65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 6. Bioquímica
Avaliação dos mecanismos de ação anti-inflamatória dos polissacarídeos do fungo Caripia montagnei em modelo de inflamação intestinal em ratos Wistar
Marilia da Silva Nascimento Santos - Dep. de Bioquímica - UFRN
Joedyson Emmanuel de Macedo Magalhães - Dep. de Bioquímica - UFRN
Erika Cristina Pinheiro de Castro - Dep. de Bioquímica - UFRN
Thuane Sousa Pinheiro - Dep. de Bioquímica - UFRN
Iuri Goulart Baseia - Prof. Dr. - Dep. de Botanica, Ecologia e Zoologia - UFRN
Edda Lisboa Leite - Profa. Dra./Orientadora - Dep. de Bioquímica - UFRN
INTRODUÇÃO:
A colite ulcerativa, que juntamente com a doença de Crohn compreendem as doenças inflamatórias intestinais (DII’s), consiste em um processo inflamatório idiopático que envolve a mucosa do cólon e do reto, cuja incidência varia entre as populações. A patogênese da inflamação intestinal crônica resulta de uma disfunção da
mucosa intestinal resultante da produção excessiva de mediadores pró-inflamatórios que desencadeiam alterações do sistema imune. Os tratamentos atuais mais utilizados compreendem drogas como os aminosalicilatos que auxiliam a manter a remissão das crises, os corticóides que são utilizados durante os episódios agudos e os imunomoduladores. No entanto, estes tratamentos são frequentemente associados com efeitos colaterais graves e custos elevados. Assim, existe uma busca por compostos naturais seguros que possam contribuir para prevenção ou até mesmo para o tratamento dessas doenças inflamatórias. Estudos iniciais com o extrato aquoso de Caripia montagnei constataram seu potencial anti-inflamatório utilizando dois modelos de inflamação in vivo. Os polissacarídeos foram capazes de reduzir o edema inflamatório, reduzir os níveis de migração leucocitária, como também diminuir significativamente os níveis de óxido nítrico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente estudo foi avaliar a ação das glucanas de Caripia montagnei sobre os marcadores bioquímicos e imunológicos do dano colônico no modelo de colite induzida por ácido 2,4,6-trinitrobenzeno sulfônico (TNBS) em ratos Wistar.
MÉTODOS:
Todos os animais utilizados na fase experimental foram ratos Wistar submetidos à água e alimentação ad libitum em condições de iluminação controlada. Para obtenção dos polissacarídeos os corpos de frutificação do fungo Caripia montagnei foram lavados e dessecados a 40 ºC e, posteriormente, pulverizados. O pó foi delipidado (acetona, 24h por 2x) e, em seguida, os polissacarídeos foram obtidos por extração aquosa seguida por precipitação com etanol. Este extrato obtido foi analisado quimicamente por meio da análise de composição monossacarídica (Dubois et al., 1956), teor de proteínas (Bradford, 1976), Fenois totais (Singleton & Rossi, 1965), além das analises de infravermelho e RMN. A indução da colite foi realizada pela administração intracolônica de 30 mg de TNBS em 0,25 ml de solução de etanol a 40% (v/v) através de um catéter inserido no lúmen do cólon dos animais sob anestesia pela administração intraperitoneal de ketamina (80 mg/kg) e xilazina (10 mg/kg). Tecidos colônicos de todos os grupos foram retirados para analises microscópicas, macroscópicas, mieloperoxidase, fosfatase alcalina, catalase e citocinas. Os valores foram apresentados como média±desvio padrão. A análise da variância (ANOVA) e teste de Tukey-Kramer foram utilizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As dosagens revelaram que o composto extraído do cogumelo Caripia montagnei é composto, principalmente, por polissacarídeos (96%) e apresenta um baixo teor de proteínas (2,5%) e compostos fenólicos (1,5%). A composição monossacarídica mostrou a glicose como açúcar predominante. As análises de FT-IR e RMN mostraram que os polissacarídeos desse fungo são compostos por α e β- glucanas. Após a indução da colite foi observada a presença de lesões colônicas, como hiperemia e ulcerações. Nas análises histológicas também foram observadas a destruição da camada mucosa e um proeminente infiltrado de leucócitos. Os resultados mostraram que em todos os grupos tratados com as glucanas foi observada a redução das lesões colônicas. Tais glucanas reduziram significativamente os níveis de IL-6 (50 e 75 mg/kg; p<0,05), uma importante citocina inflamatória. As análises bioquímicas mostraram que as glucanas de C. montagnei atuaram reduzindo os níveis da enzima fosfatase alcalina (75 mg/kg; p<0,01) e mieloperoxidase (p<0,001), resultado corroborado pela diminuição do infiltrado celular observado microscopicamente. O aumento da atividade da catalase possivelmente indica um efeito protetor dessas glucanas no tecido colônico, confirmando seu potencial anti-inflamatório.
CONCLUSÕES:
Em conclusão, os resultados deste estudo demonstraram que as glucanas de Caripia montagnei protegem contra ulceração e inflamação colônica no modelo de colite induzida por TNBS. O seu efeito anti-inflamatório seria decorrente da redução da atividade das enzimas mieloperoxidase, fosfatase alcalina e aumento da catalase, bem como pela redução de IL-6, uma importante citocina inflamatória do tecido colônico inflamado ficando mais uma vez, caraterizado a ação imunomoduladora desse polissacarídeo.
Palavras-chave: Caripia montagnei, Colite, Glucanas.