65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
AVALIAÇÃO DA MOBILIDADE URBANA NA CIDADE DO RECIFE (PE)
Ítalo César de Moura Soeiro - Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Isabela Barros Muniz de Almeida - Depto. de Ciências Sociais, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Danieli Bezerra da Costa - Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
José Diego de Oliveira - Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Rodrigo Luiz da Silva Rodrigues - Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Reydson Augusto Machado de Souza - Depto. de Ciências Geográficas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
INTRODUÇÃO:
A cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, na sua distribuição territorial ocorre um agrupamento do mercado de trabalho em uma determinada área, denominado pela população como o “centro da cidade”, onde não é o centro geográfico, porem é um centro de atividades econômicas, culturais, jurídicas, políticas e sociais. Essa aglomeração que ocorre nesta área não é advinda de ações planejadas e pensadas e sim de uma de uma gênese sócio-histórica. Esse agrupamento está trazendo consequência nos fluxos da cidade, pois por ter uma centralização territorial é notório que esses fluxos também vão ser concentrados. Desta forma, é necessário que exista nesta cidade um planejamento muito bem estruturado e que funcione efetivamente. Ao analisar a mobilidade urbana do Recife será analisado também como e com que intensidade esse fator urbano está interferindo na vida social e familiar desta população. Boa parte dessa população rotativa da área em estudo vem dos bairros distantes e até mesmo dos municípios circunvizinhos (SOEIRO, 2012). Partindo desta observação, o problema que norteará essa pesquisa é: a disposição espacial da cidade do Recife, e o planejamento urbano, principalmente o planejamento da mobilidade urbana, estão interferindo nas relações sociais e de que maneira?
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa deseja avaliar a mobilidade urbana do Recife no intuito de apoiar a tomada de decisão no campo do planejamento urbano em busca de modelos de deslocamento, agente da qualidade de vida urbana. Pretendendo analisar se o Recife dispõe de aparatos que possibilitem uma mobilidade inclusiva, ou seja, que permita deficientes físicos se locomoverem de acordos com seus desejos e necessidades.
MÉTODOS:
Para avaliação da mobilidade urbana do Recife foi aplicada uma metodologia que considerará os aspectos sociais, ambientais e econômicos envolvidos no fenômeno, pois entendemos que a criação de um planejamento urbano deve ser pensada nestas perspectivas e não meramente em uma analise técnica. Na primeira etapa da pesquisa foi feita uma análise de documentos do planejamento da mobilidade urbana no Recife, buscando esses documentos nos órgãos responsáveis por esse planejamento. Após essa pesquisa documental foi feita uma análise sobre esses documentos na tentativa de identificar se o planejamento da cidade do Recife tem os aspectos sociais, ambientais e econômicos e se existe uma preocupação com a inclusão social e com a acessibilidade. Após a pesquisa documental e sua análise, foi realizada uma visita na área em estudo para ser observado e registrado, com o auxílio de câmeras fotográficas, se o planejamento está sendo posto em prática. Partindo destas observações foi elaborado um questionário semi-estruturado e entrevistas, que foram aplicadas com a população da área em estudo objetivando analisar a percepção desta população com essas questões em estudo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Não tivemos dificuldade em acessar o Plano de Mobilidade do Recife onde foi observado na Lei nº 17.511 no artigo 74 que nesse plano diretor de transporte e mobilidade urbana existe uma preocupação com a garantia de mobilidade como condição essencial para o acesso das pessoas as funções urbanas e para suas funções sociais, considerando a diversidade social e as necessidades de locomoção dos cidadãos, tendo uma atenção especial as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, porém ao ser feita a observação na área em estudo pôde-se observar que esse planejamento não tem êxito, pois apenas 1.143 da frota de ônibus da Região Metropolitana, que possui atualmente 2955 veículos, estão equipados com elevadores. Além da questão do acesso ao transporte público, existe a questão da automobilidade, que também é prejudicada justamente por desprover de uma ação política que disponibilize ruas e calçamentos que viabilizem uma mobilidade independente de cidadãos com mobilidades reduzidas.
CONCLUSÕES:
Essa falta de estrutura do transporte e das vias públicas, aliado a disposição espacial da cidade, está interferindo sim na vida social da população, pois inviabiliza uma questão básica da qualidade de vida que é ter condições de se locomover com facilidade de sua residência para o seu trabalho ou para o seu lazer e para qualquer outro lugar onde se deseje ou tenha necessidade de estar. Notam-se também os efeitos do contraste das estruturas urbanas/aumento populacional no subúrbio, justamente pela falta de estrutura e mobilidade urbana tornando assim, praticamente impossível locomover-se pendularmente do subúrbio para o “centro da cidade”, fazendo com que as famílias desprovidas de automóvel privado lidem com a falta de estrutura do transporte público. Além desta questão pode-se concluir a partir dos questionários e entrevistas, que foram aplicados tanto em cidadãos com mobilidade reduzida, quanto com mobilidade plena, que esta dificuldade encontrada para a locomoção está interferindo nas relações sociais, já que uma boa parte do seu tempo é transitando ou tentando transitar.
Palavras-chave: Mobilidade Urbana, Região Metropolitana do Recife, Qualidade de Vida.