65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 4. Saúde Pública
ESTADO NUTRICIONAL E PERFIL ALIMENTAR DOS RESPONSÁVEIS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOMPANHADOS NO CENTRO DE OBESIDADE INFANTIL
Elayne Maria Cordeiro Costa - Depto. de Enfermagem - UEPB
Jéssyca da Silva Martins - Depto. de Enfermagem - UEPB
Tatianne Moura Estrela - PPGSP, UEPB
Larissa Soares Mariz - PPGSP, UEPB
Danielle Franklin de Carvalho - Orientadora, UEPB, PPGSP
Carla Campos Muniz de Medeiros - Orientadora, UEPB, PPGSP
INTRODUÇÃO:
Dentre os problemas de saúde que acometem crianças e adolescentes, estão o sobrepeso e a obesidade. Esta é uma doença crônica de origem multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo relacionado ao desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético (QUEIROZ, 2009). Os fatores genéticos influenciam a susceptibilidade de uma criança à obesidade, mas esta tendência se manifesta em ambientes propícios, onde o estilo de vida desempenha um importante papel (QUEIROZ, 2009). Quando ambos os pais são obesos, a criança tem 80% de chance de sê-lo; quando somente um dos dois é obeso, essa porcentagem cai para 50%, e, se nenhum dos dois apresentarem obesidade, esse índice é de 9% (FISBERG, 2005). A influência do ambiente familiar sobre o risco do aparecimento de obesidade infantil é uma problemática presentes em centros de tratamentos, já que, a criança depende das escolhas de seus pais e familiares com relação à compra, modo de preparo dos alimentos e hábitos alimentares (SILVEIRA, 2008). Assim, a obesidade está interligada ao microambiente em que se vive, sendo importante estudar a estrutura familiar e sua influência sobre o estado nutricional com vista a identificar fatores que interferem no tratamento de crianças e adolescentes com excesso de peso.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar o estado nutricional e perfil alimentar dos responsáveis de crianças e adolescentes com excesso de peso expostos ao tratamento por uma equipe multidisciplinar no centro de obesidade infantil (COI) em Campina Grande, Paraíba.
MÉTODOS:
Estudo transversal, descritivo, quantitativo realizado em um centro de referência no tratamento multiprofissional de crianças e adolescentes com excesso de peso. Dados coletados entre Agosto/2010 à Abril/2011. População composta por 109 responsáveis por crianças e adolescentes cadastradas no COI. Para coleta dos dados antropométricos utilizou-se uma balança digital tipo plataforma da marca Welmy com capacidade para 150 kg. A altura foi aferida por um estadiômetro da marca Tonelli com precisão de 0,1 cm. Para a classificação do estado nutricional foi calculado o índice da massa corpórea (IMC) conforme as recomendações do CDC (2000). A frequência alimentar foi classificada como recomendado, aceitável e ruim.Para os alimentos de risco foi considerado recomendado o consumo de zero a uma vez na semana, aceitável duas vezes e ruim três ou mais vezes por semana (VIGITEL,2009). A análise estatística foi realizada pelo SPSS 17.0 onde se realizou estudo descritivo com frequência absoluta e relativa das variáveis estudadas. Na ocasião o TCLE foi assinado pelos participantes da pesquisa. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa com o parecer nº 0379.0.130.000-10.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No presente estudo, a maior parte dos indivíduos pesquisados era do sexo feminino, adolescentes, com renda baixa e com escolaridade materna de doze anos de estudo. A predisposição genética e os hábitos dos familiares são alguns dos fatores associados ao excesso de peso. Quando analisado o estado nutricional dos pais, prevaleceram os com excesso de peso, sendo que 31,2% com sobrepeso, 25,7% obesidade e 17,4% obesidade grave, enquanto que os eutrófios foram 31,2%. Pais obesos tendem a exercer maior controle de alimentos das crianças e o IMC das crianças está associado ao IMC dos pais (COSTA, 2008). Analisando o perfil alimentar encontrou-se um resultado positivo o fato do consumo de frutas (52,3%), verduras (63,3%), doces (45,9%) e refrigerantes (53,2%) encontrarem-se dentro dos níveis recomendados pelo Vigitel (2010). No entanto, o hábito de comer frituras (42,2%), biscoitos (45,0%) e massas (57,8%) foi considerado como ruim de acordo com os mesmos parâmetros. Desta forma, é possível perceber que, quando o adolescente tem que conviver com uma oferta diária de alimentos calóricos em casa, torna-se muito mais difícil para ele manter-se de acordo com seus objetivos de perda peso (OLIVEIRA et al, 2008).
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados dessa pesquisa, foi possível perceber que os hábitos nutricionais dos pais das crianças e adolescentes em tratamento no COI foram inadequados, podendo refletir no estado nutricional daquelas, o que conduz ao entendimento de que o acompanhamento multiprofissional precisa envolver toda família, a fim de inseri-la no tratamento da criança ou adolescente e alcançar resultados positivos. Faz-se necessária a conscientização dos pais e responsáveis sobre o seu estado nutricional e o alerta ao desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis associada ao excesso de peso, a fim de conduzi-los a um tratamento adequado e, assim, serem instrumentos de ajuda para os profissionais envolvidos no tratamento dos filhos. Enaltece-se a importância do estudo pela contribuição de dados recentes no cenário nacional, alusivos ao acompanhamento de pacientes em centro de referência para tratamento de crianças e adolescentes com excesso de peso, enquanto que a maior parte dos estudos publicados aborda somente parte da população de crianças ou adolescentes.
Palavras-chave: crianças, adolescentes, excesso de peso.