65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
QUANTIFICAÇÃO DE CARBONO ESTOCADO NA BIOMASSA DE PROGÊNIES DE CUAPUAÇUZEIRO
Anderson Rodrigues Nunes - Instituto de Ciências Agrárias – UFRA
Diego Correia Sodré - Instituto de Ciências Agrárias – UFRA
Thays Syntya Antunes da Costa - Embrapa Amazônia Oriental – CPATUR
Jessivaldo Rodrigues Galvão - Engº Agrônomo Dr./Orientador - Instituto de Ciências Agrárias – UFRA
Dionilson Cardozo da Cunha - Engº Agrônomo Dr. – EMATER-PA
Vicente Filho Alves Silva - Depto. Engenharia Rural - UNESP/FCAV
INTRODUÇÃO:
O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum Schum.) é uma das fruteiras mais atrativas da região Amazônica e ocorre preferencialmente em várzeas férteis não inundáveis no interior de matas primárias (Silva et al., 2007). Sua polpa possui ótimas características de sabor e aroma e é empregada na fabricação de sucos, sorvetes, licores, compotas, geléias, cremes, doces, entre outros (Ferreira et al., 2009). Com a elevação da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs), em decorrência principal das atividades humanas, tem-se gerado discussões no âmbito político, social e econômico, junto à sociedade moderna (Rezende et al., 2012). Neste contexto, a floresta Amazônica é capaz de armazenar uma quantidade de carbono (C) equivalente à emitida pela população humana durante mais de uma década. Numericamente mantêm em média na vegetação cerca de 420 t ha-1 de biomassa vegetal, o que corresponde a 210 t ha-1 de C (Houghton et al., 2000). O “seqüestro” de C por culturas perenes apresenta vantagens comparativas, pois além de estocar o C por longo período de tempo, a exploração econômica dessas culturas não necessariamente termina com o corte da madeira, o que provavelmente levaria à emissão de CO2 para a atmosfera (Albrecht & Kandji, 2003).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a quantidade de carbono estocada nas partes da planta de progênies de cupuaçuzeiro em função da idade.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido no período de 2004 a 2011 em área da Embrapa Amazônia Oriental, Belém-Pará. A área de estudo foi 4.300 m2, constituídas de plantas com idade até 7 anos, das progênies meio irmãos (PMIs) 186 e 215 de cupuaçuzeiros, distribuídas em espaçamento de 5 x 5 m. Baseando-se na altura e diâmetro, foram selecionadas cinco árvores de cupuaçuzeiro em cada progênie, para a quantificação da parte aérea (ramos primários, ramos secundários, caule e folhas). As amostras coletadas foram acondicionadas em sacos de papel e levadas para secar em estufa de ventilação forçada de ar, na temperatura de 70 0C, até atingir peso constante. Após a secagem e trituração foram determinados os teores de carbono total. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, arranjado em esquema fatorial de 7 x 4 x 2, com cinco repetições. Os fatores foram as idades (até 7 anos), 4 partes da planta (ramos primários, ramos secundários, caule e folhas) e duas progênies (215 e 186). A variável analisada foi o estoque de carbono da parte aérea da planta. Os resultados do experimento foram submetidos à análise de variância, comparadas pelo teste de SNK a 5% de probabilidade, e estudo de regressão utilizando-se o programa estatístico SISVAR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Houve efeito significativo para acúmulo de carbono na parte aérea da planta (P ≤ 0,05). Observou-se que à medida que os anos se sucederam, ocorreu incremento no estoque de carbono das progênies no caule, folhas, ramos primários e secundários, apresentando um comportamento linear crescente com o passar do tempo. Pode-se observar que em todas as partes da planta ocorreu maior estoque de carbono na progênie 186 quando comparada a 215. A PMI 186 produziu maior estoque de carbono com 124,52 kg ha-1 nos ramos secundários enquanto a 215 apresentou-se com 93,20 kg ha-1. O maior incremento ocorreu na progênie 186 com 51,87 kg ha-1 entre o quarto e quinto ano com 41,8%. A PMI 215 no mesmo período teve um incremento de 45,47 kg ha-1 representando um percentual de 59,4%. Caldeira et al. (2003) trabalhando com Acacia mearnsii na produção de carbono por hectare com quatro e seis anos de idade obtiveram 80 e 77% nos galhos vivos, respectivamente. Estudando as espécies Avicennia schaueriana, Laguncularia racemosa e Rizophoramangle no manguezal do Sítio Sandi, Santos-SP, Sampaio et al. (2009), verificaram que os ramos contribuíram com maior percentual de carbono com 41,36%. Apesar de serem espécies de comportamentos diferentes, nota-se que o cupuaçuzeiro tem potencial para estocar carbono.
CONCLUSÕES:
O cupuaçuzeiro tem potencial para estocar carbono em sua biomassa aérea. O ramo secundário é a parte da planta que concentra maior estoque de carbono.
Palavras-chave: Amazônia, Biomassa, Theobroma grandiflorum.