65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
Pensando a atenção à saúde mental na infância e adolescência: pesquisa e intervenção
Caroline Matos Romio - Mestranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia - UFSM
Hericka Zogbi Jorge Dias - Profa. Dra./Orientadora - Depto de Psicologia - UFSM
Nelcí Regina Angnes - Depto. de Psicologia - UFSM
Gabriela Zucetto - Depto. de Psicologia - UFSM
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho se propõe a apresentar as ações da pesquisa qualitativa vinculadas ao projeto PROCONVIVE (Projeto de implantação do espaço de convivência permanente para crianças usuárias do Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil (CAPSi) da cidade de Santa Maria, RS, e avaliação do impacto da intervenção terapêutica em usuários e funcionários do CAPSI), tal pesquisa foi pensada a partir do aporte teórico oferecido pelo Ministério da Saúde e Sistema Único de Saúde, especialmente no que concerne a Política Nacional de Saúde Mental, e as diretrizes de Ambiência e Clínica Ampliada, compreendendo a saúde mental de modo humanizado, e a rede de atenção como promotora de melhorias na qualidade de vida dos sujeitos. Procurando desempenhar um atendimento que condissesse com os aspectos citados, um CAPSi do interior do estado do Rio Grande do Sul estabeleceu uma parceria com o Grupo de Psicologia das Relações e Saúde do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria. Ambas as instituições se propuseram a pensar o espaço do CAPSi, compreender a população atendida por tal serviço e possibilitar, através de uma intervenção denominada “implementação de um espaço de convivência permanente” a construção de um ambiente ampliado de tratamento para os usuários do serviço.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Objetivou-se a partir de uma interação com os usuários do CAPSi, compreender quais as perspectivas e significados que esses atribuíam a instituição. E de que forma poderia se ampliar o potencial terapêutico dessa instituição, segundo os usuários
MÉTODOS:
Tal estudo qualitativo pretendeu explorar o conjunto complexo de fatores que envolvem o tratamento em um CAPSi, todo o estudo foi desenvolvido a partir da observação participante, onde a partir da intervenção denominada “implementação de um espaço de convivência” os pesquisadores estiveram presentes no cotidiano da instituição, interagindo por longos períodos com os usuários, buscado compreender o significado do serviço para o usuários além de repensar o serviço, a partir da percepção deles..
Para tanto, ao longo de dois anos, por nove turnos da semana, um total de catorze graduandos de psicologia, que se dividiram em cinco ciclos distintos, junto aos profissionais da instituição, estiveram presente nesse espaço para realizar, junto dos pacientes atividades lúdicas, jogos e brincadeiras diversas, em oficinas ou espaços abertos. As atividades eram propostas pelos usuários e pensadas junto com eles, assim, eles encontravam nesse um espaço de escuta permanente. Todos os cerca de 180 usuários atendidos pelo CAPSi que estivessem no serviço podiam participar do ambiente.
As vivências foram registradas em diários de campo, e os pesquisadores realizaram reuniões semanais a fim de pensar, discutir e sustentar teoricamente as experiências vividas na instituição
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quanto aos usuários, os registros indicam que tal intervenção possibilitou que eles, junto com seus familiares, passassem a permanecer mais tempo na instituição, percebendo nela um local onde, além de serem acolhidos, podem ser os protagonistas de seu tratamento. Além disso, os usuários passaram a conviver mais uns com os outros. Acrescenta-se que parte do sentimento de segurança inicial, que é essencial para o desenvolvimento saudável dessas crianças, depende de um ambiente constante, seguro e acolhedor.
Os cuidados do ambiente eram ofertados também aos responsáveis dos usuários, esses sentiam no espaço do serviço um local que acolhia e escutava as suas demandas. Tal medida é essencial na promoção de saúde na infância, visto que a saúde das crianças depende da saúde de seus cuidadores, e essa última é afetada com o estado de saúde das crianças.
A partir dos registros escritos, foi possível perceber que tal intervenção fomentou reflexões na equipe de profissionais da instituição, que passaram a questionar suas ações e refletir o aporte teórico que sustenta sua prática. Quanto aos pesquisadores, esses obtiveram a enriquecedora experiência de observar e participar do funcionamento de uma instituição de saúde que visa ao atendimento de crianças em sofrimento mental.
CONCLUSÕES:
Tal estudo permite perceber que ações que vinculem os saberes teóricos com os desafios da prática podem ser enriquecedoras, especialmente no sentido de produzir novos fazeres singulares que unam os saberes desenvolvidos na academia com as dificuldades encontradas nos serviços de saúde. Assim, instituições podem se unir afim de somar saberes e práticas.
Palavras-chave: Saúde Mental, CAPSi, Infância.