65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
PERFIL DE SAÚDE MASCULINO E SUA FREQUÊNCIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA: UM ESTUDO EM MUNICÍPIOS DO ESTADO DA PARAÍBA, BRASIL
Lívia Sayonara de Sousa Nascimento - Pós-graduanda em Urgência e Emergência - FIP
Felipe Clementino Gomes - Especialista em Saúde da Família - FIP
Thaíse Alves Bezerra - Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Saúde Pública - UEPB
Germano de Sousa Paulino - Especialista em Enfermagem do Trabalho - FIP
Eloíde André de Oliveira - Prof. Me./ Orientadora – Depto. de Enfermagem - UEPB
INTRODUÇÃO:
A saúde do homem ganha cada vez mais destaque no cenário nacional e no meio científico pelas elevadas taxas de morbimortalidade apresentadas por esse grupo em detrimento de sua baixa procura pelos serviços de atenção primária à saúde associada a um comportamento de risco adotado pelos próprios sujeitos do sexo masculino. A não valorização da saúde é natural do grupo masculino, uma vez que o prevenir e o cuidar da saúde remete à fraqueza e a vulnerabilidade, características que vão de encontro ao padrão de masculinidade socialmente imposto. Assim, estudos que permitam um melhor conhecimento acerca da saúde deste segmento populacional e suas particularidades laboram diretamente em promoção à saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar o perfil epidemiológico da população masculina assistida por um programa de extensão universitária em municípios do estado da Paraíba e sua frequência na atenção primária a saúde
MÉTODOS:
Estudo transversal, descritivo-exploratório,realizado nas nove cidades da Paraíba inseridas no roteiro de visitas do Programa de Extensão Laboratório Itinerante (Labit) vinculado a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PROEAC/UEPB). A amostra é do tipo não-probabilística, constituída por acessibilidade, por 107 homens maiores de 18 anos que buscaram livremente os serviços do projeto Itinerante. A coleta de dados ocorreu entre outubro e dezembro de 2011 por meio de um questionário específico, estruturado com 31 perguntas que abordou os aspectos sociodemográficos, o perfil de saúde (medidas antropométricas, pressão arterial, glicemia capilar, tabagismo, etilismo, procura por serviços de saúde, hábitos preventivos) e as dificuldades encontradas na procura pela atenção primária. O instrumento passou ainda por um pré-teste no intuito de validar as questões. A estatística descritiva foi empregada no processo de análise dos dados, utilizando-se o software Epi Info 3.5.2®.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os homens predominantemente tinham entre 18 e 29 anos (40,2%), ensino médio completo (29,9%), recebiam uma renda mensal de 2 a 3 salários mínimos (34,60%) e eram provenientes de Campina Grande, PB (50,5%). A maioria (53,0%) estava com excesso de peso, fazia uso de bebidas alcoólicas (43%) e referiu ter problemas de saúde (32,7%), mas julgaram-se com a saúde excelente (17,8%); boa (51,4%) ou regular (26,2%). Nos últimos 19,77 meses não visitaram os consultórios médicos e não compareceram aos consultórios odontológicos nos últimos 22,93 meses em média. Características como invulnerabilidade, provisão e dominação permeiam o constructo masculino e explicam os hábitos de risco que se inserem ainda precocemente como forma de facilitação social e auto-afirmação, levando-os a uma condição própria de “ser homem”, mas que indubitavelmente se traduz em riscos à saúde. Apenas 15,9% frequentou a atenção primária no último ano, o que nos leva a crer que o ambiente de atenção primária não é devidamente frequentado pelos homens e geralmente visto como feminilizado. Fatores geográficos e sócio-organizacionais (25,2%) foram as maiores dificuldades relatadas na busca pela atenção primária, como horários, fichas e ausência de profissionais.
CONCLUSÕES:
Percebeu-se que os sujeitos do sexo masculino trazem consigo comportamentos de risco que interferem na promoção e assistência à saúde destes indivíduos resultando na maior prevalência de agravos evitáveis e nas altas taxas de morbimortalidade. Assim, uma maior articulação de programas voltados para o gênero em consonância com a Estratégia Saúde da Família, um maior investimento nas emergências como forma de prevenção secundária, a revisão das práticas e valores por parte de gestores e profissionais e a rejeição de medidas punitivas e culpabilizantes contribuirão para maior frequência masculina aos serviços. Portanto, estudos como este são acima de tudo pertinentes na geração e divulgação sistemática de dados sobre as principais necessidades dos homens em termos de saúde e as principais causas de adoecimento e de morte para que se garantam a efetivação de políticas públicas em saúde, como forma de exercício de cidadania e controle social.
Palavras-chave: Saúde do Homem, Gênero e Saúde, Atenção Primária à Saúde.