65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
Escherichia coli EM ÁGUAS CINZAS DESPEJADAS EM VIAS DA CIDADE DE JUAZEIRO DO NORTE – CEARÁ
Joana Paula Menezes Gomes - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Ana Paula Bueno Zuza - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Antonia Elidiane Vieira Gonçalves - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Iacy Maria Pereira de Castro - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Maria Carolina da Silva Oliveira - Curso de Engenharia Ambiental/IFCE- Campus Juazeiro do Norte
Yannice Tatiane da Costa Santos - Prof. Msc./Orientadora - IFCE- Campus Juazeiro do Norte
INTRODUÇÃO:
Juazeiro do Norte, município localizado no sul do Estado do Ceará, apresentou nas últimas décadas, um crescimento demográfico exacerbado, sendo atualmente o terceiro munícipio mais populoso do Ceará, com 249.939 habitantes segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Devido esse processo histórico de urbanização e desenvolvimento, a cidade apresenta uma situação complexa de condições ambientais e falta de infraestrutura, com regiões em condições críticas como, a falta de saneamento básico. Sendo assim o esgoto de grande parte do município é lançado a céu aberto, basicamente proveniente de residências, instalações comerciais ou qualquer imóvel que disponha de banheiros, pias, cozinha, etc., sem nenhum tratamento, tornando-se desta forma, potenciais veículos para transmissão de doenças de veiculação hídrica. A Escherichia coli é responsável por grandes surtos de toxinfecção alimentar devido a insatisfatória higiene-sanitária, como na falha de higienização das mãos, sendo assim um indicador de contaminação fecal, pois estará contaminando o alimento a ser ingerido. A diversidade patogênica de E.coli é bastante sendo que cada espécie causa infecção intestinal por diferentes mecanismos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente artigo visa avaliar a qualidade microbiológica do esgoto a céu aberto em bairros da cidade de Juazeiro do Norte quanto ao parâmetro de Eschecheria Coli, além de alertar os moradores, quanto ao risco de infecção ao qual estão submetidos.
MÉTODOS:
Com base em dados estatísticos do IBGE e informações da concessionária de saneamento local, puderam-se escolher os 21 bairros que sofreram um alto processo ocupacional desregular, onde provocou a falta de infraestrutura e de serviços básicos, tornando-os peça fundamental para a caracterização do esgoto circulante. Neles foram realizadas uma coleta de água servida (cinzas) em cada um, ponto esse onde o esgoto corre a céu aberto em canaletas (sarjetas) que ficam nas bordas das calçadas cortando ruas e terrenos baldios. Foram analisadas 13 amostras contemplando diversos bairros da cidade. O método utilizado foi dos tubos múltiplos com Meio EMB repicados a partir de Caldo Lactose e Caldo Bílis Verde Brilhante, sendo este, referenciado por APHA et. al, (1998). A importância da quantificação da bactéria Escherichia coli, é devido o fato de ser considerado um bioindicador para a avaliação da qualidade sanitária e, forma parte do subgrupo dos coliformes termotolerantes, do qual é o integrante mais numeroso, tendo sua origem exclusivamente do aparelho intestinal de animais de sangue quente e sua presença em água, solo e alimentos confirma a contaminação fecal e indica provável presença de microrganismos patogênicos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com base nos 449 questionários aplicados nos 18 bairros estudados, conclui-se que 52,5% estão habituados a encaminhar as águas servidas para ruas através de instalações hidráulicas adaptadas, fato que evidencia a quantidade de efluentes que são observados pela população e que são carreados pelo escoamento superficial. Tomou-se como legislação comparativa a Portaria SEMACE N° 154 de 22 de julho de 2002, Artigo 4° que estabelece os padrões e condições para lançamento de efluentes líquidos gerados por fontes poluidoras, visto que adiante esses efluentes atingirão algum corpo hídrico. As concentrações de E. coli encontrada ficou acima dos padrões permitidos na legislação em todas as situações analisadas. O valor médio observado (média geométrica) foi igual a 1,5E+06 NMP/100mL, ficando bem acima do padrão exigido de 5,0E+03 NMP/100m L para Coliformes Termotolerantes, ou seja, de um grupo que contempla mais bactérias de habitação no solo e na águam, e não exclusivamente oriunda de fezes. Este resultado é preocupante, pois alerta para o fato de que esse material é contaminado por fezes de animais de sangue quente, com altíssimo potencial de ter a presença de patógenos transmissíveis pela via hídrica.
CONCLUSÕES:
A abordagem se reportou a uma avaliação microbiológica de esgotos a céu aberto em 13 bairros do município de Juazeiro do Norte. A qualidade sanitária verificada nas águas servidas dispostas nas sarjetas dos bairros em estudo foi precária, uma vez que o parâmetro analisado encontrou-se acima dos padrões estabelecidos pela Portaria nº 154 da SEMACE. Apesar das águas servidas não terem contato com efluentes sanitários, as concentrações de Escherichia coli foram elevadas, uma vez que estes microrganismos são os principais indicadores de poluição fecal de animais de sangue quente. Neste cenário, medidas alternativas como a instalação de tanques sépticos teriam uma eficiência significativa. Porém a medida fundamental seria a cobertura total do município de rede de esgoto. Minimizando assim a carga de efluente contaminado, que é disposta irregularmente nos recursos hídricos do município e os riscos potenciais de disseminação de doenças de veiculação hídrica tais como gastroenterites, diarreias e doenças de pele. É necessária uma parceria da Companhia de saneamento que é responsável pela coleta de esgoto juntamente com a Prefeitura do município responsável pelo escoamento de águas pluviais, criando sistemas individuais e minimizando assim os impactos sobre a população.
Palavras-chave: Eschecheria Coli, Águas cinzas, Microbiológico.