65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 1. Antropologia da Religião
DIVERSIDADE RELIGIOSA NA ESCOLA PÚBLICA: UM OLHAR A PARTIR DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES DOS CICLOS FESTIVOS
Maria Edi da Silva - Doutoranda - Programa de Pós-Graduação em Antropologia - UFPE
Roberta Bivar Carneiro Campos - Professora Doutora/Orientadora – Programa de Pós-Graduação em Antropologia - UFP
INTRODUÇÃO:
O espaço público da escola é considerado laico desde o rompimento entre a Igreja e o Estado com o advento da república no Brasil. A diversidade religiosa que vemos no espaço público escolar deixa à mostra a presença da religião e a construção de estratégias de convivência bem como a presença dos evangélicos e elementos católicos na disputa por reconhecimento nesse espaço. Os Ciclos Festivos do calendário escolar, observados do ponto de vista do ritual, são os momentos de experiência que se utilizaram das teorias de Mauss, Honneth, Geertz, Turner, Toren como aporte para a discussão. Nesse trabalho os conflitos e mediações, disputas e interações em contraponto com a orientação religiosa dos agentes envolvidos nos remetem à importância do debate acerca da diversidade religiosa no espaço público escolar. As implicações dessa presença, construção de estratégias criadas pelos agentes para garantia do direito ao reconhecimento, contribuem para relevância do debate proposto. A contribuição da antropologia, utilizando como campo de pesquisa a escola tem sido outro fator recorrente nos estudos atuais da ciência antropológica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa tem por objetivo contribuir com o debate acerca da presença da religiosidade no espaço público escolar, suas implicações e as estratégias criadas pelos agentes para garantia do direito ao reconhecimento.
MÉTODOS:
Para a realização da pesquisa usamos como aporte teórico principal os estudos sobre rituais e experiência desenvolvidos por Turner, os trabalhos de Mauss sobre a festa como fato social total. O campo de pesquisa foram três escolas públicas da Rede de Ensino do Recife, onde, através de questionários, diário etnográfico, conversas informais, registros fotográficos, pais, alunos, professores, gestores e alunos contribuíram com o levantamento dos dados. As experiências festivas dos Ciclos carnavalesco, junino e natalino foram os espaços de observação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Percebemos a presença religiosa na escola pública, especialmente nas atividades festivas dos Ciclos Festivos (carnaval, festas juninas e natalinas) onde elementos católicos se apresentam de modo naturalizado em contraponto com a reação dos evangélicos proibindo as crianças de participar de tais eventos. A construção de estratégias de convivialidade entre os agentes que circulam/convivem nesse espaço demonstram que diante da necessidade de permanência nesse espaço, o reconhecimento do direito dentro da observância da diversidade religiosa tem estado presente. A presença dos evangélicos apresenta-se de forma contundente e marcante nesse processo de reconhecimento.
CONCLUSÕES:
A pesquisa traz para o debate a discussão sobre a laicidade do espaço público escolar, apontando para uma laicidade relativa, ao mesmo tempo em que, dentro de uma gramática católica e presença evangélica apresenta-se marcante. Nas festividades dos Ciclos, o elemento religioso mostra-se através dessas atividades de cunho cultural, sendo o cuidado com a experiência a principal preocupação dos responsáveis pelas crianças, devido à exposição com os momentos ritualísticos das festas. O fenômeno religioso e o respeito às diferenças no espaço escolar, aproxima o diálogo entre a antropologia e o fazer educativo.
Palavras-chave: reconhecimento, diversidade religiosa, escola pública.