65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
REPERCUSSÕES SOCIOAMBIENTAIS DA CARCINICULTURA NO ECOSSISTEMA ESTUARINO DO RIO JAGUARIBE, ARACATI, CEARÁ.
Girleny Maria Canindé da Silva - Curso de Geografia - UECE
Fábio Perdigão Vasconcelos - Prof. Dr./Orientador - Curso de Geografia - UECE
INTRODUÇÃO:
O estudo faz uma breve análise das repercussões socioambientais resultantes do cultivo de camarão no estuário do Rio Jaguaribe. Há pouco mais de duas décadas os estuários cearenses ainda não eram alvo de tanta valorização econômica, esse fato se modificou com a inserção da carcinicultura nessas áreas. Na planície flúvio-marinha, a área de vegetação de mangue corresponde ao local mais afetado pela carcinicultura. As alterações decorrentes da produção de camarão em cativeiro causam desequilíbrio neste ambiente e alteram toda a dinâmica estuarina, trazendo conseqüências negativas tanto para a área afetada, quanto para áreas circum-vizinhas. Os problemas são de ordem ambiental, assim como, de ordem social, econômica e cultural. Ao longo do trabalho serão analisadas as questões negativas do cultivo do camarão, propondo ações mitigadoras para amenizar os danos desta atividade, buscando um equilíbrio entre natureza e sociedade. O método empregado neste trabalho é fruto de um arcabouço teórico baseado na teoria Geossistêmica e no conceito de Unidades Ecodinâmicas. Os resultados vem evidenciar o descaso dos governantes através das ações inadequadas dos órgãos ambientais, principalmente por ausência e/ou má fiscalização em relação à situação de desordem e aos danos ocasionados no ecossistema e para as comunidades locais. Portanto, percebe-se que é necessária uma maior fiscalização da área, além da implementação de políticas públicas de incentivo à produção sustentável.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho tem como objetivo pôr em questão toda problemática causada pela inserção da carcinicultura no município de Aracati, além de discutir as consequências de tal atividade para a natureza e sociedade.
MÉTODOS:
Para o melhor desenvolvimento do presente trabalho foi realizado um levantamento de materiais bibliográficos, baseado em livros, artigos científicos e dissertações. Fizeram-se necessárias algumas visitas há bibliotecas públicas (UFC e UECE) para obtenção de material de estudo, assim como, consulta em sites de órgãos públicos através da internet. Elaborou-se um mapa temático através da utilização de um Sistema de Informação Geográfica – SIG, para fins de melhor entendimento quanto à localização da área em estudo. Para uma melhor compreensão e análise integrada da paisagem, foi fundamental para a pesquisa, a utilização da Teoria dos Geossistemas proposta por Bertrand, que possibilitou uma visão global da área através de uma correlação bidimensional entre as escalas espaço e tempo, além das interrelações antropo-naturais que nela ocorrem, na busca por um planejamento ambiental e ordenamento territorial adequado e um consequente equilíbrio no ambiente estuarino. Foi utilizado ainda o conceito de Unidades Ecodinâmicas, proposto por Tricart, por ter considerável importância para os estudos ambientais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
É possível observar a partir da finalização do estudo os processos de mudanças nos fluxos de matéria e energia, ocasionados pela ação antrópica que transforma à paisagem à sua maneira. Após a implantação das fazendas de camarão no município de Aracati foram ocupadas áreas de vegetação de mangue, ambiente de extrema fragilidade quanto ao uso e ocupação por atividades humanas, pois se apresenta como berçário natural de espécies e detentor de inúmeras funções no que concerne o equilíbrio da fauna e da flora local. As porções mais atingidas pela atividade correspondem à vegetação de mangue, inserida na planície flúvio-marinha, principalmente em ambientes que correspondem às áreas de apicuns e salgado. Inúmeras questões sócio-ambientais foram observadas no entorno das áreas de cultivo de camarão. Estas questões são oriundas de ações da sociedade sobre a natureza de maneira desordenada, proporcionado desequilíbrios no ambiente, representado nesta área pelo ecossistema manguezal, ambiente de considerável fragilidade e instabilidade.
CONCLUSÕES:
De acordo com o que foi exposto no presente estudo nota-se que a paisagem do estuário do Rio Jaguaribe sofre drasticamente com a intervenção antrópica em função da carcinicultura. Não só a natureza sofre com os impactos danosos da produção de camarão, as comunidades locais também sentem as modificações da morfodinâmica local. Visando uma possível modificação das situações apresentadas, seria necessário o desenvolvimento de políticas públicas com foco na educação ambiental, conscientização da sociedade em geral sobre a importância do ecossistema manguezal, o incentivo a projetos de recuperação ambiental, o incentivo à produção sustentável, a intensificação da fiscalização por parte dos órgãos ambientais responsáveis e a elaboração de EIAS/RIMAS.
Palavras-chave: Ecossistema Manguezal, Planície Fluviomarinha, Dinâmica Estuarina.