessa pesquisa 37 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do turno da noite de 2 escolas públicas da Região Metropolitana do Recife (RMR), sendo 15 alunos do Ensino Fundamental II Fase IV (equivalente ao 8º ano do Ensino Fundamental) e 22 alunos do Ensino Médio Módulo III (equivalente ao 2º ano do Ensino Médio).
Solicitamos que os alunos respondessem individualmente um teste com 5 (cinco) questões que envolviam a localização de dados em escalas representadas em gráficos de barras e de linhas com valores apresentados explicitamente ou não. O teste proposto aos alunos foi elaborado por Cavalcanti (2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Levando em consideração todos os níveis de escolaridade, tipos de gráfico e leitura dos valores explícitos e implícitos na escala os alunos tiveram em média 64% de acerto.
Os alunos do Ensino Médio na faixa (15 aos 24 anos) obtiveram um percentual de acerto de 75% enquanto os alunos da mesma faixa etária do Ensino Fundamental II de 66%. Mostrando que a escolaridade é o principal fator para desenvolver a habilidade dos indivíduos.
Todos os alunos do Ensino Fundamental II investigados tinham entre 15 e 24 anos, não sendo assim possível estabelecer relação por faixa etária para esse nível de ensino.
No Ensino Médio observamos que quanto menor a faixa etária, maior o percentual de acerto. Esses dados ratificam as conclusões do INAF (2009) que revela que quanto menor a faixa etária maior o número de pessoas dentro no nível de alfabetismo pleno. O que mostra a importância das pessoas serem alfabetizadas na idade correta.
Ao analisarmos os gráficos de barras e o de linha, percebemos que nos dois níveis de escolaridade o tipo barras apresentou melhor desempenho (67%) do que os de linha (61%).
Sob o aspecto da localização de um valor na escala, localizar um valor implícito na escala se mostrou mais difícil (47%) do que localizar um valor explícito (78%).
CONCLUSÕES:
Nosso estudo comparou o desempenho de alunos da EJA do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, considerando a quantidade de acertos na leitura dos gráficos de barras e de linha em função dos valores estarem ou não explícitos na escala alteram o desempenho dos alunos.
Percebemos que, os alunos nos dois níveis de escolaridade tiveram um desempenho melhor quando interpretaram gráficos de barras do que de linha. Guimarães, Gitirana, Cavalcanti e Marques (2007), percebem que a maioria dos gráficos trabalhados em todos os anos de escolarização é o gráfico de barras (56%) e apenas 8% era o gráfico de linhas. Dessa forma, acreditamos que a familiaridade que os alunos têm com esse tipo de gráfico pode ter influenciado no desempenho melhor no gráfico de barras em relação ao gráfico de linha.
Na análise da localização de um valor implícito ou explícito na escala é possível considerar que a localização de um valor explícito os alunos apresentam um melhor desempenho do que no valor implícito, percebemos nos alunos dos dois níveis de ensino dificuldades em compreender que existe uma continuidade numérica entre os intervalos escalados.
A partir dessas informações, podemos constatar que, os alunos ainda apresentam um desempenho insatisfatório quanto à interpretação de gráficos.
Palavras-chave: EJA, Gráficos, Escala.