65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 5. Zoologia Aplicada
Análise da dieta de mamíferos de médio e grande porte da Floresta Nacional de Negreiro - Pe
Jaranna Thaiane Coelho Barbosa - Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf
M.Sc. Rebeca Mascarenhas Fonseca Barreto - Universidade Federal do Vale do São Francisco - Univasf
INTRODUÇÃO:
Os estudos feitos sobre mamíferos de médio e grande porte são ainda incipientes quando se tratam de preservá-los e mantê-los vivos (SILVEIRA, 2005). Garantir a integridade do meio natural , assim como de grupos importantes para a conservação dos ecossistemas como, por exemplo, a mastofauna silvestre em florestas é imprescindível (SANDERSON et. al., 2002, COPOLLILO et. al., 2004).
Nesse sentindo, conhecer os animais existentes na natureza, assim como seus hábitos, representa uma forma de preservá-los, prevenir e solucionar problemas futuros (BRASIL, 1998), que vão desde o controle da diminuição populacional de outros animais, até os sistemas econômicos que garantem o sustento das famílias pelo mundo (NUNES, 2007).
A análise de dieta dos mamíferos de médio e grande porte é uma das formas mais eficazes de conhecê-los e compreender suas interações ecológicas, bem como a área em que vive, comportamento alimentar, sua distribuição, além de ser um método com baixo custo que permite explorar as mais variadas formas de vida do animal (CRAWSHAW, 1997)livro.
Todos esses fatores combinados representam as buscas pela preservação da mastofauna que sofre com os impactos causados pelas ações antrópicas, com a pouca informação, além de levantar novos dados de espécies na área (Rodden et al., 2004).
OBJETIVO DO TRABALHO:
As pesquisas tiveram como objetivos analisar a dieta de mamíferos de médio e grande porte, os padrões que compõem uma comunidade biológica, o comportamento alimentar, sua distribuição, densidade e a frequência de ocorrência quantitativa dos itens ingeridos pelo grupo de uma da Unidade de Conservação de Uso Sustentável Floresta Nacional de Negreiros (FLONA-NEGREIROS).
MÉTODOS:
Os estudos sobre a dieta de mamíferos de médio e grande porte, foram desenvolvidos na Unidade de Conservação de Uso Sustentável Floresta Nacional de Negreiros (FLONA-NEGREIROS), criada em de 2007, no município de Serrita, em Pernambuco com pouco mais de 3000 há. Trata-se de uma área de proteção ambiental que conserva e protege amostras efêmeras da biodiversidade nativa (STRUHSAKER, 1981, SNUC, 2000). As coletas de vestígios foram feitas em duas estações, seca e chuvosa. Entre os períodos de Outubro de 2012 a Fevereiro de 2013, toda a área foi percorrida e avaliada minuciosamente, com caminhadas de 3 a 4 horas de duração, durante uma semana, a cada 30 dias.
As amostras coletadas foram armazenadas em potes plásticos, após o registro com câmera fotográfica, GPS, e em planilha de campo contendo o local, a data e as possíveis espécies. Para os métodos laboratoriais, as amostras foram cuidadosamente manuseadas e as avaliações consistiram no uso de peneira de malha fina 1 mm, onde foram depositadas as fezes e lavadas em água corrente, depois, postas em estufa e secas. Após esse procedimento, com a ajuda de microscópios e estereoscópios os itens encontrados nas fezes eram separados categoricamente e armazenados em potes plásticos, conservados em álcool 70 % ( REIS et. al., 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletadas 38 fezes de mamíferos de médio e grande porte durante o período de estudo. Sete espécies de mamíferos foram identificadas: jaguatirica ( leopardus pardalis), Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), tamanduá mirim (tamandua tetradactyla), Mão-pelada (Procyon cancrivorus), Quati ( Nasua nasua). Os itens encontrados nas fezes foram separados de acordo com os táxons: peixes, insetos, mamíferos e materiais vegetais (Kasper et. al.; 2004). Para quantificação estatística desses itens, considerou-se a frequência em que os táxons apareceram nas amostras, ou Frequência de Ocorrência (FO) (GARLA et. al., 2001), igual ao o número de amostras em que o táxon foi encontrado (n), dividido pelo número total de amostras analisadas (N) (ERLINGE et. al.; 1968). As análises de 38 amostras de fezes detectaram 243 ocorrências em 21 itens, sendo 28 % (n= 68) de origem animal, 22,63% de origem vegetal (n = 55), 16,04% ( n = 39) de peixe e, por fim, 33,33% de origem insetívora. O material insetívoro teve uma das maiores representações, na espécie Tamanduá tetradactyla, com 79%, e 57,44% de origem animal para o Nasua nasua, seguidos de 35,2% de ocorrência de peixes e 28,16 % de origem vegetal para o Cerdocyon thous.
CONCLUSÕES:
Uma das principais maneiras de entender as relações e organizações de uma comunidade biológica é avaliar o uso dos recursos alimentares disponíveis entre as variadas espécies ( KRBS, 1974) e os resultados deste trabalho permitiram conhecer essas propriedades e, apesar do pequeno número de análises feitas, foi possível avaliar as demandas exigidas por cada uma dos dos animais, e conhecer a mastofauna silvestres de médio e grande porte do local, incluindo algumas representantes ameaçados de extinção.
Os estudos demonstraram, sobretudo, que a grande maioria dos animais ingeriram insetos, seguidos de animais, peixe e vegetal e esses alimentos são importantíssimos para a manutenção da vida destes. Entretanto, a sua disponibilidade parece ser um dos maiores desafios encontrados nos últimos tempos, uma vez que, a sobrevivência da natureza é determinada, acima de tudo, pelas relações permeadas pelo homem (Rodden et al. 2004) cujo, em sua grande maioria, fragmenta, perturba e destrói o ecossistemas ( LAGO e PÁDUA,1988) pondo em risco a biodiversidade. Estudar, conhecer e conservar a natureza, através das análises do comportamento alimentar, e a frequência de ocorrência quantitativa dos itens ingeridos é imprescindível para retirar os animais silvestres das margens da extirpação total.
Palavras-chave: Mastofauna, Dieta, Mamíferos.