65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 1. Biologia e Fisiologia dos Microorganismo
PRODUÇÃO DE CELULASES POR FUNGOS DO GENÊRO Colletotrichum
Barbara José Rocha Cardoso de Lima - Depto.de Micologia – UFPE
Benny Ferreira de Oliveira - Depto.de Micologia – UFPE
Emanuelle Reis da Silva - Depto.de Micologia – UFPE
Marilia Rodrigues da Rocha - Instituto de Ciências de Biológicas -UPE
Sérgio Murilo Sousa Ramos - Depto.de Micologia – UFPE
Neiva Tinti de Oliveira - Profa. Dra./Orientadora – Depto.de Micologia - UFPE
INTRODUÇÃO:
A parede celular vegetal é formada por polissacarídeos como celulose, hemiceluloses, pectina e lignina, que formam um complexo de estrutura rígida. A celulose é o carboidrato mais abundante na natureza e possui uma estrutura insolúvel de cadeia linear, composto por β-D-glicopiranosídios unidos por ligações β-1,4. Celulases são enzimas que constituem um complexo capaz de atuar sobre materiais celulósicos, promovendo sua hidrólise, sendo biocatalisadores altamente específicos que atuam em sinergia para liberação de açúcares, dos quais a glicose apresenta maior interesse industrial, devido à possibilidade de sua conversão em etanol. Fungos fitopatogênicos produzem uma variedade de enzimas nos processos de penetração e colonização do tecido hospedeiro, algumas capazes de degradar os componentes da parede, além de degradar e transportar nutrientes para a célula. As enzimas produzidas no processo de colonização fúngica, têm sido avaliadas quanto ao seu potencial em aplicações biotecnológicas. Sendo Colletotrichum um importante gênero de fungos filamentosos fitopatogênicos e tendo em vista a capacidade deste tipo de fungo de produzir enzimas degradadoras de parede celular vegetal, a avaliação do seu potencial biotecnológico pode contribuir para o setor industrial.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho foi avaliar a capacidade de produção de celulases por isolados do gênero Colletotrichum depositados na Micoteca URM em resposta à presença de celulose como única fonte de carbono.
MÉTODOS:
Os isolados foram cultivados em BDA por 7 dias a 280C. Em seguida fragmentos da cultura com cerca de 5mm de diâmetro, foram transferidos para o centro de placas de Petri contendo o meio de cultura específico para detecção enzimática, usando como substrato o meio carboxymethylcellulose (CMC) contendo 3,8g de KCL, 2g de K2HPO4, 0,1g de MgSO4-7H2, O,1g de (NH4)2SO4, 06,g de extrato de malte e 10g de ágar. Os testes foram realizados em triplicata e a atividade enzimática foi realizada obtendo-se a razão entres as médias dos valores dos diâmetros da colônias e o somatório de tais diâmetros com os diâmetros dos halos indicativos de atividade para a obtenção da zona de atividade (ZA) e sua posterior interpretação. ZA entre 0,90 -1,0 cm foi considerada a atividade muito franca, entre 0,89 – 0,80 cm atividade fraca, entre 0,79 e 0,70 cm atividade forte e ZA inferior a 0,69 cm, considera-se muito forte. Para identificação dos halos, cerca de 15ml do corante Vermelho Congo foram adicionados às placas por 5 min, e em seguida foram lavadas com uma solução de NaCl a 0,5 M.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dentre os 22 isolados testados quatro isolados de C. gloeosporioides e um de C. dematium apresentaram atividade celulolítica considerada muito fraca (22,73%), sete isolados de C. gloeosporioides e um de C. acutatum a atividade foi fraca (36,36%) e em cinco isolados de C. gloeosporioides e um de C. acutatum (27,27%), a atividade foi considerada forte. Três isolados, um de C. sublineolum, um de C. falcatum e um de C. dematium, não apresentaram halo de degradação da celulose, portanto foram considerados, sem atividade. A visualização do halo depende de diversos fatores, dentre ele a composição do meio. Algumas substâncias presentes no meio de cultura podem afetar no corante utilizado para verificar a presença do halo gerando resultados falso-positivos, ou causando sua precipitação, ou ainda inibindo a ligação deste aos polissacarídeos. Experimentos realizados com fungos filamentosos, dentre eles, com o Colletotrichum, demonstraram que a utilização de ágar carboximetilcelulose, pode apresentar melhores resultados. Estudos relatam a diversidade de enzimas produzidas por fungos fitopatogênicos da espécie Colletotrichum gloeosporioides, e que a produção de enzimas ajudaria na infecção do hospedeiro.
CONCLUSÕES:
Dezenove dos 22 isolados de espécies do gênero Colletotrichum, entre elas C. gloeosporioides, C. dematium e C. acutatum, foram produtores de celulases. Três isolados, um de C. sublineolum, um de C. falcatum e um de C. dematium não apresentaram atividade celulolítica.
Palavras-chave: Fungos fitopatogênicos, Enzimas, Parede celular.