65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
MELIPONÁRIO DO JARDIM BOTÂNICO DO RECIFE: INSTRUMENTO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS
Valeska França Ferreira de Oliveira - Departamento de Biologia – FAFIRE
Jennifer dos Santos Sousa - Departamento de Biologia - UFRPE
Rosemary Ratacasso França Coimbra - Analista de Desenvolvimento Ambiental-JBR
Ladivania Medeiros do Nascimento - Dra./Analista de Desenvolvimento Ambiental-JBR
INTRODUÇÃO:
A utilização de aulas práticas é constantemente mencionada não apenas como alternativa, mas principalmente, como sendo uma necessidade para o ensino das Ciências Naturais. Nesse sentido, a escola poderá beneficiar-se do Meliponário como espaço “não formal” para complementação dos conteúdos abordados em sala de aula, buscando minimizar a dicotomia entre teoria e prática, uma vez que o aluno entra em contato com o objeto de estudo tornando-se sujeito ativo no processo de aprendizagem. Os artifícios visuais de uma aula prática permitem à aproximação dos conceitos científicos , geralmente tão distantes do educando, despertando nestes a curiosidade e o interesse pela investigação dos diferentes processos e componentes da natureza. Desta forma, poderão construir um aprendizado significativo agregando a funcionalidade dos conteúdos a seus contextos de vida diária.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem como objetivo mostrar às escolas que o Meliponário do Jardim Botânico do Recife (JBR) pode ser utilizado como instrumento didático para sensibilização ambiental, complementando os conteúdos abordados nos espaços formais de ensino e desmistificação de conceitos errôneos sobre as abelhas nativas brasileiras, visando à formação de sujeitos ambientalmente corretos.
MÉTODOS:
O trabalho foi desenvolvido no Meliponário do JBR, localizado no bairro do Curado, que ocupa uma área de aproximadamente 11,23 ha de Mata Atlântica. Basicamente, o público que visita o local é formado por estudantes de escolas municipais, estaduais e privadas participam de caminhadas ecológicas e exibição de vídeos com temas ambientais. Foi realizado agendamento para visita monitorada ao JBR de uma turma de 52 alunos do 6° ano do Ensino fundamental (10 a 14 anos) de uma escola pública municipal do Recife. Durante a visita, os alunos receberam informações sobre o hábito, alimentação, comportamento, importância ecológica das abelhas nativas para a natureza, assim como a diferença entre as abelhas nativas e as exóticas africananizadas (Apis mellifera). Em seguida, foram convidados a conhecer o Meliponário do JBR, que se trata de uma criação racional de abelhas nativas das espécies Uruçu (Melipona scutellaris), Jataí (Tetragonisca angustula) e Mosquito (Plebeia sp. ). Para finalizar a aula prática, os alunos confeccionaram desenhos sobre as experiências vividas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na apresentação do Meliponário, a maioria dos alunos negou aproximação, vindo à tona o medo instintivo das abelhas com ferrão (Apis mellifera). Este comportamento indicou que o conhecimento adquirido em sala de aula não foi suficiente para quebrar paradigmas preestabelecidos. Todavia, a curiosidade quebrou essa barreira e no contato, os alunos perceberam que não havia risco e passaram a observar de forma entusiasmada a estrutura interna dos ninhos, os arranjos dos potes de pólen, de mel, e as células de cria. O comportamento instintivo de repulsa aos insetos durante o momento de abertura das caixas não foi observado na maioria dos alunos, permitindo que as abelhas pousassem sobre eles. Costa-Neto & Pacheco (2004), afirmaram que a utilização de insetos em aulas de Ciências contribui para diminuir o preconceito e a repulsa associada a esses organismos. Nos desenhos, 67% dos alunos ilustraram abelhas sem ferrão e 52% reconheceram sua importância ecológica para polinização. Estes resultados corroboram as experiências de Pinheiro & Pugliese (2009) que afirmaram que aulas práticas com animais vivos possibilitam ao aluno construir, modelar ou reconstruir seu conhecimento em relação aos animais da maneira mais correta e positiva, estimulando o aprendizado e a mudança de atitude.
CONCLUSÕES:
O trabalho mostrou que aulas práticas que permitam o contato direto com animais vivos, neste caso, as abelhas nativas do Meliponário do Jardim Botânico do Recife, contribuem para despertar a curiosidade, o senso crítico, a afetividade com os insetos e o interesse investigativo dos componentes da natureza. Considerando a escassez de material biológico em ambientes formais de ensino, o Meliponário do JBR mostra-se como uma alternativa de um ambiente “não formal” para tornar as aulas de Ciências mais atrativas e motivadoras, uma vez que é um instrumento que não se limita apenas a observação das características biológicas das espécies, mas permitem abordar assuntos diversos, como economia, agricultura, manejo de produção e as inter-relações entre os seres vivos.
Palavras-chave: Aula prática, Abelhas nativas, Ambiente não formal.