65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
A AGRICULTURA FAMILIAR E A AGROECOLOGIA NO ASSENTAMENTO FRESCONDIM/GAMELEIRA – MATA SUL DE PERNAMBUCO
Eduardo Jorge do Nascimento - Depto. de Ciências Sociais – UFRPE
Luiz Felipe Soares - Depto. de Ciências Sociais – UFRPE
Tarcísio Augusto Alves da Silva - Prof. Dr./Orientador – Depto. de Ciências Sociais – UFRPE
INTRODUÇÃO:
Nos últimos anos a agroecologia tem despontado enquanto estratégia para o desenvolvimento das famílias de agricultores familiares. A literatura que trata do tema, como Altieri (1998), Caporal & Costabeber (2002) ou Gliessman (2000), confere a agroecologia o status de disciplina científica com potencial para sustentar uma ação transformadora não só na produção agrícola, mas principalmente no desenho de uma sociedade mais justa e saudável. Nesse sentido, na agricultura familiar a análise socioecológica é vista enquanto questão fundamental, enaltecendo o imaginário de uma nova racionalidade para um novo rural (Picolotto, 2011) buscando, em síntese, ressignificar o campo e também a cidade enquanto construtos de práticas sociais partilhadas. Tomando por base que o pensamento de Santos (2001) aponta para a centralidade dos estudos sociorurais e a importância gradativa que vem ganhando o modelo de desenvolvimento agroecológico pretendemos problematizar os desdobramentos do programa de Produção Agroecológico Integrado e Sustentável (PAIS), do assentamento Frescondim, município de Gameleira (PE).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar as limitações para implementação de uma produção Agroecológica por meio de tecnologias sociais disseminadas pelo PAIS no Assentamento Frescondim.
MÉTODOS:
A estratégia metodológica utilizada na coleta de informações guiou-se pela pesquisa bibliográfica e documental em sites governamentais sobre o programa, PAIS. Paralelo ao levantamento documental e teórico, visitas de campo a algumas experiências agroecológicas em curso no assentamento se sucederam, culminando na gradativa aplicação de questionários com os agricultores familiares assistidos pelo programa. Corroborando com a aplicação dos questionários em campo, seguiu a análise de documentos e a participação em reuniões da associação de agricultores familiares de Frescondim. Privilegiou-se o enfoque qualitativo na análise dos dados, contribuindo para a efetiva investigação do programa no assentamento Frescondim.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao analisarmos à implantação do programa de Produção Agroecológico Integrado e Sustentável no assentamento Frescondim, foi identificado que seu objetivo de ser um dos carros-chefe das políticas públicas para o rural, por se constituir em uma vertente de combate a vulnerabilidade e a pobreza (Pais, 2012), não tem se materializado no local estudado. As evidências observadas no assentamento apontam para o descaso e o abandono do programa decorrente da ausência de acompanhamento e assistência técnica aos agricultores. Os depoimentos colhidos entre os beneficiários revelam que programa PAIS em Frescondim, não recebe o acompanhamento periódico previsto no projeto, como tão pouco a assessoria devida. Verifica-se também que a não promoção da capacitação dos agricultores beneficiados pelo PAIS tem acentuado as limitações com as quais a unidade familiar se vê confrontada diariamente, a saber, a busca de autonomia produtiva e independência financeira como alerta Schneider (2003).
CONCLUSÕES:
O programa de produção Agroecológico Integrado e Sustentável que se apresenta enquanto alternativa de superação da pobreza e marginalização rural, visando a valorização da participação social, a solidariedade econômica, o respeito ao agricultor familiar e às culturas localmente produzidas (Pais, 2012), não expressa no caso Frescondim, a efetivação dessa ação. A falta de assistência técnica periódica no acompanhamento do assentamento e a falta de capacitação dos agricultores familiares revelou-se uma deficiência central do projeto. O sentimento de desconfiança sobre as benesses do programa fragiliza a promoção da agroecologia enquanto paradigma de desenvolvimento local deixando evidente a contramão que o programa de produção Agroecológico Integrado e Sustentável tem operado, transmitindo em primeira instância ao agricultor familiar a sensação de abandono e descaso. Não obstante a esta realidade o agricultor familiar, em Frescondim encontra-se, atualmente marcado pelas incertezas e receios em relação às políticas públicas engendradas pelo governo na figura de seus órgãos executores, como já havia apontado Germer (2002). Além disso, destacam-se ainda as dificuldades vivenciadas com a estiagem prolongada que atinge a região.
Palavras-chave: Produção agroecológica, Desenvolvimento rural, Desenvolvimento sustentável.