65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O LÚDICO E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SOCIAL DA CRIANÇA HOSPITALIZADA COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER.
Hyllana Larysse Girão Arrais - Universidade do Estado do Pará
Oneli de Fátima Teixeira Gonçalves - Profª. Ms./Orientadora- Universidade do Estado do Pará
INTRODUÇÃO:
O projeto de intervenção foi realizado no Hospital Ophir Loyola, intermediado pelo projeto Prosseguir, o mesmo em atuação desde Abril de 2003, direcionado a crianças e adolescentes, em sua maioria advinda de cidades ribeirinhas Amazônicas, em tratamento Oncológico, onde a clientela assistida caracteriza-se pela ausência de instrução e recursos, com grande dificuldade de locomoção e acesso ao tratamento. As atuações pedagógicas foram realizadas de duas a três vezes por semana em um período de dois meses, com a aplicação de diversas atividades lúdicas seguidas de observações e relatórios. Em meio à fragilidade e abalo emocional do paciente em função do estado patológico e do isolamento social, a intervenção pedagógica é válida junto à criança hospitalizada, tendo como objetivo proporcionar a continuidade de seu desenvolvimento cognitivo e social em potencial e descontraí-la, a ponto de aliviá-la das tensões ás quais é submetida durante o tratamento. Para tanto, ressalta-se a importância da atuação de profissionais, através do lúdico, em função de um atendimento hospitalar diferenciado e humanizado, considerando a particularidade dos pacientes e familiares.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar que aspectos cognitivos e sociais a criança hospitalizada desenvolve no ambiente hospitalar por meio de prática educativa lúdica, identificando quais dificuldades de realização da prática educativa em ambiente hospitalar e compreender como o trabalho pedagógico e atividades lúdicas interferem no desenvolvimento da criança hospitalizada com câncer e a melhora do quadro emocional.
MÉTODOS:
Primeiramente deu-se o desenvolvimento das atividades a serem aplicadas, por meio de orientação e embasamento teórico da junta pedagógica, em uma espécie de treinamento e reconhecimento da área de atuação; após a elaboração do cronograma de atividades foram possíveis os contatos iniciais nos leitos da Quimioterapia Infantil, contendo cerca de dezessete pacientes pela manhã, com eventuais substituições no decorrer do período, todos acompanhados de seus responsáveis. A equipe constituída por Elizabeth Henriques e Hyllana Arrais, junto à monitora da disciplina Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Andressa Xavier, foi orientada pela Profa. Ms. Oneli Gonçalves Rocha. As atividades desenvolvidas deram-se diretamente nos leitos de Quimioterapia Infantil, da estrutura de Pediatria no referente Hospital; buscou-se executar o cronograma, ocorrendo mudanças no planejamento, apenas, pela indisposição ou desejo apresentado por algumas crianças, o início e término de cada atividade proposta eram submetidos ao interesse espontâneo na participação de cada criança. Os recursos utilizados, como tinta guache, aplicação da massa de modelar sobre desenho e livros de estórias, proporcionavam motricidade e livre expressão na realização das atividades.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O lúdico corrobora para o estimulo do saber e para o cognitivo e social, principalmente em condições especiais. O ambiente hospitalar, muitas vezes depreciativo demais para uma criança, é amenizado com a dinâmica e mobilidade que o lúdico proporciona. Retirar uma criança abruptamente do seu espaço e convívio natural torna-se agressivo e pode ameaçar seu desenvolvimento; a experiência mostrou que a interromper em sua formação social pode levá-la a paralisar, nesse momento, a intervenção pedagógica efetivamente estimula na criança o interesse inato pelo saber e por adquirir conhecimento. A vivência chamou atenção para outro aspecto: O socioeconômico; muitos que chegavam ao hospital em busca do tratamento oncológico, recorriam a casas de apoio/abrigos para se instalarem, já que não residiam na capital – Belém, Pa. Constatou-se que o hospital recebia, na sua maioria, uma comunidade oriunda das cidades ribeirinhas, não somente da região metropolitana, mas de outros estados. Na abordagem com os pacientes, familiares destes relatavam não ter escolaridade e nem instrução, enfrentavam necessidades quanto á alimentação e à locomoção na cidade desconhecida; dessa forma, eram desafiados a se manterem mediante as exigências de tratamentos longos, delicados e demasiadamente custosos.
CONCLUSÕES:
Contudo, verificou-se no pequeno período de atuação pedagógica e observação no âmbito hospitalar, que trabalhar cada vez mais com jogos e brincadeiras, proporciona um ambiente mais atraente para crianças com alguma patologia, neste caso, especificamente, o câncer. É através do lúdico que a criança poderá preparar-se para o futuro, de modo a aprender a suportar as dificuldades e saber lidar com elas, a vivência e a aplicação das atividades impeliram em uma experiência onde a criança aprende a lidar com seus sentimentos, a aliviar tristezas, tensões e as preocupações que norteiam seu cotidiano repleto de incertezas mediante o diagnóstico da doença. No entanto, trabalhar o lúdico é um meio facilitador da aprendizagem promovendo a interação entre paciente, facilitador e familiares, reafirmando a importância do uso pedagógico em ambientes não formais, ou seja, não escolares. Sendo assim, é possível inferir sobre o lúdico que sua aplicabilidade deve ser considerada com todos os seus efeitos positivos, estes geram inúmeras possibilidades, não somente o desenvolvimento cognitivo, mas a elevação da autoestima, a melhora do quadro emocional e progressos consideráveis no tratamento, que é o maior dos objetivos.
Palavras-chave: Pedagogia Hospitalar, Quimioterapia Infantil, Vivência.