65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
ACOLHIMENTO E ADAPTAÇÃO: REALIDADE ENFRENTADA PELOS PROFESSORES QUE ATUAM NAS CRECHES DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE.
Klívia Renata Pacheco Bruno - Universidade Federal do Amapá - UNIFAP
Isabel Cristina dos Santos - Secretaria de Educação, Esporte e Lazer da Cidade do Recife - SEEL
Romualdo Tavares de Oliveira - Secretaria de Educação do Estado do Amapá - SEED
INTRODUÇÃO:
Por ser um momento marcante e na maioria das vezes doloroso, nem sempre é fácil a adaptação das crianças pequenas nas creches. Para Sebastiani (2009, p.147) “a criança vai conviver com pessoas até então estranhas para ela e terá que compartilhar os materiais e o espaço e irá aprender o que se faz nesse novo ambiente”. Por ser esse o momento em que as crianças deixam, pela primeira vez, o convívio do lar para estar em um espaço em que terão que interagir com outras crianças e adultos que lhes são desconhecidos, é que esse período deverá ser antecipado e progressivo entre os pais, as crianças e os profissionais das creches. Para Godoy (2010, p.157), “a qualidade do acolhimento é que garantirá a qualidade da adaptação”. Por isso, algumas estratégias como a criação de um clima de segurança afetiva, atenção particularizada, conhecimento prévio sobre criança e o entendimento de que cada criança e cada família passam por esse processo de forma diferente, ajudará nessa inserção. Desse modo, é importante compreender como esse processo de acolhimento tem ocorrido, visto que é nesse momento que as crianças precisam se sentir seguras e acomodadas para sobrepujar a ausência dos responsáveis. Iniciando, assim, o processo de escolarização.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho investigou o processo de adaptação e acolhimento das crianças das Creches Municipais do Recife. Como questões periféricas, procurou-se identificar a formação; o tempo de atuação dos docentes na educação infantil; as dificuldades enfrentadas e a reação das crianças no processo de acolhimento e adaptação. Também, investigaram-se as estratégias utilizadas pelos docentes neste processo.
MÉTODOS:
Participaram desta pesquisa 30 (trinta) professores, do quadro efetivo, que atuam nas creches da secretaria Municipal de Educação do Recife. Foi aplicado um questionário com cada um dos participantes, onde responderam a questões fechadas. Estes instrumentos, após a aplicação junto aos professores, foram tabulados e analisados por categoria numa abordagem quantitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Como resultado, verificou-se que 53,3% possuem a pós-graduação; 20% possuem o curso superior completo; 16,6% possuem o superior incompleto e; 10% possuem apenas o curso Normal-médio. Sobre o tempo de atuação na educação infantil, 53,3% disseram que atuam entre 9 a 10 anos; 20% entre 7 a 8 anos; 6,6% entre 5 a 6 anos; 6,6% entre 3 a 4 anos e; 13,3% entre 1 a 2 anos. Com relação à reação das crianças nos primeiros dias na creche, 50% choram; 23,3% se agarram aos pais e não querem entrar; 13,3% entram tranquilas; 10% entram tranquilas e choram com a ausência dos pais e; 6,6% entram caladas e desconfiadas. Sobre os motivos da dificuldade de adaptação, 50% disseram que é a falta de preparação prévia da criança; 20% os pais que não ajudam nesse processo; 20% a Infrequência da criança e; 10% disseram que era a inadequação da acolhida. Sobre a frequência em que sentem dificuldades nesse processo, 66% dos docentes disseram que sempre têm dificuldades; 26,6% falaram que às vezes e; 6,6% disseram que nunca. Sobre as estratégias que usam neste processo, 40% colocam a criança no colo; 16,6% usam objetos de transição (objetos pessoais da criança); 16,6¨% utilizam brinquedos da creche; 16,6% dão total atenção à criança e; 10% usam a televisão, o dvd e o aparelho de som.
CONCLUSÕES:
O resultado desta pesquisa revelou que ainda há uma grande dificuldade de adaptação das crianças nas creches da Rede Municipal de Ensino do Recife, apesar dos métodos pedagógicos e estratégias que os educadores desprendem para tornar este momento menos sofrido para as crianças e seus responsáveis. É importante ressaltar que quando não há assiduidade da criança à Creche, este procedimento de adaptação que é progressivo, possivelmente não aconteça. Assim, entende-se que o processo de adaptação e acolhida da criança à creche vai muito além do que simplesmente coloca-las no colo quando elas choram ou brincar com elas quando desejam. Isto é, este momento não deve ser visto apenas para permitir que as crianças não passem por situações traumáticas. Ele é estratégico para que os vínculos de confiança entre crianças, famílias e profissionais se estabeleçam. Desse modo, é necessário que a escola oriente os responsáveis das crianças matriculadas nas creches sobre como podem ajuda-las neste processo de adaptação. Por outro lado, a Secretaria de Educação da Cidade do Recife precisa dar maior enfoque, nos encontros de formação continuada com os docentes que atuam nas creches, sobre esta questão.
Palavras-chave: Creche, Adaptação, Acolhimento.