65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
TENDÊNCIAS EDUCACIONAIS NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIA: A VISÃO DE LICENCIANDOS EM QUÍMICA DEPOIS DE UM ANO DE ESTUDOS
Antonio Donizetti Sgarbi - Prof. Dr. Programa EDUCIMAT, IFES
Sabrine Lino Pinto - Mestranda Programa EDUCIMAT, IFES
Carlos Alberto Nascimento Filho - Mestrando Programa EDUCIMAT, IFES
Maria das Graças Ferreira Lobino - Prof. Ms. Pesquisadora Programa EDUCIMAT, IFES
INTRODUÇÃO:
A pedagogia não pode ser negligenciada por investigadores da educação ou educadores, pois educar pessoas é efetivar práticas que irão construir sujeitos e identidades. É a pedagogia que ajuda a compreender como os fatores socioculturais e institucionais atuam nos processos de transformação dos sujeitos e em que condições esses aprendem melhor (LIBÂNEO, 2005, p. 2). Dentro desta perspectiva, esta pesquisa buscou compreender qual tem sido a percepção de um grupo de alunos de Licenciatura em Química de um Instituto Federal sobre a tendência pedagógica que foi mais comum nos dois primeiros semestres de estudos, no seu curso, no ano de 2012. O resultado deste levantamento foi analisado à luz de alguns pesquisadores da área, em especial Libâneo (1994; 2005) e Mizukami (1986).
OBJETIVO DO TRABALHO:
A presente pesquisa busca: investigar tendências pedagógicas mais comuns nas aulas dos dois primeiros semestres de um curso de Licenciatura em Química de um Instituto Federal de Educaçao, na visão dos próprios licenciandos; conhecer as práticas pedagógicas mais eficientes na visão dos alunos; analisar à luz dos textos de Libâneo e Mizukami os dados colhidos.
MÉTODOS:
A pesquisa, de abordagem qualitativa, se dá a partir de um estudo de caso. As técnicas utilizadas foram a observação participante e um check list com as características mais comuns de cinco diferentes tendências pedagógicas. Construiu-se uma lista para cada tendência pedagógica, a saber: liberal tradicional; liberal tecnicista; liberal pragmática e renovada não diretiva (escola nova); progressista libertadora; progressista libertária e progressista “crítica social dos conteúdos” ou “histórico crítica”. Cada lista continha dez afirmações sobre cada uma das tendências. Elaborou-se ainda uma questão aberta onde o aluno foi convidado a discorrer sobre o uso de uma prática pedagógica em sala de aula onde houve real aprendizagem na sua visão. As respostas foram tabuladas e analisadas à luz do referencial teórico da pesquisa. Os sujeitos da pesquisa foram quatorze (14) alunos, de um total de vinte e um (21), que estavam presentes na aula de Bases Sócio Filosóficas da Educação no dia em que o check list foi aplicado. Todos eram alunos de um curso de licenciatura em química de um Instituto Federal de Educação, no semestre 2012.2.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A pedagogia liberal tradicional foi, na visão dos alunos, a tendência pedagógica mais comum no curso, pois a mesma foi citada oitenta e seis (86) vezes; a liberal tecnicista foi a segunda colocada com cinquenta e quatro (54) marcas e em seguida apareceu a tendência liberal pragmática e renovadora não progressista (escola nova) com cinquenta e três (53) marcas. Entre as pedagogias progressistas, a libertadora e a libertária foram as que receberam menos marcas, apenas trinta e sete (37) e a progressista crítico social dos conteúdos recebeu 50 marcas. Quando perguntados sobre uma experiência onde cada um realmente sentiu que houve uma boa aprendizagem, as respostas que apareceram mais foram: dinâmica de grupo em sala de aula – cinco (5); fazendo pesquisas – dois (2); fazendo exercícios – dois (2). Percebe-se que as pedagogias liberais estiveram mais presentes nas respostas que as pedagogias progressistas quando o assunto era a tendência mais comum. Já quando o assunto era maior aprendizagem ocorrida, os alunos destacaram elementos das abordagens do tipo progressista, pois a respostas apontaram para o valor dos grupos de discussão, da vivência grupal ou dos alunos participadores do processo de ensino-aprendizagem.
CONCLUSÕES:
Ficou evidenciado que, embora se discutam várias outras tendências pedagógicas modernas progressistas e contemporâneas, o modelo pedagógico mais utilizado, na visão dos alunos, no curso de licenciatura, grupo para o qual foi direcionada a presente pesquisa, continua sendo o modelo liberal tradicional. No entanto, os alunos apontam que não é este o modelo que mais leva a aprendizagem, ou que melhor atenda às suas expectativas. Percebe-se que, enquanto avançam as reflexões no sentido de buscar novas formas de educação para um mundo em mudanças, a realidade educacional não avança acompanhando o ritmo destas reflexões. Acredita-se, porém, que a tomada de consciência de uma situação pede mudanças que motivem os educadores a buscarem cada vez mais o desenvolvimento de ações pedagógicas que atendam às necessidades educacionais neste início do século XXI. Embora um estudo de caso seja pouco para desvendar o real, acredita-se ainda que este seja um passo importante na construção daquela postura crítica e reflexiva que se espera dos educadores, já que optar por uma tendência pedagógica é uma forma de atuar politicamente para transformar ou manter uma realidade.
Palavras-chave: Ações pedagógicas, Professor crítico, Realidade educacional.