65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia
INVESTIGAÇÃO DO EFEITO HEPATOPROTETOR DO EXTRATO BRUTO OBTIDO DO BOLDO BRASILEIRO (Plectranthus barbatus Andr.)
Joedyson Emmanuel de Macedo Magalhães - Depto. de Bioquímica – UFRN
Marília da Silva Nascimento Santos - Depto. de Bioquímica – UFRN
Thuane de Sousa Pinheiro - Depto. de Bioquímica – UFRN
Luíza Sheyla Evenni Porfírio Will Castro - Depto. de Bioquímica – UFRN
Allisson Jhonatan Gomes Castro - Depto. de Bioquímica – UFRN
Edda Lisboa Leite - Profa.Dra./Orientadora – Depto. de Bioquímica - UFRN
INTRODUÇÃO:
O boldo brasileiro, Plectranthus barbatus Andr., é um arbusto nativo da Índia presente em todo o território brasileiro. No Brasil, seu principal uso é no tratamento de desordens gastrointestinais, porém a literatura relata o seu uso no tratamento de afecções dermatológicas, dor e doenças do sistema genitourinário. A semelhança com o boldo-do-Chile (Peumus boldus Molina) faz com que seja difundido seu uso como hepatoprotetor, uma vez que a ação hepatoprotetora do boldo-do-Chile já foi elucidada. As folhas de P. barbatus encontradas no Brasil são ricas em diterpenos, como o coleonol e o foskolin, além de compostos fenólicos e óleos essenciais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Devido ao uso difundido entre a população como hepatoprotetor, resolvemos investigar a ação do extrato bruto do boldo brasileiro (P. barbatus) sobre um modelo de hepatotoxicidade.
MÉTODOS:
Nos ensaios in vivo foram utilizados camundongos Mus musculus, com dois meses de idade, pesando entre 25 e 30 g, oriundos do biotério do Depto. de Bioquímica da UFRN. Todos os animais foram mantidos a condições controladas de temperatura e iluminação, com livre acesso a água e alimentação (CEUA/UFRN 018/2011). As folhas da planta foram lavadas, secas e pulverizadas, sendo submetidas a uma extração aquosa. O filtrado obtido foi submetido a uma precipitação etanólica e posterior centrifugação e liofilização, obtendo-se assim o extrato bruto. Vinte camundongos Swiss, foram divididos em quatro grupos (n = 5). Nesse ensaio, os grupos foram tratados intraperitonealmente e após o tratamento receberam tetracloreto de carbono diluído em óleo de oliva (2,0 mL/kg), diariamente, por três dias. O grupo 01 foi o controle negativo; o grupo 02, o controle positivo; o grupo 03 foi tratado com 10 mg/kg do extrato bruto de P. barbatus e o grupo 04 foi tratado com 100 mg/kg do extrato bruto de P. barbatus. Dezoito horas após a última administração, os animais foram eutanasiados e o sangue foi coletado para avaliação bioquímica e porções de tecido hepático foram enviados para análise histopatológica. O método ANOVA foi utilizado para análise estatística.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A análise das enzimas hepáticas demonstrou que houve redução significativa dos níveis séricos de ALT, AST e GGT em nos dois grupos tratados, destacando-se a redução de 64% nos níveis de AST no grupo 04 e a redução em 70% nos níveis séricos de GGT nos dois grupos tratados. Além disso, os níveis séricos de bilirrubina foram reduzidos em 78% para o grupo 03 e 83% para o grupo 04. Dentre as citocinas avaliadas, observamos uma redução significativa nos dois grupos tratados para TNF, IFN-&gamma, IL-1&alpha e IL-6, destacando-se a redução de 75% e 79% nos níveis de TNF nos grupos 03 e 04, respectivamente. A redução nos níveis séricos das enzimas ALT, AST e GGT indicam que houve a diminuição do dano ao tecido hepático e aumento da taxa de regeneração do órgão, fato também observado na análise histológica. A queda de mais de 70% nos níveis de TNF demonstram o papel dessa citocina na inflamação, que leva a peroxidação lipídica e posterior necrose do tecido hepático.
CONCLUSÕES:
O extrato bruto do boldo brasileiro (P. barbatus) apresentou caráter hepatoprotetor, com redução dos níveis séricos das enzimas hepáticas (ALT, AST e GGT) e redução na expressão do TNF, além de outras citocinas envolvidas no processo inflamatório. A ação hepatoprotetora pode ser decorrente de ação antioxidante, impedindo a formação de radicais livres que iniciem a peroxidação lipídica e também com o aumento da taxa de regeneração do tecido hepático.
Palavras-chave: Hepatotoxicidade, Inflamação, Peroxidação Lipídica.