65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
PESQUISA CIENTÍFICA: CONHECER PARA VALORIZAR
Eldis Maria Sartori - Prof. química, Colégio Sagrado Coração de Maria(CSCM) e mestranda Química/UFES
Rivana Souza Batista - Prof. química, coordenadora de ciências(CSM) e mestranda Educ. em Ciências/IFES
Luciana do Nascimento Rodrigues - Prof. química, Colégio Sagrado Coração de Maria(CSCM) e mestranda Química/UFES
Pedro Leite Barbieri - Prof. Dr. Física – Coordenadoria de Física – IFES – Campus Cariacica
INTRODUÇÃO:
Em face dos problemas socioambientais que dão a tônica nas relações entre a ciência e as sociedades neste início de século XXI, cabe ao ensino das Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a tomada de consciência e de posição no que diz respeito às interações Ciência-Tecnologia-Sociedade a partir de propostas de ensino que contemplem tais interações, oportunizando que as aulas deixem de resumir-se a abordagens de conhecimento estático e livresco condicionadas aos limites da sala de aula e passem a constituir a chamada "ciência viva na escola". Conforme Esteves (2008), “o recurso inteligente torna possível a contextualização do ensino-aprendizagem, a construção de saberes pelos próprios alunos, em ambientes ativos e culturalmente ricos, ambientes que raramente existem no contexto escolar”.
Acreditando ser essencial proporcionar aos alunos esse tipo de ambiente e sabendo da necessidade de despertar o interesse da juventude pela ciência esse projeto foi realizado com os alunos do 2º ano do ensino médio do Colégio Sagrado Coração de Maria, localizado em Vitória - ES, o qual viabilizou a ida dos alunos à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) para que pudessem vivenciar as etapas do desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Fomentar no adolescente a curiosidade por descobrir o mundo que o cerca, cultivando o gosto pelas ciências da natureza e suas tecnologias. Aproximar os alunos da realidade acadêmica e das pesquisas científicas desenvolvidas na UFES. Incentivar e valorizar os pesquisadores da universidade para refletir sobre os limites que a ética estabelece à aplicação da produção do conhecimento científico.
MÉTODOS:
Tratou-se de uma pesquisa exploratória, onde as práticas pedagógicas foram realizadas nas disciplinas: biologia, física e química, entre os meses 08 e 11/2012 (2 ano-Ensino Médio, escola privada, Vitória-ES).
Para que pudessem conhecer a real proximidade que os alunos tinham da universidade e a imagem que eles faziam dos pesquisadores foi aplicado um questionário: Você já foi à UFES? Por quais motivos? Qual deve ser o principal papel da Universidade para a sociedade? Você conhece alguma pesquisa desenvolvida na UFES?
Os professores selecionaram 9 pesquisas em desenvolvimento na UFES.
Os alunos formaram grupos com 4 componentes e escolherem um dos projetos de pesquisa a fim de contactar os pesquisadores com intuito de conhecer o seu trabalho acadêmico.
Após a visita, cada grupo apresentou para a turma a pesquisa, utilizando recursos de multimídia.
Foi feita uma avaliação sobre o real benefício daquela pesquisa para a sociedade, critérios: pouco importante, importante, muito importante.
Cada grupo montou um painel sobre a pesquisa, que foram expostos para toda a escola.
O encerramento do projeto se deu com um coquetel, com a presença de alunos e professores do colégio e os pesquisadores-UFES que fizeram discursos sobre a importância do envolvimento dos jovens em projetos de pesquisas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Com o questionário constatou-se que 6% dos alunos nunca tinham ido à UFES contra 94% tiveram a oportunidade, sendo que dos motivos citados 39% foram culturais, 31% olimpíadas, 11% curso de línguas estrangeiras, 9% esporte, 6% local de trabalho dos pais e 4% outros. Analisando as respostas dadas percebeu-se a importância das atividades escolares na aproximação dos alunos à instituição federal de ensino superior, já que 68% das citações colocou a escola como mediadora do processo.
Somente 16% dos alunos conheciam alguma pesquisa desenvolvida pela UFES, e ressaltaram que a referida pesquisa era realizada por alguém da família. Os demais não conheciam nenhuma pesquisa.
Apesar de mais abrangente, a resposta à última pergunta foi uma espécie de clichê, 75% dos alunos responderam: “Oferecer um ensino público e de qualidade.” Já 16% mencionaram formação de profissionais e 9% desenvolvimento de pesquisas.
Notou-se a pouca familiaridade que os alunos têm com as atividades acadêmico-científicas o que reforça a importância do projeto.
Os alunos foram bem acolhidos pela UFES, conheceram as pesquisas e vivenciaram o universo acadêmico. Apresentaram e avaliaram de forma crítica as pesquisas selecionadas, confeccionaram painéis ilustrativos e participaram da homenagem aos pesquisadores.
CONCLUSÕES:
Para permitir a expansão do conhecimento faz-se necessário o resgate da unificação das áreas multidisciplinares da ciência, pois, apesar do ensino de ciências da natureza e suas tecnologias ser feito na escola de forma disciplinar, o conhecimento é interdisciplinar. Um ponto motivador para o desenvolvimento deste projeto foi a contribuição que o contato com os inventos das Ciências possibilita para a formação da consciência crítica do adolescente diante das descobertas dos processos tecnológicos, mostrando assim o processo de condução e da exploração científica por intermédio do contexto destas descobertas na UFES. Os projetos desenvolvidos na escola de educação básica, sejam eles educacionais, culturais ou esportivos, são fundamentais para a aproximação dos futuros universitários à instituição de ensino superior. A iniciativa de aproximar os alunos da realidade acadêmica e das pesquisas científicas desenvolvidas na UFES para que pudessem vivenciar as etapas do desenvolvimento de uma pesquisa acadêmica foi importante não só para despertar o interesse dos jovens pela ciência, mas também, para cultivar um sentimento de respeito, valorização e orgulho pelos nossos pesquisadores.
Palavras-chave: educação básica, pesquisadores, universidade.