65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
OS (DES)USOS NO CENTRO ANTIGO DE FORTALEZA/CE EM OFICINAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS
Felipe Silveira de Moraes Pereira - Centro de Ciências e Tecnologia - Curso de Geografia -Licenciatura - UECE
INTRODUÇÃO:
A produção do conhecimento geográfico sobre o espaço urbano tem-se realizado de modo a investigar as complexidades, contradições e os processos que resultam na produção da cidade (forma) e do urbano (conteúdo). As áreas centrais, neste debate, apresentam características tais quais enquanto locais de surgimento das cidades, em boa parte dos casos; mais dinâmicos quanto ao fluxo de pessoas, mercadorias e informações e com forte referencial histórico; grande concentração do patrimônio histórico, artístico e arquitetônico cuja degradação incide sobre a totalidade da cidade; espaço da conexão coercitiva, onde as normas reinam e com usos prescritos; é o lugar para onde todos se dirigem para algumas atividades e de onde todos se deslocam para outras áreas da cidade; concentrador de atividades e vazio de conteúdos. Discutir as estigmatizadas áreas centrais das metrópoles brasileiras – e neste caso Fortaleza/CE – merecem ênfase no que diz respeito às suas contradições: ambiente construído com infraestrutura e alto valor da terra urbana versus imóveis vazios e evasão de funções e moradores frente ao déficit habitacional. Como isso tem sido compreendido nas salas de aula universitárias, também, à construção do conhecimento geográfico e no reconhecimento da cidade onde os alunos vivem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Discutir a área central de Fortaleza/CE utilizando conceitos de espaço urbano, urbanização, habitação e área central a partir de oficina didático-pedagógica; reconhecer os (des)usos do Centro Antigo de Fortaleza/CE; problematizar as oficinas como instrumento de construção do conhecimento geográfico.
MÉTODOS:
Fruto da execução de um minicurso cujo título foi “Reconhecendo os (des)usos do Centro Antigo de Fortaleza/CE”, para a realização deste trabalho foram necessários a revisão bibliográfica recorrendo sobretudo a temas como espaço urbano, urbanização, habitação e área central e sua consequente discussão, além da aplicação de uma oficina didático-pedagógica com a finalidade de fazer as pessoas participantes expressarem seu entendimento quanto à dinâmica entre os quatro conceitos no movimento de (re)produção da cidade, especificamente da capital cearense. Na elaboração textual, ademais, os cartazes – materiais oriundos das oficinas – contribuem na reflexão desenvolvida, de maneira a apresentar mais nitidamente os resultados obtidos com esta prática, revelando o conhecimento geográfico produzido.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Quatro cartazes foram elaborados a partir da discussão dos conceitos elencados para o debate, cada um deles elaborado por uma equipe de quatro pessoas: o primeiro retrata o movimento dialético entre as categorias escolhidas, pondo a área central como o resultado deste decurso; o segundo apresenta uma dinâmica mais simplista, enfatizando o espaço urbano como elemento direcionador dos processos de urbanização e a produção habitacional e de uma área específica da cidade de modo unidirecional; o terceiro, por sua vez, tem os conceitos contendo alguns desenhos característicos das áreas centrais: edificações antigas, aspectos culturais, reforço do comércio e fluidez de transporte coletivo; o quarto, enfim, põe a habitação como produto da dinâmica dos três outros recursos, incorporando características da/na sua materialização: urbanização e desordem; espaço urbano e exclusão; área central e os fenômenos de (des)valorização da terra urbana. Em meio às diferentes formas de manifestação do conhecimento geográfico produzido, há de se ressaltar a relação desenvolvida pelas pessoas com os conceitos apresentados concretamente na (re)produção da cidade e, mais diretamente, de Fortaleza/CE.
CONCLUSÕES:
As discussões geográficas acerca das áreas centrais merecem maiores aprofundamentos, em face dos debates internacionais e nacionais sobre temas que as envolvam, no que tangem à problemática urbana, tais como a habitação e os imóveis vazios e os processos de reabilitação urbana, por exemplo. Frente à caracterização destes locais e aos conceitos utilizados, as pessoas construíram o conhecimento geográfico a partir das oficinas didático-pedagógicas sobre o Centro de Fortaleza/CE de maneira a aproximarem-se de suas dinâmicas específicas e de seu movimento na (re)produção do espaço urbano. No entanto, constata-se que embora seja necessário maior contato com esta literatura temática, ou seja, a problemática urbana ocorrida nestas áreas, sua disponibilidade ainda não é tão abundante. Por fim, destaca-se a importância e a oportunidade que instrumentos pedagógicos alternativos como as oficinas possam ser utilizadas na sala de aula, proporcionando os alunos alcançarem coletivamente a construção do conhecimento de uma determinada realidade, para que a possam compreendê-la em sua totalidade.
Palavras-chave: Espaço Urbano, Área Central, Fortaleza.