65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 12. Educação Física e Esportes - 1. Educação Física e Esportes
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE ALUNOS ATLETAS E NÃO ATLETAS
Anselmo José Perez - Prof. Dr. Depto. de Desportos – CEFD/UFES/ES
Fernando Rocha Sousa - CEFD/UFES/ES
INTRODUÇÃO:
Costa (2008) sugere que as possibilidades externas às aulas de educação física, presentes no contexto escolar, sejam mais bem estudadas, já que as produções que tangenciam as duas temáticas - esporte e escola - num viés extracurricular são ainda incipientes, segundo Bracht (2003). Desde 1969, quando os primeiros Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs) foram realizados e recebeu abrangência nacional, os jogos escolares têm sido sugeridos como meio de promoção de educação integral do jovem e, apesar de críticas pertinentes a esse modelo de trato pedagógico (BARBIEIRI, 1999; FERREIRA, 2000; LOVISOLO, 2001; STIGGER, 2001; BRACH, 2003; REVERDITO et al, 2208), e de propostas educativas contemporâneas na busca de avanços para uma formação crítica e reflexiva do aluno por meio da competição escolar (PALAFOX et al, 1999; REZENDE et al, 2002), pouco se tem escrito sobre o rendimento desses alunos atletas não na competição em si, mas na própria escola. Ou seja, será que alunos que se envolvem com treinamento para competições escolares possuem bom rendimento escolar? Entende-se a pesquisa como relevante a partir do momento que a formação do aluno como cidadão não se dá apenas por seu rendimento nos esportes e sua boa autoestima por fazer parte da seleção da escola.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Comparar o rendimento escolar de alunos que representam a escola em jogos escolares, chamados aqui de atletas, com o de alunos que não fazem parte de equipes competitivas, denominados não atletas.
MÉTODOS:
Trata-se de uma pesquisa descritiva comparativa, onde 15 alunos atletas nascidos entre 1995 a 1997 e que representaram a EEEM Rômulo Castelo, Carapina/Serra-ES no campeonato escolar entre escolas de ensino médio da rede estadual do Espírito Santo, e cursavam 1°, 2° ou 3° ano do ensino médio tiveram as notas obtidas no ano de 2011 nas matérias de português, ed. física, artes, física, química, biologia, matemática, história, geografia, sociologia e filosofia comparadas as de alunos não atletas das mesmas turmas. Para tanto, foram calculadas as médias e desvios padrões das notas e comparadas por meio do teste t de Student para amostras independentes e considerada a significância estatística para o valor de α < 0,05. Analisou-se também o rendimento geral considerando a aprovação dos mesmos ou não no ano em curso além de interpretação qualitativa de entrevista aplicada aos mesmos com perguntas a respeito de seus envolvimentos tanto em treinos como nos estudos da escola.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os atletas tiveram notas estatisticamente mais baixas do que não atletas nas disciplinas de português (59,6±9,7 vs 66,4±8,2), química (57,3±14,0 vs 65,3±5,1), e biologia (57,0±21,0 vs 70,5±13,2). Nas matérias física, matemática, história, geografia, sociologia e filosofia, foram encontradas notas maiores para os não atletas, porém sem diferenças significativas. Cinco atletas foram reprovados no rendimento final do ano, contra apenas um dos não atletas. Sobre o envolvimento com os estudos, tanto atletas como não atletas diziam destinar tempo suficiente. Os atletas diziam ocupar grande tempo de seus dias aos treinos, sem atrapalhar os estudos. Segundo Spozati (2000), uma vez dentro da escola o aluno tem pouco ou nenhum incentivo para nela permanecer. Há muitos fatores que ajudam no fracasso escolar (De olho nas metas, 2011), mas há falta de interesse dos jovens pela educação (NERI e OLIVEIRA, 2011). De acordo com Nogueira (2011) o esporte se tornou uma das principais ferramentas de intervenção em políticas públicas para a juventude, e os jovens se interessam por escolas que oferecem equipes competitivas treinando e participando de competições (SANTOS; SIMÕES, 2007). Isso não garante o sucesso no desempenho escolar, assim como por si o esporte competitivo não pode ser culpabilizado pelo pior rendimento encontrado em atletas.
CONCLUSÕES:
Independente das análises e discussões no campo acadêmico das teorias da educação física em relação ao trato pedagógico da competição escolar pode-se sugerir que, para este grupo estudado, ser atleta de uma escola e estar envolvido com os jogos escolares representou ter um rendimento escolar pior do que os alunos que não estavam envolvidos com a competição escolar e seus respectivos treinamentos.
Palavras-chave: Educação Física e Treinamento, Esportes, Baixo Rendimento Escolar.