65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A IMPORTÂNCIA DO EU E DO OUTRO – REDUZINDO A VIOLÊNCIA, AUMENTANDO A APRENDIZAGEM
Cristiane Rose de Lima Pedrosa - Prefeitura de Recife
INTRODUÇÃO:
Em dois mil e doze vivenciamos este projeto na Escola Municipal José Múcio Monteiro com os(as) alunos(as) do segundo ano, em virtude da dificuldade no trabalho pedagógico por conta do comportamento de violência entre os(as) alunos(as), o qual interferia diretamente no processo de ensino-aprendizagem. As crianças demonstravam uma forma distorcida e agressiva sempre nas relações interpessoais. Buscamos refletir coletivamente sobre a conduta individual, a do (a) colega e a relação entre ambas, munindo-os(as) com atividades diversificadas que envolvessem valores como justiça, respeito mútuo, amizade, solidariedade, tolerância e ética para que dessa forma pudessem agir em prol de si, do outro e do bem comum, consequentemente favorecesse a cooperação, o respeito mútuo e a apropriação da leitura e escrita.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Refletir acerca da conduta violenta em sala de aula; Munir as crianças com valores como justiça, respeito, amizade, solidariedade e tolerância; Desenvolver o diálogo enquanto instrumento de mediação de conflitos; Contribuir para a formação de cidadãos(ãs) conscientes e comprometidos(as) consigo e com o outro; Apropriação da leitura e da escrita; Reduzir a violência na sala de aula.
MÉTODOS:
Este projeto foi desenvolvido seguindo etapas que viabilizaram o acompanhamento evolutivo das crianças no processo através de observações, participações nas atividades proposta, registros escritos, vídeos, dinâmicas, palestras, releituras de obras de arte. Na primeira etapa fizemos diagnóstico das relações, observamos nos espaços coletivos – pátio, merenda e corredores, o agir do outro e suas próprias atitudes, montamos relatórios diários, construímos tabelas apontando tipos de violência, munidos com estas informações discutimos e elencamos o que o grupo considerava bom e o que precisava mudar, criamos um código de ética na sala, estabelecendo normas de conduta periodicamente revistas; Na segunda etapa definimos estratégias para resolver conflitos em sala por meio do diálogo; Assistimos vídeos infantis que trouxessem reflexão sobe o tema, palestra sobre violência e bullyng, pesquisa em casa a fim de identificar o incentivo da violência física e verbal nos desenhos animados, filmes e vídeo-game, montamos um gráfico indicando os índices de violência; Na terceira etapa fizemos leitura de textos, livros, montamos mural, correio da amizade, dinâmicas e produzimos textos coletivos, jogos, brincadeiras, releituras de telas que representassem o brincar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Inicialmente a turma apresentava comportamento de socialização muito difícil, apresentando ações violentas e frequentes, agressões físicas e verbais constantes, que influenciavam negativamente tanto as relações interpessoais quanto prejudicavam o processo de ensino-aprendizagem, já que não conseguiam ouvir, nem realizar muitas vezes as atividades propostas. Com a implementação do projeto, as crianças se motivaram e se envolveram com as etapas vivenciadas, aliando reflexão à ação, conseguimos paulatinamente iniciar a implementação de uma nova cultura, ou seja, substituir violências físicas e verbais pelo diálogo passaram a perceber e aprender a respeitar e valorizar a si e ao outro, a cooperação, resgatamos alguns valores, passamos a ter um ambiente de mais tolerância às diferenças, passaram a ouvir as propostas de atividades, melhoramos a escrita e a leitura, puderam ter acesso a gêneros textuais sobre o tema, conseguimos criar uma rotina capaz de contemplar atividades do projeto e dos conteúdos das diversas áreas de conhecimento. Concluímos o ano com um percentual de 80% da turma alfabetizada, os 20% estão iniciando o processo de alfabetização, todos melhoraram as relações interpessoais e obtivemos pelo menos 75% de redução das situações de violência em sala.
CONCLUSÕES:
Constatamos com a execução deste projeto resultados reais e significativos em sala, mudanças de atitudes que fortaleceram a prática pedagógica, auxiliando o acesso das crianças ao conhecimento e a apropriação da leitura e da escrita que é um direito garantido e que muitas vezes os (as) professores (as) não conseguem implementar em virtude do contexto vivenciado, além de iniciar o desenvolvimento do diálogo entre os(as) alunos(as) enquanto ferramenta necessária e eficiente capaz de mediar e/ou dirimir conflitos, excluindo a violência da sala de aula e fortalecendo a autoestima. Ainda existem itens como o tom de voz, a participação e envolvimento dos responsáveis que ainda não foram atingidos, que necessitam de mais tempo e outras atividades a ser implementadas.
Palavras-chave: bulling, diálogo, ética.