65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 6. Engenharia de Produção
CAPACITAÇÃO E PERCEPÇÃO DE RISCO AMBIENTAL DOS FRENTISTAS DE POSTOS DE GASOLINA NA CIDADE DE LAGARTO, SERGIPE
Wasley Pereira Santos Figueiredo - Curso técnico em Eletromecânica – IFS. Bolsistas do programa PFRH - PETROBRAS.
Hélio Santos Fontes - Curso técnico em Eletromecânica – IFS. Bolsistas do programa PFRH - PETROBRAS.
Ricardo Monteiro Rocha - Mestrado em Meio Ambiente – UFS. Professor EBTT do IFS.
INTRODUÇÃO:
De acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) em todo o território brasileiro no ano de 2008, 202.965 metros cúbicos de combustíveis foram comercializados. No ano de 2012, o Sindicato Nacional das Empresas Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom) estimou um aumento de 6,3% de aumento em relação aos 118 milhões de metros cúbicos do ano anterior. O número de postos revendedores de combustíveis tende a aumentar e por isso se fazem necessárias avaliações de seus frentistas para que a qualidade de serviço não seja comprometida. Os riscos relacionados com produtos inflamáveis devem ser controlados e conhecidos por estes profissionais a fim de se evitar eventos desagradáveis, como explosões.
As cidades do interior não são fiscalizadas no que tange ao treinamento dos seus frentistas em postos de gasolina. A cidade de Lagarto, apesar de ser um município de porte médio do estado de Sergipe, segue esse panorama.
A fim de avaliar a capacitação e percepção de riscos desses profissionais, o trabalho traz uma pesquisa exploratória feita em Postos de gasolina da cidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a qualificação e a percepção de perigos dos frentistas dos postos de gasolina em relação à proximidade de produtos inflamáveis em postos de gasolina na cidade de Lagarto, Sergipe.
MÉTODOS:
Num primeiro momento foi feita uma revisão bibliográfica a partir de um levantamento de artigos científicos sobre o tema. A partir daí foi elaborado um questionário aberto com perguntas relacionadas ao tempo de treinamento que receberam e de percepção quanto ao risco da profissão. Foram realizadas entrevistas abertas a ao menos um frentista de cada um dos oito postos de gasolina visitados da cidade de Lagarto, Sergipe. A percepção de risco foi classificada em três níveis: baixo (em que o frentista entrevistado não considera a profissão perigosa), moderado (o frentista reconhece o perigo da profissão, mas prioriza riscos secundários do emprego) e alto (prioriza a atenção nos produtos inflamáveis, considerando o risco de trabalho elevado, não menosprezando riscos secundários). Por riscos secundários, entendam-se riscos não relacionados diretamente a profissão, como assaltos, atropelamentos, etc. Ao final de trabalho foram feitas comparações com artigos levantados no início, permitindo algumas conclusões.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após apurados os resultados dos questionários verificou-se que 44,45% dos frentistas entrevistados afirmaram não receber da empresa a qual prestam serviços um avaliação periódica da qualidade de trabalho. Dos frentistas entrevistados a maioria eram do sexo masculino restando apenas as mulheres a porcentagem de 12,5% dos profissionais. A média de idade dos trabalhadores é de 29 anos, com extremos de 19 e 48 anos. Estão na profissão em uma média de 6 anos e 6 meses. Para desempenhar a profissão todos receberam um treinamento, seja este formal (treinamento cedido pela a empresa) ou informal (por amigos com mais tempo de serviço). Dos entrevistados 37,5% demonstraram percepção de risco baixa, 37,5% demonstraram percepção de risco moderada e 25% apresentaram uma percepção elevada. Paralelamente a pesquisa percebeu-se um número elevado de assaltos, o que torna a profissão não tanto requisitada. É importante ressaltar que mesmo havendo falhas nos treinamentos de capacitação, nenhum dos entrevistados afirmou ter presenciado a algum tipo de incêndio. Por outro lado, apenas um dos profissionais afirmou ter conhecimento de como fazer o processo de abastecimento do Posto de Combustível pelo Caminhão, enquanto os outros apenas imbuíam essa tarefa a outro profissional.
CONCLUSÕES:
A mão-de-obra frentista é majoritariamente masculina com idades entre 19 e 48 anos, sendo pouca ou mínima a participação feminina na profissão na cidade de Lagarto. Como parte dos entrevistados estava em sua primeira experiência como frentista, nota-se que a falta de treinamento adequado é um problema ainda recente.
A situação se complica quando há incongruências em respostas relacionadas à duração de treinamentos entre frentistas de mesma empresa. Enquanto o tempo obrigatório de treinamento, regulamentado pela Norma Regulamentadora Nº 20 do Ministério do Trabalho, é de 16 horas para a operação e atendimento a emergências, muitos afirmaram que os treinamentos duraram semanas, o que indica provavelmente que eles não tinham ideia sobre o treinamento questionado. Os treinamentos mostraram-se deficientes, o que sugere uma melhor fiscalização dos órgãos competentes e das empresas às quais os trabalhadores prestam serviços. Metade dos entrevistados ao terem afirmado que não recebem avaliação periódica das empresas, comprovam que por parte delas ainda não há uma preocupação com relação à conscientização dos seus empregados quanto ao tema abordado na pesquisa. Programas de conscientização para os empregados seriam medidas eficientes com o fim de mostrá-los os perigos da profissão. Como conclusão secundária, notaram-se índices elevados de assaltos em postos de gasolina, o que explica o fato da preocupação com a criminalidade ser mais mencionada do que os riscos inerentes da profissão.
Palavras-chave: Segurança do Trabalho, Saúde, Gestão.