65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
VARIAÇÃO SAZONAL DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA EM UM ESTUÁRIO URBANO EUTRÓFICO (RIO CAPIBARIBE, PERNAMBUCO, BRASIL).
Eveline Pinheiro de Aquino - Departamento de Oceanografia - UFPE
Marcella Guennes Tavares de Oliveira - Departamento de Oceanografia - UFPE
Laisa Madureira da Silva - Departamento de Oceanografia - UFPE
Leandro Cabanez Ferreira - Departamento de Oceanografia - UFPE
Marcos Honorato da Silva - Prof. Dr./ Orientador - Colégio de Aplicação - UFPE
José Zanon de Oliveira Passavante - Prof. Dr./ Orientador - Departamento de Oceanografia, UFPE
INTRODUÇÃO:
As comunidades biológicas são afetadas pela oscilação das variáveis bióticas e abióticas, resultando em uma heterogeneidade ambiental (Cloern & Jassby 2008). Dentre estas variáveis, Paerl & Justic (2013) destacam o ciclo anual de chuvas, que apresenta importante efeito na mudança sazonal das comunidades costeiras e pode refletir na qualidade do ecossistema. Diante desse contexto, a variação sazonal do fitoplâncton estuarino tem sido abordada, sob vários aspectos, em áreas estuarinas tropicais e temperadas (Gallegos et al 2010; Leão et al 2009; Silva et al 2009; Qui et al 2010).
O estuário do rio Capibaribe está localizado na área urbana da cidade de Recife, capital de Pernambuco, sofrendo intensos impactos antrópicos, como atividades de dragagem, pesca predatória, despejo de efluentes domésticos e industriais, dentre outros. Além disso, esse ecossistema apresenta elevada produtividade biológica (Feitosa et al 1999), importante para manutenção da biota local. Considerando a importância do estuário em questão, bem como para conservação das funções ecológicas e econômicas locais, o presente estudo contribui para o entendimento da dinâmica sazonal do fitoplâncton e poderá servir como subsídio para manejo e conservação dos estuários.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar as mudanças sazonais, durante os períodos climáticos (chuvoso e de estiagem), na estrutura da comunidade fitoplanctônica ocorrentes no estuário do rio Capibaribe (Pernambuco, Brasil).
MÉTODOS:
Foram realizadas coletas em três pontos ao longo do estuário do rio Capibaribe, localizado na cidade de Recife (Pernambuco, Brasil), abrangendo três meses de cada período climático: estiagem (outubro a dezembro de 2010) e chuvoso (maio a julho de 2011), bem como na preamar e baixa-mar de um mesmo dia, em maré de sizígia.
As amostragens consistiram em arrasto horizontal superficial de rede de plâncton (malha de 64 µm), com posterior fixação das amostras em formol a 4% (Newell & Newell, 1963), para análise em microscópio óptico. A identificação foi baseada em bibliografias específicas e seguindo o sistema de classificação de Guiry & Guiry (2012).
Foram calculados os valores de riqueza de espécie, como sendo o número de táxons por amostras, bem como abundância relativa (Lobo & Leighton 1986) e frequência de ocorrência (Mateucci & Colma 1982). Para verificar a normalidade dos dados foi realizado o teste de Shapiro-Wilk (Zar, 1996). A diferença da riqueza de espécies entre os períodos climáticos foi avaliada pelo teste de Kruskal-Wallis. As análises foram feitas no programa Bioestat 5.0 (Ayres et al. 2007)
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os estuários estão comumente representados pelas diatomáceas (Gallegos et al 2010). Dentre 127 taxa identificados para o presente estudo, as diatomáceas (Ochrophyta) estiveram melhor representadas (54%), seguido de Cyanobacteria (18%), Chlorophyta (13%), Myzozoa (7%), Euglenozoa (5%) e Charophyta (3%).
A riqueza de espécies apresentou diferença sazonal significativa (p<0,01), similar ao observado por Leão et al (2008) e Silva et al (2009), para estuários em Pernambuco. Durante a estiagem ocorreram 22 espécies exclusivas, com dominância de Cyclotella glomerata, Helicotheca tamesis e Skeletonema costatum (estas em até 85% de abundância). Não houve espécies muito frequentes na estiagem.
No período chuvoso ocorreram 83 espécies exclusivas, incluindo Neoceratium spp. e Chaetoceros spp., além da dominância de Aulacoseira granulata, Cylindrotheca closterium (52 e 61%, respectivamente) e Planktothrix isothrix (até 96%). Coscinodiscus centralis e P. isothrix foram muito frequentes. Esta última ocorre em estuários (Perez et al 2009) e águas continentais (Almeida & Melo 2011). Algumas espécies apresentam efeito da sazonalidade (Paerl & Justic 2013), como Chaetoceros spp. e P. isothrix para o presente estudo.
CONCLUSÕES:
As espécies de diatomáceas identificadas são típicas de áreas estuarinas e exercem papel ecológico importante para a extensão do estuário do rio Capibaribe em estudo, uma vez que estão bem representadas, com espécies dominantes em ambos períodos climáticos. Adicionada ao destaque das diatomáceas, a cianobactéria P. isothrix caracterizou o período chuvoso, em alta abundância e frequência de ocorrência.
Palavras-chave: Dinâmica estuarina, Diatomáceas, Cianobactérias.