65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
INDICADORES DOS PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS: UM ESTUDO DE CASO NA ÁREA DE INVASÃO MONTE DAS OLIVEIRAS – BOAVISTA/RR.
Sandra Kariny Saldanha de Oliveira - Profa/Orientadora. Doutoranda da Rede BIONORTE, Universidade Estadual de Roraima
Andressa Menescal Coelho - Discente do Curso de Enfermagem, Universidade Estadual de Roraima
Márcia Teixeira Falcão - Profa./Doutoranda da Rede BIONORTE, Profa. da Universidade Estadual de Roraima
Maria das Neves Magalhães Pinheiro - Profa./Doutoranda da Rede BIONORTE, Profa. da Universidade Estadual de Roraima
Ana Lydiane Saldanha de Oliveira - Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência.
INTRODUÇÃO:
A cidade de Boa Vista tem crescido indiferente às características naturais, levando a uma descaracterização e degradação dos seus valores ambientais importantes, tendo como parâmetro principal a desigualdade econômica e social, onde foram gerados sérios problemas socioeconômicos e ambientais relevantes na cidade de Boa Vista/RR, levando a população a ocupar de forma ilegal terras públicas ou privadas em locais inadequados.
A ocupação irregular “Monte das Oliveiras”, localizado na zona norte da cidade, entre as coordenadas 2º 5’27,5”N/ 60º41’56,8’’/W ao longo da BR 174, sentido ponte do rio Cauamé, saída para Venezuela, em uma área de aproximadamente 30 hectares e 388 famílias instaladas no local e distribuídas em 140 residências.
A invasão “Monte das Oliveiras” teve seu processo de ocupação iniciado em um “período eleitoreiro”, a partir de fevereiro de 2004, de forma semelhante a outros processos de ocupações de áreas urbanas no Brasil, que nas últimas décadas se caracterizaram pela expansão desordenada, na periferia dos grandes centros, fato este que tem contribuído para proliferação das mazelas urbanas, devido estas áreas serem destituídas de infra-estrutura básica, confrontando as questões ambientais, de saúde pública e questões sociais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Evidenciar os indicadores socioambientais da população que habita o assentamento irregular Monte das Oliveiras em Boa Vista - RR, visando contribuir para a minimização dos aspectos prioritários do ambiente e da saúde na área de estudo, promovendo a aquisição de conhecimentos por parte dos atores envolvidos nesse processo.
MÉTODOS:
A abordagem metodológica consistiu na caracterização física ambiental e paisagística da localidade, onde foram explicitados e analisados seus componentes e dinâmicas naturais, o processo de ocupação, a forma do tecido espacial urbano, o uso do solo, as carências, os problemas e as potencialidades locais.
Os dados foram coletados através de métodos como observações participantes na comunidade, entrevistas semi-estruturadas com cem (100) moradores da área Monte das Oliveiras, onde foi possível identificar a realidade social destas famílias.
É importante perceber neste contexto, a importância da pesquisa participante como uma estratégia e um recurso para apreender as relações existentes neste cenário a partir do estudo dos problemas, decisões, ações, negociações e conflitos que ocorrem no cotidiano desta comunidade.
Através da presente pesquisa foi possível identificar diversos problemas decorrentes do processo de ocupação da área Monte das Oliveiras, onde foi realizada oficina temática com dinâmicas de grupo, atividades lúdicas, palestras, minicursos com as crianças em idade escolar, pois estes são os disseminadores das ações de prevenção e promoção da qualidade ambiental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise das entrevistas revelaram que 13% dos entrevistados são analfabetos, 7% possuem ensino fundamental completo, 46% ensino fundamental incompleto, 13% ensino médio completo, 15% ensino médio incompleto, 2% ensino superior completo, 4% ensino superior incompleto, a renda familiar de 21% é de 1 salário mínimo, 55% menos de 1 salário e 24% até 3 salários.
Com relação ao abastecimento da água, 100% dos entrevistados possuem água encanada. Malheiros e Philippi (2005), afirmam que o aumento do consumo de água de uma comunidade que recém foi disponibilizada água encanada é acompanhado por aumento dos efluentes, com conseqüente extravasamento das fossas negras ou lançamento a céu aberto.
A área caminha para estruturação, pois o tipo de moradia de 48% dos entrevistados são casas de madeira, 45% alvenaria e 7% madeira e alvenaria. Em relação ao uso de fossa séptica, 47% dos moradores possuem fossa séptica, 31% fossa negra, 20% eliminam seus dejetos a céu aberto e 2% utilizam outros meios.
Os dados referentes ao destino dos resíduos mostram que 67% das pessoas utilizam a coleta convencional, 28% queimam os resíduos, 3% enterram 2% despeja a céu aberto, o que segundo Malheiros e Philippi (2005), aumentam à proliferação de vetores potenciais de agravo a saúde.
CONCLUSÕES:
Paralelamente, na área há presença marcante de ocupação desordenada do espaço, e indicadores que expressam aspectos da paisagem, causados pela presença humana no local. Foram observadas pressões ambientais, como a ausência de tratamento de água e esgoto, degradação do solo e vegetação, pontos de erosão, desmatamento e disposição inadequada de resíduos sólidos.
A comunidade ainda não dispõe de serviços básicos como acesso a energia elétrica regularizada, servindo-se de ligações clandestinas na rede elétrica da rua (“gatos”) ressalta-se que muitos moradores já sofreram alguma consequência desse tipo de ligação, inclusive alguns chegaram a óbito. Estes indicadores revelam a dimensão social e econômica das pessoas que habitam no local, cujo aspecto revelado é o da pobreza.
Existem evidências perceptíveis que estas moradias em áreas inadequadas geram pressões significativas sobre os recursos naturais, a comunidade ainda está em fase de regularização junto à Prefeitura de Boa Vista, vale salientar que na área não existe os serviços básicos educação e saúde, podendo ser esta uma conquista dos moradores do Monte das Oliveiras.
Palavras-chave: Ocupação urbana, Indicadores socioambientais, Expansão desordenada.