65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
Mapeamento geológico de porção da Sub-Bacia Alhandra, Paraíba, Brasil
Diego Rodrigues Cravo Teixeira - Departamento de Geologia - UFPE
José Antônio Barbosa - Prof. Dr. - Departamento de Geologia - UFPE
INTRODUÇÃO:
A Bacia da Paraíba é dividida em três sub-bacias, sendo elas Olinda, Alhandra e Miriri. A área de estudo do presente trabalho corresponde a faixa sedimentar costeira, que abrange a Sub-Bacia Alhandra, localizada entre o Alto de Goiana, a sul, e a falha de Itabaiana – João Pessoa, a norte.
Estratigraficamente, na Bacia da Paraíba, ocorre uma sequência sedimentar que se inicia com a formação Beberibe, formada por arenitos continentais, de origem fluvio-lacustre. Em seguida temos a formação Itamaracá, onde ocorrem sedimentos de origem transicional, que representam o momento de início da deposição marinha na bacia, representados por arenitos calcíferos, carbonatos com siliciclastos e folhelhos. Sobre os estratos transicionais ocorrem carbonatos e margas dominantemente biomicríticos, depositados em ambiente marinho raso, que correspondem a formação Gramame. No topo da formação Gramame, ocorre uma discordância erosiva, caracterizada por uma camada de carbonato com intraclastos, de aspecto conglomerático, que marca a base da formação Maria Farinha, formada por carbonatos e margas. Por último, temos a formação Barreiras, que são sedimentos areno-argiloso de origem continental.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A partir de dados colhidos em campo, análise de poços, interpretação de fotos aéreas e revisão bibliográfica o presente trabalho tem como objetivo a confecção de um mapa geológico na escala de 1:25.000 de parte da Sub-Bacia Alhandra.
MÉTODOS:
Os procedimentos realizados para elaborar esse trabalho foram divididos em três etapas principais: principalmente houve a definição da área de estudo e levantamento bibliográfico, depois houve a etapa de campo com a aquisição de dados e finalmente uma fase de preparação, processamento e compressão dos resultados.
A princípio foi feito um levantamento bibliográfico referente a informações geológicas, estratigráficas e estruturais disponíveis sobre as unidades estudadas e sobre a Bacia da Paraíba em Geral. Foram adquiridas também fotografias aéreas, assim como, mapas topográficos e geológicos preexistentes que possibilitaram um prévio conhecimento das principais estruturas e litotipos da região.
A segunda fase correspondeu a visita aos afloramentos, tendo como principal meta, estudar e fazer levantamento de dados da região para uma análise geológica e estratigráfica de sequências aflorantes.
A última etapa consistiu primeiramente na fase laboratorial, os dados referentes a geofísica e imagens de satélite foram processados e interpretados, e ajudaram no entendimento da área estudada. Por fim, com o auxílio de softwares e com todos os dados adquiridos na etapa de campo, pôde-se elaborar um mapa geológico da região estudada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A idade da Formação Beberibe é inferida como Coniaciano? – Santoniano (Beurlen 1967a, 1967b; Muniz, 1993; Barbosa, 2004, 2007; Souza, 2006). A Formação Beberibe consiste em depósitos de arenitos continentais de médio a grossos, localmente conglomeráticos.
A Formação Gramame foi depositada durante o Maastrichtiano, sendo caracterizada por depósitos de calcários margosos, depositados em plataforma rasa com energia baixa a moderada e sob a ação periódica de tempestades (Beurlen, 1967a, 1967b; Tinoco, 1971, 1985; Muniz, 1993; Albertão et al., 1994; Lima & Koutsoukos, 2004; Barbosa et al., 2003, 2006; Barbosa, 2004, 2007). Podem ter coloração que varia de cinza a amarelo-creme, fenômeno este que é provocado pelo intemperismo.
A Formação Barreiras recobre quase toda a área estudada, capeando de forma discordante estratos do Cretáceo ou do Paleoceno. Sua idade é interpretada de forma geral como plio-plistocênica (Mabesoone & Alheiros, 1988, 1993), e ela é caracterizada por areias quartzosas subarcoseanas e argilas.
Os depósitos quaternários abrangem uma fração considerável da área estudada, estando bem preservados, em alguns trechos, e extremamente ocupados e descaracterizados pela ação antrópica em outros, especialmente pela retirada de areia por empresas para a construção civil.
CONCLUSÕES:
A partir da integração dos dados existentes, e da aquisição de novas informações, foi possível elaborar um mapa geológico da área estudada. As formações Beberibe, Itamaracá, Gramame e Maria Farinha estão limitadas, na faixa costeira, aos domínios da Bacia da Paraíba, porém, na área estudada as Formações Itamaracá e Marinha Farinha não afloram. Os depósitos quaternários também tem grande importância, especialmente na determinação de Paleoníveis do mar e paleolinhas de costa.
O arcabouço tectônico mostra-se bastante importante, devido ao controle que a mesma pode exercer na deposição e erosão dos sedimentos. Duas direções de falhas e fraturas são observadas na área estudada: as com direção ENE-WSW estão relacionadas ao embasamento, enquanto as de direção NW-SE esão relacionadas à separação dos continentens Sul-americano e Africano.
Verificou-se que há uma grande necessidade de um maior mapeamento de detalhe de toda a Bacia da Paraíba, afim de se obter um maior entendimento da mesma.
Palavras-chave: Sub-Bacia Alhandra, Bacia da Paraíba, Faixa costeira do Nordeste.