65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 5. Educação de Adultos
A inserção dos museus e centros de ciências junto ao público do PROEJA-FIC: fortalecendo ações para uma formação plena
Águida Cristina Dias Lucena - Discente da Licenciatura em Matemática - Campus Nilópolis do IFRJ
Gabriela Ventura - Prof. Msc. Orientadora - Espaço Ciência InterAtiva do IFRJ/Campus Mesquita
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho desenvolve-se no âmbito de um centro de ciências localizado na região da Baixada Fluminense do Rio de Janeiro: o Espaço Ciência InterAtiva. Importa assinalar o distanciamento de museus e centros de ciências em regiões afastadas dos centros urbanos. Esses espaços podem ser vistos como pertencente às elites, os quais autenticados por uma socialização familiar e escolar caracteriza diferentes grupos sociais. Por essa perspectiva, interessa-nos discutir, a partir das práticas culturais dos educandos da Educação Básica matriculados na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, Formação Inicial e Continuada com o Ensino Fundamental (PROEJA FIC), a inserção dos Museus e centros de ciências junto a esse grupo. Consideramos a importância das articulações entre esses espaços e as escolas na promoção da educação científica, contribuindo para despertar o interesse para temas de ciência e tecnologia, podendo colaborar com o desenvolvimento de um pensamento crítico acerca das questões contemporâneas. Assumindo a centralidade da relação entre ciência e o mundo do trabalho, pontuamos alguns aspectos para que a EJA possa ser contemplada nas ações desenvolvidas pelos museus e centros de ciências, a fim de contribuir com a Educação em ciências desse público.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar a inserção de Museus e Centros de ciências na experiência cultural dos estudantes do PROEJA-FIC de um município do Rio de Janeiro e pontuar algumas questões para que esses espaços possam contemplar o público do EJA em suas atividades, por meio da relação que estabelecem com as escolas.
MÉTODOS:
A pesquisa contou com a participação de 23 estudantes, com idade média de cerca de 27 anos, na modalidade PROEJA-FIC em três escolas em um município da região da Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro. Em uma perspectiva qualitativa, esses educandos responderam a um questionário contendo questões abertas e fechadas. As questões contemplavam aspectos inerentes aos seus hábitos culturais, no que se refere ao lazer, ao acesso a equipamentos culturais como museus e teatro, aos hábitos de leitura, bem como temas e programas de televisão de interesse. No presente trabalho enfocamos o perfil cultural desses estudantes com vistas à inclusão dos museus e instituições similares na sua experiência cultural. Representa um recorte de uma pesquisa desenvolvida no âmbito do programa de Iniciação Científica do IFRJ, que visa tecer contribuições para a educação em ciências a partir da relação entre os museus e centros de ciências e as escolas, ancorando-se nas discussões entre ciência e a tecnologia e a formação profissional aliada a essa modalidade educacional.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com relação às atividades realizadas nas horas de lazer, quatro alunos disseram que não fazem nada e outros apontaram o descanso, a internet, jogar futebol e passeio com a família. Onze alunos disseram que não têm interesse em visitar um espaço cultural enquanto que quatro gostariam de ir ao teatro e três, visitar um museu. Apenas dois alunos apontaram o “Museu da Quinta da Boa Vista” e um, o Museu Histórico. Frequentar teatros, museus, centros culturais e bibliotecas são práticas culturais distantes desse público, o que é reiterado pelo fato da maioria (17) dos alunos ter dito que não conhece nenhum museu e três justificaram o desinteresse porque não gostam e “acham chato”. Outros oito estudantes apontaram que nunca foram ou nunca tiveram a oportunidade de ir e um aluno justificou não ter tempo. Seis alunos responderam que já foram ao teatro enquanto que 17 responderam nunca terem ido a esse espaço. Observa-se o grande hiato existente entre esse público e os museus e instituições culturais afins, salientando a relevância do alargamento da experiência cultural desses educandos, sobretudo, pela perspectiva de inclusão social aliada a modalidade da EJA.
CONCLUSÕES:
Os museus e centros de ciência podem contribuir com a formação do cidadão com uma visão crítica sobre a ciência e seus processos. Porém, como esses espaços podem contemplar o público da modalidade EJA, sobretudo, tendo em vista o seu perfil cultural? Os resultados apontam o quão distante esses espaços estão do público estudado. A escola tem um importante papel para viabilizar o acesso dos estudantes aos equipamentos culturais e assinala-se a relevância da parceria entre a educação formal e os museus e centros de ciências, ratificando-se a relevância de considerar essas articulações na formação de professores, de modo que possam contemplar os museus e centros de ciências em suas práticas docentes. Algumas pesquisas têm mostrado que atividades itinerantes são importantes pois despertam o interesse dos visitantes. Consideramos ainda pertinente disponibilizar atividades no horário noturno de modo a viabilizar o acesso desse público aos museus e centros de ciências, seja por meio da visitação a esses espaços ou através de atividades itinerantes. Isso implica a elaboração de ações que possam contemplar o público noturno tendo em vista que a falta de tempo e desinteresse são fatores cruciais para a inserção dos museus na experiência cultural desses educandos.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Museus e centros de ciências, Educação em ciências.