65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 2. Economia e Sociologia Agrícola
CONSEQUÊNCIAS SOCIOAMBIENTAIS DA CULTURA DO DENDÊ NO MUNICÍPIO DO MOJÚ/PA
Fabio Peixoto Duarte - Faculdades Integradas Ipiranga
Glauber Florêncio da Cunha - Faculdades Integradas Ipiranga
Eliane Elem de Almeida Batista - Faculdades Integradas Ipiranga
Maria do Bom Conselho Lacerda Medeiro - Universidade Rural da Amazônia - UFRA
Elena Almeida de Carvalho - Profa. Msc./Orientadora - Faculdades Integradas Ipiranga
INTRODUÇÃO:
A região Amazônica dispõe de um diversificado campo de culturas oleaginosas promissoras para produção de biocombustíveis, dentre elas a cultura do dendê (Elaeis guineensis Jacq.). O dendezeiro é a oleaginosa que mais produz óleo por área plantada, dentre as diversas e mapeadas existentes no Brasil. Observou-se que 1 litro de óleo vegetal pode substituir 1 litro de óleo diesel, para cuja produção seriam necessários 2,2 litros de petróleo bruto. Além de contribuir para a fixação do homem no campo, constitui uma alternativa viável e rentável para a recuperação de áreas alteradas, além de ser uma cultura extremamente versátil, sendo dela aproveitado os óleos da semente (óleo de palma) e do mesocarpo (óleo de palmiste). A palmeira oleaginosa de origem africana foi introduzida no Brasil por volta do século XVI, por ocasião do tráfico negreiro. Na época, os escravos oriundos, principalmente, de Angola, Benin e Moçambique transportavam sementes dentro dos navios, as quais deram origem aos primeiros dendezais no litoral do Estado da Bahia (SAVIN,1965). Na Região Amazônica, por sua vez, a introdução se deu no início da década de 50, no Estado do Pará, por meio do Instituto Agronômico do Norte (IAN), precursor da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Amazônia Oriental), que importou algumas linhagens do continente africano com o fito de levantar informações básicas para avaliar suas possibilidades de cultivo na Amazônia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
OBJETIVO GERAL >Investigar o cultivo do dendê no município do Mojú e suas consequências no meio natural e junto às famílias de agricultores locais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS >Investigar a mudança de paisagem na área em estudo após inserção da cultura do dendê. >Verificar se o cultivo de dendê é uma alternativa viável de sustentabilidade para famílias que possam estar vinculadas a projetos de plantio.
MÉTODOS:
A presente trabalho foi desenvolvida em áreas rurais do Estado do Pará, localizadas especificamente no município de Mojú (Assentamento Calmaria II), distante aproximadamente 140 Km da capital Belém. O município de Moju pertence à Mesorregião do Nordeste Paraense e à Microrregião Tomé-Açu. A sede municipal apresenta as seguintes coordenadas geográficas: 01º 53' 10" de latitude Sul e 48º 46' 00" de longitude a Oeste Greenwich. Limites: ao Norte - Municípios de Abaetetuba e Barcarena; a Leste - Municípios de Acará e Tailândia; ao Sul - Município de Breu Branco; e a Oeste - Municípios de Baião, Mocajuba e Igarapé-Miri. A pesquisa realizada no Assentamento Calmaria II, mais especificamente 35 famílias de agricultores que ali trabalham. Estes agricultores estão distribuídos em lotes de 25 hectares em média, porém só utilizam com o plantio do dendê 6 hectares perfazendo uma área total de 210 hectares de plantio. Vale ressaltar que em 2006 houve um Termo de Cooperação entre os Agricultores, Banco da Amazônia e Agropalma, que ensejava a implantação de cerca de 500 ha de palma, com a inclusão de 50 famílias. Contudo, devido a resistências naturais de assentados que não confiaram na proposta, houve uma adesão de 35 famílias, em módulos de 6 ha. O empreendimento foi financiado pelo PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR-Pronaf através do Banco da Amazônia/Agência Abaetetuba e Agropalma, sendo a assistência técnica as plantações realizadas pela equipe da Agropalma.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quanto à origem das famílias que praticam a cultura do dendê, o levantamento de campo mostrou a seguinte distribuição: 42% são provenientes do estado do Pará, 33% do estado do Maranhão, 17% do estado do Ceará e 8% do estado de Goiás, onde se percebe claramente que a maioria das famílias residentes no assentamento é proveniente de outros estados. O nível de escolaridade , mostrou que, 58% dos agricultores possui ensino fundamental incompleto, 34% alfabetizados e 8% ensino médio. Considera-se que essa situação deve-se a sua localização geográfica, sendo distantes dos centros urbanos, bem como a carência de escolas na comunidade, o que favorece o baixo nível de escolaridade. Os entrevistados não discutem os impactos negativos, pois segundo os agricultores a cultura do dendê está diminuindo a degradação do meio ambiente, pois antes viviam principalmente da cultura da mandioca e da extração da madeira para fabricação de carvão, duas atividades altamente degradantes ao meio ambiente. O levantamento comprova o que preconiza o INCRA (2011), que os impactos sociais de um projeto de assentamento rural da Reforma Agrária, devem ser em sua maioria positivos, com a inserção das famílias de agricultores, antes sem terra ou sem segurança fundiária, nos programas de acesso a créditos tanto para desenvolvimento da produção agrícola como para construção de moradias.
CONCLUSÕES:
Em função do diagnóstico executado com os agricultores que produzem dendê no Assentamento Calmaria II e de posse dos dados estatísticos levantados, pode-se concluir que a cultura do dendê modificou sim a paisagem na região, porém pouco impactou tendo em vista que as áreas plantadas já eram antropizadas, pois os mesmos viviam anteriormente de atividades altamente degradantes ao meio ambiente, como a cultura da mandioca e a extração de madeira para fabricação de carvão. Apesar dos benefícios que a cultura do dendê proporcionou não se pode deixar de lado duas questões muito importantes: o risco que a monocultura pode trazer ao meio ambiente e a segurança alimentar. Quanto aos problemas que a monocultura pode causar ao meio ambiente, só um trabalho bem planejado e com responsabilidade socioambiental entre governos, indústria e agricultores podem minimizar os possíveis danos que venham ocorrer. Uma vez que sabe-se que o dendê só começa a produzir significadamente a partir do quarto ano, e pensando na segurança alimentar, uma alternativa viável será o consórcio do dendê com culturas alimentares principalmente neste período inicial, possibilitando assim o sustento dessas famílias como o sucesso da nova atividade inserida. Por fim, acredita-se sim, que a cultura do dendê possa trazer desenvolvimento sustentável para a região, levando dias melhores ao homem do campo e ao meio ambiente.
Palavras-chave: biocombustíveis, rentável, cultivo.