65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 1. Linguística Aplicada
MÚSICA COMO GÊNERO DISCURSIVO E RECURSO DIDÁTICO: apostas para o ensino- aprendizagem de inglês
Nivaldo Soares Camerino - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários – UESB
Fernanda de Castro Batista Coelho - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários - UESB
Ester Maria de Figueiredo Souza - Profa. Dra./Coorientadora - Depto. de Estudos Linguísticos e Literários - UESB
INTRODUÇÃO:
Este trabalho escolhe a música como objeto de pesquisa, para isso a categorizamos como gênero discursivo, ou seja, uma prática de linguagem relativamente estável (Bakthin,1999) e um instrumento semiótico (Schneuwly, 2004) a partir do qual os sujeitos agem e reagem em sociedade. Essa perspectiva coloca os sujeitos de linguagem professor e alunos, que em sala de aula desempenham suas funções interacionais, como seres inseridos na ordem do simbólico (BOLOGNINI, 2008). Daí a necessidade de que a música seja ressignificada nas aulas de línguas dada as suas potencialidades interculturais, intertextuais e interdiscursivas que enquanto texto atualiza de modo a construir uma atmosfera sociointeracional, como o quer e define os PCNs (1998), adequada para o desenvolvimento cognitivo da classe discente, além disso, permite a abordagem contextualizada de estruturas linguísticas, bem como oferece temáticas variadas para o exercício da reflexão e produção textual, assim como possibilita ao educando a habilidade oral para que suas produções fluam de modo gradual e naturalmente instanciado no gênero música.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Defender o uso do gênero discursivo música como um recurso didático para o desenvolvimento das habilidades listening, speaking, reading e writing em aulas de inglês na educação básica para demonstrar o lugar da música na autonomia do aprendente e no estabelecimento de um contexto sociointeracional motivador.
MÉTODOS:
A investida deste trabalho é de cunho qualitativo (FLICK, 2005) e elege a sala de aula como campo de pesquisa, lugar de iniciação à docência e intervenção didática (COELHO; SOUZA, 2012), foi, portanto, experienciando esse espaço institucional que comprovamos, por meio de observações etnográficas (ERICKSON,1973, 2006) semanais, ao longo de seis meses, que a música, quando utilizada, é subutilizada na sala de aula campo de pesquisa. Daí a elaboração e atualização de planos de aulas, na sala de aula campo de pesquisa, nos quais tematizaram o objeto de estudo. Aulas, ao longo do processo de observação em campo, foram gravadas e algumas transcritas para seleção de episódios que permitissem o trabalho com as hipóteses lançadas sobre o gênero discursivo música e sua atualização como recurso didático no e para o trabalho com os conteúdos programáticos escolares.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O trabalho de revisão da literatura apontou uma carência de estudos que se dedicam a pensar a música como gênero discursivo na escola e as observações em campo, bem como o exercício da docência no papel de professor, demonstraram uma certa resistência dos alunos (sujeitos da pesquisa) para aceitarem as minúcias do trabalho com a música com propósitos didático-pedagógicos, o que nos surpreendeu. As várias atividades didáticas elaboradas a partir de uma mesma letra da música, tendo em vista as diferentes habilidades linguísticas (leitura, escrita, fala e escuta) não foram a princípio tão bem aceitas pelos alunos que reivindicavam um trabalho mais rápido com a textualidade da música, o que faziam ancorados nas representações que tinham do circuito interacional da música fora da escola. A variável motivação – que se esperava, portanto, conquistar tendo em vista o gerenciamento da atenção do grupo – não foi tão facilmente alcançada como se imaginava.
CONCLUSÕES:
A pesquisa esclareceu a importância dos gestos de transposição didática para o ensino de línguas, quando, por exemplo, se defende uma aula comunicativa (UPHOFF, 2008) que leve em conta a memória discursiva, o olhar para a língua estrangeira e as necessidades de se trabalhar interculturalmente (HASHIGUTI, 2008) com e a partir do texto, o que nos possibilitou listar algumas das variáveis que levam à escolarização do texto e mesmo subutilização da música na sala de aula, o que, certamente, provocará redimensionamentos para a pesquisa.
Palavras-chave: Língua estrangeira, Gênero textual, Didática de ensino de línguas.