65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

CONTRIBUIÇÃO AO ENSINO DA GEOMORFOLOGIA DA FOLHA LAGOA DE ITAENGA

Ana Lucia Luiza Gomes - Depto.de Filosofia e Ciências Humanas, UFPE. Lucivânio Jatobá - Prof.Adjunto. Orientador- Depto.de Ciências Geográficas, UFPE.

INTRODUÇÃO:

Este trabalho volta-se para a questão do ensino de Geomorfologia, que é uma das áreas da Geografia Física, voltada à gênese e à evolução do relevo terrestre. A ideia de realizá-lo surgiu após a constatação de que há uma grande dificuldade para os professores de Geografia explorar de forma clara conteúdos referentes aos aspectos físicos, como o relevo, especialmente o relevo da região onde o estudante reside. No Brasil, há uma carência de material didático mais específico relacionado à Geografia Física e, sobretudo à Geomorfologia, para os níveis de ensino Fundamental e Médio. A área escolhida para ser objeto de estudo situa-se na Folha Lagoa de Itaenga, escala 1: 25.000,(Folha SB.25-Y-C-V-3-SE) , compreendida nas zonas fisiográficas Mata e Agreste de Pernambuco, entre os paralelos de -7°52’ 30’’ e -8°00’00’’ e os meridianos de 35° 22’30’’ e 35°15’00’’, englobando os municípios de Lagoa de Itaenga, parte de Feira Nova e Glória do Goitá. Trata-se de uma área geograficamente significativa, pois apresenta uma série de singularidades especialmente no que se refere ao relevo. Foram analisadas a gênese e a evolução do relevo da Folha Lagoa de Itaenga. Constatou-se que este relevo sofreu interferências estruturais e morfoclimáticas, caracterizando-se pelo predomínio de feições de topos planos, vales jovens e chãs. Foram encontradas também na área paisagens geomorfológicas com ondulações que se inserem na categoria de relevo regional designado como ‘’ Colinas ’’.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Contribuir para o desenvolvimento do Ensino da Geomorfologia local nos níveis de Ensino Fundamental e Médio e analisar a gênese e a evolução do relevo contido na Folha de Lagoa de Itaenga, a partir das interferências estruturais e morfoclimáticas, Propor estratégias para o Ensino para disciplina a partir da identificação dos compartimentos de relevo.

MÉTODOS:

Para a realização da pesquisa foi feita, inicialmente, uma análise exploratória, seguida de uma etapa de trabalho de campo na área investigada. Para o estudo da compartimentação do relevo foram usados os seguintes materiais cartográficos: carta topográfica, na escala de 1: 100.000, imagem de radar, na escala de 1: 250.000, mapa geológico na escala de 1:100.000, além de imagens obtidas do programa Google Earth. O trabalho de campo, de caráter interpretativo, foi feito em áreas previamente escolhidas e que melhor retratam a diversidade de relevo. Foram tiradas diversas fotografias no campo, que, posteriormente, serviram para a elaboração de esboços didáticos a ser empregados no processo ensino-aprendizagem de Geomorfologia.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

A pesquisa permitiu constatar a existência, na área investigada, feições de relevo do tipo colinas de dissecação incipiente, pertencentes à unidade geomorfológica regional Colinas da Zona da Mata, além de vales fechados, chãs e vestígios do Grupo Barreiras, confinados no todo de algumas colinas de topo plano. As colinas possuem altimetria entre 100 a 200 m, e se formaram pela erosão do pediplano Plio-Pleistocênico, através da erosão linear, ou seja, pelos rios, em épocas úmidas, ocorrendo assim à dissecação da paisagem. Segundo Jatobá (2009, pág.28) as feições de relevo desse compartimento possuem topos planos ou suavemente ondulados, com topografia de pequenas elevações, às vezes isoladas entre si. Essas Colinas estão sendo ocupadas na atualidade pelo plantio da cana- de açúcar. Em face da destruição da Mata Atlântica, nessas áreas, as encostas se tornaram mais sujeitas à erosão. Segundo Jatobá e Castro (2004, pág.103), a abordagem do conteúdo geológico, de Geografia Física e de Geomorfologia, principalmente nos currículos de ensino Fundamental e Médio, é de fundamental importância à observação, à experimentação e às aulas práticas de laboratório e de campo. A área estudada permite que o aluno possa visualizar e compreender a compartimentação geomorfológica, a partir da observação local. Sugere-se a realização de excursões lineares com alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio para observação geomorfológica da área e as relações entre o relevo e o uso do solo.

CONCLUSÕES:

As estratégias de ensino utilizadas para o ensino Geomorfologia, mencionadas no decorrer do trabalho, permitirão aos alunos de Ensino Fundamental e Médio, ter maior conhecimento da Geomorfologia local, desenvolvendo a habilidade para identificar o relevo, conhecendo melhor sua gênese e evolução, e que processos atuaram em seu desenvolvimento. A partir disso, os alunos estarão aptos a identificar e compreender os compartimentos e feições locais do relevo na área compreendida na Folha Lagoa de Itaenga, e, por analogia, identificar tipos de feições geomorfológicas em áreas adjacentes e de outras regiões fisiográficas do Estado de Pernambuco. Na interpretação de uma carta topográfica com curvas de nível, o aluno comparando-a com a observação de paisagem, desenvolverá a habilidade para interpretar corretamente a compartimentação do relevo terrestre. O relevo presente na Folha de Lagoa de Itaenga sofreu interferências estruturais e morfoclimáticas e está caracterizado pelo predomínio de colinas, vales fluviais, chãs, planície aluvial e vestígios do Grupo Barreiras. É necessário também desenvolver no aluno a capacidade de observar, caracterizar e explicar a gênese dos compartimentos e feições de relevo existentes no município em que ele reside e áreas adjacentes.

Palavras-chave: Folha de Lagoa de Itaenga, Ensino da Geomorfologia, Relevo.